Aos trinta e dois anos Liam Dunbar já havia conseguido publicar dois dos livros. Se tornou um escritor razoavelmente famoso; não a ponto de ser reconhecido a todo momento na rua, mas o suficiente para encontrar os exemplares em cada livraria e banc...
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No apartamento as coisas não pareciam tão tensas como dias atrás. Como se uma bomba fosse explodir a qualquer momento, bastasse uma palavra ser pronunciada. Estavam mais amenas. Calmas, até.
Sem implicâncias
Sem se alfinetarem.
Não o tempo todo.
Embora naquela quinta-feira Marte aparentasse uma profunda tristeza; mesmo não expressando em palavras ou lágrimas. Algo que Liam notou, como se uma aura encobrisse o menino, se tornando mais densa a cada minuto. Uma silhueta que somente ele podia ver.
Algo que não conseguia explicar.
Com o filho daquele jeito ele não conseguia se concentrar em nada. Nem escrever, embora a inspiração fervilhasse em si. E se perguntou se aquilo era a preocupação que sua mãe sentia em momentos difíceis.
Talvez tenha sido a visita da Violet na outra noite. Ou saudades do pai; a ausência de notícias deixava Liam irritado. Ficou ali - parado na entrada - observando o filho. Marte assistia a um filme. Movia as mãos o tempo todo. Quando se aproximou um pouco mais Liam percebeu que ele revirava o celular velho entre os dedos. A tela trincada fragmentando seu rostinho em dezenas de pedaços.
— Quer ir à uma livraria depois de amanhã? — Ele indagou. Iria propor um dia antes. Mas imaginou que seria um bom jeito de puxar assunto naquele momento.
O Raeken franziu o cenho.
— para que?
— Não poderia só para comprar um livro? — O mais velho ergueu as sobrancelhas.
— Dá para fazer isso pelo celular. — O menino retrucou, esboçando um sorriso tímido.
— Certo. — O Dunbar murmurou. — Só para autografar alguns livros. Falar sobre o novo. Sair um pouco de casa.
Marte não estava muito certo sobre aquilo.
— Tem certeza? Quer mesmo que eu vá?
— Claro. — Liam pontuou.
Marte balançou a cabeça brevemente. Sem dizer mais nada. O que Liam estranhou. Esperava mais perguntas, mais porquês.
— o que está acontecendo?
O Dunbar insistiu. Via que o jovem acordou diferente.
— Nada. — Marte afirmou. Continuava a alisar o celular, quase como um vício. Os dedos traçavam os contornos, as rachaduras.
— Não parece.
Marte ficou encarando o pai por um tempo. Os braços cruzados, o pé batendo contra no chão, toda aquela insistência. Não queria passar oor chato. Mas também não queria ficar com aquilo entalado. Sem respostas. Se um não desse o outro daria.