Eu tenho todos os motivos do mundo para não sair da cama. O mais importante deles, é que Gus está aconchegado a mim - na verdade agarrado, ele sabe que eu fujo de noite, para dar uma volta; coisa rápida, e se agarra a mim inconscientemente, com medo que eu saia e não volte.
outro motivo é o sorriso no rosto dele. sério, ele é lindo demais. tá babando um pouco no meu peito, mas eu já me acostumei com essa parte.Infelizmente, eu tenho compromissos, e queira eu ou não, preciso me levantar.
Tem um tempo que nós dois moramos meio alojados na clínica veterinária do Gus, depois de eu ter sido soterrado, e uma segunda ( e depois terceira ) avalanche ter quase devastado a montanha vizinha nos anos seguintes, decidimos arranjar um outro lar ( Bom, na verdade... a guarda florestal deu a entender que DERRUBARIAM nossa cabana a força se ficassemos ali, pois se acontecesse outro acidente, eles sairiam como culpados por terem nos deixados vulneráveis, já que na ocasião anterior me encontraram vivo depois deles terem desistido da busca, claro que eles não sabem que se eu fosse um humano normal, o final da história séria outro, mas enfim.. )
Nós fugimos para a nossa cabana sempre que possível, de preferência quando queremos ter momentos a sós ( aqui tem animais domésticos demais pro meu gosto, e eles são incrivelmente burros e delicados), mas a verdade é que faz messes que moramos na clínica e não encontramos uma casa, ou no caso, mal procuramos.Bom, EU procurei.
Suspiro olhando pras paredes mal pintadas ( foi o Gus, com toda certeza que passou tinta ali ).
Tento me desvencilhar aos poucos dele, e consigo.
São seis da manhã.
Coloco uma roupa formal.
Dou um beijo no Gus ainda dormindo.
Pois é, me olho no espelho improvisado do banheiro. estou ridículo, me sinto ridículo.
Me sinto um animal domesticado com uma coleira no pescoço, mas na verdade, eu só tenho a carteira de trabalho assinada agora.Sim, sim... depois de anos perambulando solto, preciso de dinheiro pra dar uma vida decente a nós dois, comprar um carro novo, uma casa quem sabe.
Esse pensamento me incomoda, eu amo minha vida " solta", mas Gus sempre sonhou com a casa com cerquinha branca, cachorros ( não, não mesmo) e CRIANÇAS...
Já estamos casados tem quase quatro anos, o assunto já surgiu e eu sei que Gus vai me chamar pra essa conversa logo. Os olhos dele brilham quando ele olha aquelas miniaturas de gente correndo feito loucas ou comendo ou caindo na rua.
E outro dia ele ficou tempo demais na sessão de roupa para bebês do Walmart.Acontece, que pra todos os efeitos, meu filho vai herdar uma alcatéia, e não sei o que seria pior. Dizer ao meu avô que vou adotar uma criança (porque só Deus sabe o que sairia de uma inseminação minha ). Ou dizer ao Gus que não quero adotar uma criança.
Porque a verdade é essa, eu não sei SE eu quero.
Nossa vida é quase perfeita.Bom, "era" quase perfeita.
Balanço a cabeça, com raiva,
eu não estou tendo pensamentos coerentes.Faz dias que não durmo direito, não me alimento direito, não transo direito e não me transformo tanto quanto antes porque agora nossos vizinhos nos vigiam o tempo TODO.
Quem dera eles fossem apenas homofóbicos, mas não... precisam ser fuxiqueiros também.Pego as chaves e vou para a caminhonete, dirigindo pela estrada, alguns quilômetros a frente, a pequena escola é onde eu trabalho agora.
Professor de biologia... quem diria ?É, e eu sou péssimo, eles não prestam atenção em mim, eu não ligo pra eles.
Enfim, não sei o que estou fazendo de errado, mas quando desço do carro e entro no prédio, tudo que eu quero fazer é voltar pra casa e enfiar meu pau muito carente no meu marido gostoso, mas olha só... eu também não poderei fazer isso, porque os animais da clínica sentem meu cheiro durante o sexo e enlouquecem, de verdade, beira a desespero. Na primeira vez que aconteceu os vizinhos chamaram a polícia achando que estávamos fazendo coisas como zoofilia ( haha, nossos vizinhos são ótimos! ).
Então faz dias que eu não transo com meu próprio marido, porque os animais que ele cuida são sensíveis e não estamos tendo tempo de subir na cabana porque sempre tem um bendito cachorro lá na clínica, ou gato ou lebre.
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A MONTANHA - PARTE II
WerewolfWill e Gus estão apaixonados, vivem uma vida ótima e quase perfeita na cabana deles. Até serem forçados a sair da tão adorada montanha e tudo sai dos eixos. Will não suporta deixar a vida antiga de lado e Gus não está pronto para se assumir. Pela p...