Aos 17 anos, Nestha Archeron achava que tinha chegado ao fim da sua história e ao começo de seu felizes para sempre.
Até aquela noite.
A noite em que tudo desmoronou.
A noite em que ela perdeu o controle durante uma curva e acabou caindo para f...
Tudo nele parou. O mundo pareceu travar e se refazer e estremecer quando ele olhou para frente e encarou aquela cama.
Porque ali, indo contra as probabilidades e as estatísticas, contra o maldito tempo...
Estava Nestha Archeron.
E o mundo pareceu ficar silencioso para observar enquanto ela piscava os olhos na direção de Cassian.
Aqueles olhos.
Cassian havia imaginado como seria vê-los abertos novamente durante anos.
Uma parte dele, aquela mais cética em relação a tudo, jurou que nunca mais veria.
Mas lá estava. Os olhos espertos o encarando.
Assim como o fizeram naquela noite tantos anos antes, numa época em que nenhum dos dois poderia sequer imaginar que tanto tempo depois estariam ali, se encarando novamente.
Cassian abriu a boca só para descobrir que não tinha palavras. Os olhos de Nestha Archeron tinham roubado todas. O fato dela abri-los, sozinha, tinha triturado sua mente e rasgado cada palavra que ele jurava conhecer.
Então ele não falou nada.
Nestha tão pouco.
Cassian não sabia se ela estava de fato consciente. Abrir os olhos poderia ter sido apenas um reflexo involuntário do corpo. Uma reação. Ele não poderia julgar todo o quadro médico de Nestha apenas por aquilo.
Tinham mil exames para serem feitos. Mil testes, mil ligações, mil possibilidades, mil chances e Cassian deveria levantar e correr. Correr e gritar por ajuda o mais rápido possível. Chamar toda a equipe de Neuro, avisar Feyre, começar a trabalhar.
Fazer algo — qualquer coisa — antes que Nestha fechasse os olhos novamente.
Mas ela o estava encarando. Sem parar.
E ele não conseguia se livrar da sensação de que, se se virasse, se por acaso se movesse, se sequer piscasse... Nestha fecharia aquela janela.
Voltaria para aquele lugar longe e inalcançável da inconsciência.
Cassian não podia arriscar a possibilidade.
Não podia sequer pensar porque , caso o fizesse, tinha medo de que se desse conta. De que percebesse que aquilo não era real, que não se passava de um sonho qualquer.
Então ele não se moveu.
E, no silêncio da noite, com as luzes de natal que Feyre havia pendurado reluzindo pelo quarto, Cassian e Nestha se encararam.
Como se cada segundo valesse pelos sete anos em pura escuridão.
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