Capítulo XV - Recomeços

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Naquele dia, mais tarde...

Sinceramente ela estava um pouco avoada, tanto que sua mente estava girando em torno de fatos que sequer se recordava exatamente... Ainda assim, precisava se contentar com eles e controlar o que era mais forte que ela mesma. Decidiu, então, rumar por outro caminho que seu cérebro pudesse carregá-la.

Rafaella sabia que estava tremendo, sua mente tentava analisar de forma incoerente todos os passos que a levaram até aquele local... Sua ótima infância ao lado de Bianca, seu irmão, primas e seus pais foram o início da linha de pensamento que lhe tomara. Depois disso a vaga memória dos tempos onde estava na pré adolescência, marcados com o primeiro beijo e primeira paixonite... O mero pensamento naquela causa a fez ficar rubra e deixar-se levar pela próxima gama. Veio então o ensino médio e suas aventuras que a escoltaram até a faculdade, seus amigos ao seu lado, amor, paixão, tesão... Casamento.

Piscou algumas vezes sentindo-se fraca novamente.

Ao mesmo momento em que sua mente deu uma breve acalmada e viu-se longe de tudo que sua mente insistia em gritar aos quatro ventos, algo tomou sua atenção... Acabou ouvindo um barulho na porta do aposento que se encontrava, três batidas ritmadas imprimiram urgência em cada som e a garota suspirou. Não tinha mais como correr do que estava acontecendo. Engoliu aquele desconforto enquanto ainda tentava lavar o rosto com suas mãos trêmulas.

- Carinho, por favor, abre aqui... - Pediu Bianca com uma voz fraca do outro lado da porta e a morena simplesmente alcançou a chave e destrancou. Não precisou mais do que poucos segundos para a mais baixa entrar no mesmo ambiente. - O que você está sentindo?

Naquele dia, mais cedo...

Naquele momento ficava pensando em tudo que estava passando, mal conseguia saber onde é que estava, respirou fundo e analisou seu próprio corpo por alguns instantes.

O enjoo bateu realmente forte assim que terminou de situar-se de si mesma, Rafaella segurou o cabelo de Bianca com força e a afastou de si com uma pressa que não parecia medida, logo passando a empurrar a garota pelos ombros para que pudesse se ver livre da mesma. A mais baixa fitou com curiosidade o movimento apressado da Freitas e, ao notar que algo estava acontecendo, se apoiou melhor na cama e deixou que a garota se levantasse correndo e caminhasse até o banheiro, em um pulo decidiu se juntar à ela com medo do que pudesse estar acontecendo.

Respirou fundo ao sentir o cheiro do que estava saindo do corpo de sua melhor amiga e levou a mão para tampar o nariz e a boca rapidamente, não seria de grande valia se acabasse no mesmo estado que a outra. Soltou o ar do corpo e piscou algumas vezes, enfiou o rosto dentro de sua blusa e levou suas mãos para fazer um carinho enquanto tratava de segurar o cabelo da garota e a deixava lidar com aquele momento. Puxou a descarga e viu Rafaella encostar suas costas na parede gelada.

- Alguém bebeu demais ontem, não é? - Questionou com um sorrisinho e colocou água em um copo de plástico que jazia sobre a pia. - Bochecha e gospe.

- Obrigada. - Disse somente para poder realizar o que havia sido pedido e cuspiu tudo novamente no vaso, tornando a realizar o ato mais duas vezes até encostar. - Sério, por qual razão eu bebo mesmo?

- Para comemorar que você se livrou de um marido babaca com um sotaque ridículo, que vai morar aqui e ainda assim continuar trabalhando e que eu realmente amo você. - Deu de ombros e encostou o quadril no gabinete sob a pia. - O que acha? Motivo o suficiente ou eu preciso achar alguns de verdade?

- Que a melhor parte é a última, gatinha. - Piscou em brincadeira e levou a mão para o cabelo, a fim de jogá-lo para trás e tirar os fios de seu rosto pálido. - De verdade, Bi... Eu me sinto no fim de um pesadelo.

Teoria dos Três Amores | RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora