+ Diabólico +

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Eu estava obcecada. 90% do meu tempo eu passava falando sobre O inferno de Carlie. E nos outros 10% eu esperava que alguém dissesse algo pra que eu pudesse falar mais.

Vocês são muito safados, por Deus. Procurem ajuda!!!!! Um capítulo atrás do outro, pq vcs comentaram muito no anterior e isso me deixa animadah OBRIGADA

🔥⏰⚔️

Meu corpo estava quente, suando debaixo dos lençóis finos. Xinguei quando me levantei sobre os cotovelos, as articulações queimando, os músculos doendo como se eu tivesse feito um exercício pesado, durante horas. Me sentei na cama grande e branca, colocando os lençóis para o lado, observando o quarto escuro. Cinza, azul, vazio. O dia estava começando a amanhecer, e como todos os outros, eu tentava afastar as imagens perturbadoras de meus pesadelos. Mas havia outra coisa, outro incômodo. Uma dor nas têmporas, uma enxaqueca terrível, como a cereja do bolo. Uma ressaca, ótimo.

Penteei os cabelos pra trás, quase engasgando quando reparei nas formas roxeadas e amareladas nas laterais de minha coxa e cintura. Mas era alí, nas partes internas da pele, subindo até a virilha e depois para onde minha calcinha tampava, que estavam piores, alguns pequenos sinais de sangue pisado também estavam juntos. Senti o incômodo que não havia notado antes, quando sentei. Analisei meus braços, ombros e costelas, retirando a regata que eu usava. Caminhei até o banheiro, com cada osso reclamando, e me olhei no grande espelho. Lembranças da madrugada, muito recente, invadiram minha mente. Cada aperto, cada beijo e suspiro dado naquele banheiro. Passei o indicador por um hematoma pequeno e esverdeado ao lado de minha boca.

Dei um tapa fraco em minha testa. Como eu era burra, idiota, patética. Tinha sido o melhor momento de minha vida é claro, mas eu me odiei por ter sucumbido aos meus desejos, por ter deixado o álcool em meu sangue falar mais alto. Ainda estava com raiva dele, do homem que trepou comigo e depois foi embora, como se nada tivesse acontecido. Não importava, nada do que foi dito importava.

O inferno que eu era a única. Mentiroso.

Eu tirei a calcinha, entrando embaixo da água gelada, relaxando os músculos. Sabia que aqueles machucados não durariam até o fim do dia, em meu corpo, eu daria apenas algumas horas, e me certificaria de que ninguém me veria durante elas. Passei o sabonete com cuidado por minhas partes íntimas e depois pelo resto do corpo, tirando o suor pegajoso. Eu sai rápidamente, murmurando xingamentos infinitos para o desgraçado, enquanto me secava.

- Francês filho da puta... Quem ele pensa que é? - Eu sussurrei pra mim mesma enquanto saia do banheiro, segurando a toalha envolta em meu corpo.

- Me contento com o título de "seu amante". - Ouvi sua voz, sarcástica, e quase escorreguei no carpete quando parei de andar. Meus olhos arregalados o fitaram. Ele estava parado ao lado da cama, as mãos no bolso de uma calça jeans escura, azul. Uma blusa simples, branca e lisa, emolduravam seus ombros e peito. Lindo e jovem. Nunca tinha o visto tão casual, tão jovem. Quer dizer, Timothée usava jeans? Me voltei para seu rosto, os fios úmidos, os olhos distantes perdidos em meu travesseiro, que estava cheio de fios cobres perdidos. Seu sorriso ladino não combinava com o resto do rosto. - Nunca tinham usado minha nacionalidade como xingamento, eu achei bem criativo, na verdade.

- Pensei que tinha ido embora. - Eu disse baixinho, surpresa.

- Não sou do tipo que sai de fininho. - Disse baixo também, alguma mensagem rancorosa por trás. - Te trouxe algumas coisas. Precisa comer. - Os dedos indicaram a cômoda, onde tinha um saco de papel.

Então, senti o cheiro de algum tipo de pão, quentinho, em meio a seu perfume e ao meu. Não devia passar das seis. Eu pude sentir a preocupação em sua voz, bem no fundo, escondida. Timothée sempre falava sobre isso, sempre me forçava a comer mais do que eu queria, eu me pergunto se meu processo depressivo não era mais antigo do que eu inaginava. Mas agora, estava pior. Eu estava esquelética, feia, sem saúde ou vida. Será que ele ainda me achava bonita? Me encolhi, abraçando o corpo e apertando mais a toalha em minha volta, com vergonha.

O Inferno De Carlie - (Crepúsculo)Onde histórias criam vida. Descubra agora