As Ruas da Vida

Ptesco Ruas.

 Ir dormir era a parte mais difícil do dia de Ptesco, não conseguia eleger o maior culpado disso, os pesadelos eram fortes candidatos, mas o constante estado de alerta e sons sinistros da floresta também eram fortes candidatos. Já considerou seriamente sair à caça de todos os animais em volta de sua casa, o seu instinto lupino de Worgen gostou bastante da ideia.

 Mas no fundo sabia que era a ansiedade do que estava por vir, agora que tinha que dormir em casa, acabava sendo fácil se perder em pensamentos e preocupações, nunca se sabe quando alguém vai tentar se vingar no dia seguinte, ou se vai terminar o dia no porão de alguma casa no meio do nada, sendo torturado por informações. Ele era só um ladrão com um verniz de legalidade, não duvidaria nada se a Agência não se importasse caso alguém desse um sumiço nele. Antigamente Ptesco tratava disso ficando acordado o máximo que conseguia até ficar exausto e apagar na cama. Mas agora com Morgana ao seu lado não podia ficar correndo riscos assim, então chegava em casa as 8 e tinha começado a tomar poção do sono para ambos dormirem bem. Não gostava de perder completamente seus sentidos durante a noite, mas era o que tinha de ser feito, agora que não era mais um lobo vivendo sem consequências.

 Essa noite, porém, deixou seu remédio de lado, achou que apenas o sexo serviria para acalmar a mente esta noite, mas não serviu, passou a noite inteira sem conseguir dormir direito mais uma vez, pelo menos não teve nenhum ataque, se não Morgana teria acordado também. Agora os raios de sol batiam em sua janela fazia algumas horas, como uma mãe acordando o filho para a aula, Morgana já tinha descido para trabalhar em suas joias, o que indicava que provavelmente já eram 10 horas, tinha que chegar na Central da A.V.I.N¹ antes de meio-dia.

¹Agência Ventobraviana de Inteligência, órgão de espionagem das Forças da Aliança formada por Humanos,Anões, Gnomos, Elfos noturnos, Elfos Sombrios e Worgens.                             

 O ladino levantou do único jeito que sabia como, caindo da cama, a rápida sucessão de ações era o suficiente para deixar expulsar a lerdeza, claro que Ptesco não deixava seu corpo se chocar contra a madeira, se protegia com o joelho e rolava para o lado, isso era o que o acordava de vez. Finalmente de pé o loiro ia se vestir para viver a vida lá fora.

 Antes que puder vestir algo além de uma cueca o grito assustado de Morgana junto do som de algo se estilhaçando contra o chão invadem o quarto, ele salta para a porta em um piscar de olhos, abrindo-a com um solavanco e no processo sacando a curta faca escondida na maçaneta alavanca, correndo escada abaixo assim que o aço estivesse solto do pegador, o que levou pouquíssimo tempo.

 Entrou na sala a mil, pronto para saltar na jugular de quem quer que fosse, mas encontrou apenas a ruiva de joelhos no chão, avaliando o cristal que caíra, seu rosto agora olhava para cima, encarando o homem seminu ao pé da escada, bufando como um touro, de aço na mão e com todos os músculos tensionados. Ela se levanta, assustada.

"Aconteceu alguma coisa?!" Ela pergunta, já imaginando que seu marido tinha recebido alguma ligação carregada de más notícias.

"Ah... Não aconteceu nada, é só que, eu ouvi você gritar, e isso aí quebrando, achei que alguém tinha invadido a casa..." O ladino suspira com um misto de alívio e irritação. "Caralho... Eu tenho que parar com essas noias..." Ele se senta na escada, com as mãos na testa.

 Morgana se aproxima, abaixando para olhar seu marido nos olhos. Ela vestia sua vestimenta de maga, da época que era uma estudante do arcano. O vestido era longo, sua parte superior consistia em lilás cobrindo as costelas e braços até o antebraço, simulando um colete por cima do tecido branco que descia do pescoço e seguia até a barra da saia, algo simples, mas com certas proteções mágicas necessárias para se trabalhar com objetos arcanos, como gemas e cristais como os que ela vendia.