+ 2 Coríntios 11:14 +

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Lágrimas desceram de meu rosto assim que pisei no quarto do hotel antigo e barato. Deixei meus ombros pesarem finalmente, depois de dois dias estando com Jack e Thomas, em um treino emocionalmente desgastante. Finalmente estava sozinha e não precisava mais fingir.

E sim, a tentativa de controlar ou transmitir meus poderes foi mais fácil do que eu havia imaginado. A varinha, talhada em um fêmur, apenas conduziu o que Jack disse ter sido um por cento de meu poder. Nós testamos em tudo, movendo latinhas, uma almofada, cadeiras, o sofá, e até mesmo fiz Thomas levitar. O jovem só fazia rir enquanto eu me preocupava em não deixá-lo se estatelar no chão de madeira. Mas como eu já havia mencionado, meu poder era forte demais para "sair" por apenas um lugar. Em meio as tentativas, consegui enxergar um campo translúcido, mágico, vezes rosa, vezes lilás, que me cercava, como se eu mesma o limitasse. Foi quando pude perceber o quão forte era, eu poderia ser uma bomba nuclear, dependendo de meu descontrole. E do mesmo jeito que me machuquei com os colares de ferro em Oxford, a aliança em meu dedo se agarrou a carne de tal maneira que fez pingar sangue no chão e tapete, me deixando apavorada. Eu era como um ímã, minha força gravitacional fazia isso.

"- Meu Deus, me desculpe. Me desculpe, não fiz por querer... Eu- Eu dizia sentindo a queimação em meu dedo. Eu segurava a mão, tentando esconder de alguma forma o líquido escarlate que pingava, o cheiro ferroso forte no ar, me fazendo tremer.

- Hey, Carlie... Está tudo bem. - Jackson segurava um pano úmido, tentando estancar o líquido e retirar o anel preso na carne. - É só sangue, não precisa ficar nervosa."

Tirei a aliança do bolso e a observei por um tempo na palma da mão. Eu tinha ficado tão assustada com o sangue, estava tão acostumada a me sentir mal ou culpada toda vez em que me machucava, por saber a tragédia em que poderia me meter. E essa cena se repetia em minha mente diversas vezes, sem cessar. Eu deveria pedir desculpas por ser um ser vivo, com sangue? Desveria pedir perdão pelo que eu sou? De repente a vida ao lado dos vampiros pareceu asfixiante demais. Eu já não sabia se, conhecendo essa nova vida, conseguiria voltar para tudo que deixei pra trás.

Avistei em cima de uma escrivaninha ao lado da janela, um antigo rádio e caminhei até ele. Me sentando na cadeira que fazia par com a madeira escura, tentei ligar o aparelho, girando os botões e tentando ver uma boa direção para a antena metálica. Estava tentando me distrair dos pensamentos destrutivos, os que me arrastavam ao inferno sem que eu percebesse. Tive uma longa conversa com meus novos amigos, desabafei sobre histórias que até mesmo nem Harry conhecia. No fim, Jack me deu a missão de tentar me afastar dos pensamentos que me faziam mal, pois isso poderia me levar a um descontrole, e bem, Thomas apenas odiava minha família e noivo, mesmo eu dizendo que as coisas já haviam se resolvido e que eu o amava.

Eu limpei o nariz com o pulso quando consegui achar uma estação de músicas e até fiquei feliz ao notar uma introdução famíliar. Comecei a tirar as botas, espreguiçando meus pés cansados. Mas quando as primeiras palavras da música foram cantadas, eu me sentei reta ao encosto da cadeira novamente. Foi como um estalo, e então uma lembrança antiga me atingiu, algo que não me recordava.

"Quando a paz como um rio, adentrar em meu caminho
Quando tristezas como ondas do mar rolarem..."


As lindas palavras cantadas abientavam a lembrança, turva, como todas da época em que estive doente. Era uma igreja, e Carlisle segurava minha mão, sentado ao meu lado no banco cumprido de madeira. Quanto mais eu tentava me lembrar, mais doloroso ficava. Tudo na face de meu avô indicava temor, tristeza, e eu tinha certeza que nada daquilo era provocado pelos humanos em nossa volta.

O Inferno De Carlie - (Crepúsculo)Onde histórias criam vida. Descubra agora