Casual

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Laura abriu os olhos e suspirou, cansada. Com um gemido, virou de costas, olhando para o teto do seu apartamento. Estava péssima... Há duas semanas recebeu um vídeo e não acreditou quando clicou nele e viu Alexandre, seu noivo, transando com a sua irmã. Ficou paralisada, chocada e, é claro, revoltada. Sabe quando os sinais estão ali, bem na sua frente, mas você não enxerga? Os olhares, as brincadeiras indiscretas e íntimas, as caronas para a faculdade, as comidinhas que ela tanto gostava, sem falar da porra do pacote que recebeu dos correios, com o seu nome e endereço, e que abriu na portaria passando uma das maiores vergonhas de sua vida. O porteiro não fez nenhum comentário, mas a cara dizia tudo. O que havia no pacote? Um cintaralho, um plug anal, algemas e um vibrador. Quando entrou, ambos estavam na cozinha, Alexandre e Larissa, conversando e rindo animadamente. Laura jogou tudo em cima do balcão e perguntou quem havia feito aquelas compras em seu nome. O olhar que os dois trocaram foi estranho, mas como era uma idiota, não percebeu nada. Larissa rapidamente disse que era dela, que o namorado pediu para fazerem algo diferente, então, ela colocou no endereço de Laura, já que na casa dos pais um deles poderia abrir. Ela riu, grande tola, e perguntou quem comia quem com aquele cintaralho, Alexandre desviou o olhar e saiu pela tangente sem comentar. Larissa disse que era só uma brincadeira e que talvez nem usassem. Brincadeira? Está de sacanagem? Depois de ver o vídeo, Laura sabia exatamente quem comia quem. Traidores!

Pulou da cama irritada e foi até o banheiro, abriu a torneira e lavou o rosto, recusando-se a enxergar o estrago que deveria estar. Limpou o espelho com as mãos e, por fim, viu o inevitável. Nossa! Estava horrível, cabelo desgrenhado, olhos inchados, olheiras, ou seja, uma verdadeira visão do inferno! Passou as mãos no rosto e, em seguida, fez um coque, tentando melhorar a aparência. Retornou ao quarto, pegou o celular e ligou para a sua melhor amiga.

— Marcela, o que você vai fazer hoje à noite?

— Laura?

— Sim, sou eu...

— Você dormiu comigo esses dias?

— Que eu saiba, não.

— Por acaso, fez curso de pós-graduação em falta de educação?

— Desculpe, amiga. Bom dia.

— Faz duas semanas que você não atende as minhas ligações e nem responde as mensagens! Tem noção do quanto eu estava preocupada?

— Desculpe... Eu...

— Sem desculpas! Nada de desculpas, mulher! Não quero desculpas, quero saber o que aconteceu. Porque pra me acordar num sábado às 8h da manhã deve ter acontecido alguma merda muito grande! Coloca pra fora!

— Terminei com o Alexandre.

-—Terminou de verdade ou terminou com a intenção de voltar?

— Não, realmente pus um fim ao relacionamento.

— Não acredito!

— Pois acredite! E tem mais: descobri, ainda bem que não muito tarde, que ele está tendo um caso com a minha irmã.

— O quê? Eu sabia! Eu sabia! Aquela sua irmã é uma cadela dissimulada! Sempre comendo pelas beiradas, se aproveitando de você e da sua ingenuidade. E aquele Alexandre, eu vou pegar ele e fazer picadinho! Já está na hora de inaugurar o meu faqueiro novo. Como você está?

Laura riu, triste.

— Ouvindo a música 'Going under', do Evanescence umas mil vezes.

— O quê? Pode parar com isso!

— Não se preocupe, eu descobri que a vida é boa demais pra perder tempo, ficando deprimida por causa de um cafajeste.

— Dois cafajestes! Sua irmã entra nessa conta, Laura.

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