Adônis

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 Helena pulou da cama assim que o despertador tocou. Arrumou-se com cuidado, visto que teria uma reunião de trabalho importante. Colocou um terninho alinhado de cor preta, com uma fenda do lado direito, discreta, mas sensual, e vestiu uma meia calça cor da pele. Para compor o figurino, resolveu arriscar um scarpin vermelho.

Terminou de se vestir e correu para o elevador, tomaria café no trabalho, pois não podia perder o horário de encontrar com o seu Adônis. Helena não sabia o nome do homem com o qual todos os dias se deparava no elevador, então, resolveu chamá-lo de Adônis. Era um gigante! Um verdadeiro deus grego! Tinha mais ou menos 1,90m de altura, os cabelos castanho curtos, mas que, com certeza, poderiam ser puxados com força, caso fosse necessário, ou seja, num momento de sexo selvagem. Já pensando em sexo, Helena? Acorda, mulher! Acorda mesmo! Mas como não pensar em sexo? Só de olhar para os olhos dele...uau...as pessoas dizem que "os olhos são as janelas da alma", concordo plenamente. Os olhos dele não eram nada sutis, ao contrário, quando ele a olha, revela tudo o que está pensando, me sinto completamente nua e à mercê de todos os seus desejos. Se os olhos são tudo isso, imagina a boca. A boca, Nossa Senhora! É até blasfêmia falar ou pensar naquela boca! Helena só podia ter fixado na fase oral, Freud com certeza explicaria, porque não conseguia parar de pensar como seria beijá-lo, e o pior, como seria acariciá-lo e chupá-lo. Chupá-lo? Helena parou por um segundo, só podia estar carente ao cubo; desde que levantou, todos os seus pensamentos envolvem o estranho, olhos, boca, pau...Precisava transar urgentemente. Essa tortura vinha acontecendo há quase dois meses, ou seja, nunca havia se masturbado tanto, sem falar dos sonhos eróticos em que acordava suada e excitada, tendo que recorrer ao seu velho amigo vibrador. Já, já, teria que comprar outro. E enquanto ela passava por tudo isso, o Adônis permanecia impenetrável, nem um "bom-dia" o cachorro dava. Parou diante da porta do elevador e, estarrecida, leu a placa que dizia: Interditado. Putz! Pensou desesperada, já estava atrasada para o trabalho, sem falar que não veria o seu Adônis, mas no momento isso era o seu menor problema, o pior era ter que descer dez andares de salto, mesmo para ela que malhava frequentemente, era a visão do inferno. Olhou novamente para o relógio de pulso, estava muito atrasada, não tinha saída, rendeu-se e se dirigiu para as escadas rapidamente, teria que descer até a garagem em tempo recorde. O celular tocou, e enquanto conversava com seu colega dando algumas instruções, acabou esbarrando numa muralha à sua frente. Deixou o celular cair e recuou, assustada.

— Droga! Desculpa... Eu não te vi! — Levantou a cabeça e paralisou.

— Correndo pela escada com o celular nas mãos é realmente bem difícil de ver o que está à sua frente!

Caramba! Tinha que ser o Adônis! O homem estava impecável, sem uma gota de suor molhando o rosto e Helena com certeza estava descabelada, suada e quase sem ar. Desviou o olhar e pegou o celular, que agora estava com a tela trincada.

— Merda!

— Mas, por que a pressa?

Ai, meu Deus! Levantou os olhos tremendo, que voz sensual é essa? Todas as áreas do seu corpo foram ativadas, os pelos eriçaram e, com certeza, molhou a calcinha. E agora? Abriu a boca mas nenhum som saiu. Não! Não é possível que agora que finalmente estava falando com ele, começaria a surtar. Vai, Helena! É só falar. Fala, mulher!

— É...eu-eu estou atrasada para o trabalho! — Sem mais palavras, passou por ele e desceu as escadas em alta velocidade, deixando-o para trás e sem uma resposta decente. Helena não entendia que nervosismo era esse que sentia quando ficava perto dele. Enquanto descia, recriminou-se pela besteira que saiu da sua boca! Como é que a pessoa diz "estou atrasada para o trabalho" e nada mais? Finalmente chegou à garagem e quando colocou a mão na maçaneta da porta, quase infartou, estava trancada! Se fosse um incêndio, já teria morrido queimada ou asfixiada! Parou ofegante e reclamou alto.

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