Capítulo XVI - O final

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Ah... O Tempo. Ele realmente faz com que tudo aconteça de formas diferentes, cada segundo pode valer por uma década, cada década pode passar em um piscar de olhos... Dois anos podem passar muito mais lentamente do que deveria ter passado. Acontecer muitas coisas mais, mudar suas crenças, seus amores, suas verdades, até mesmo as pessoas que estão ao seu lado. O Tempo nem sempre é um senhor gentil, as vezes ele pode se tornar extremamente traiçoeiro e passar rasteiras que tendem a andar vagarosamente ou acelerar momentos de extrema alegria.

Claro que ele e o Destino andam juntos, como sempre andaram, carregando em seus braços o pequeno bebê mimado que pode jurar em sua pequena cabecinha que seus Desejos são maiores que tudo... Eles se complementam em suas vontades mais íntimas, em sua forma de reger o universo, mas algumas vezes o Tempo vem para simplesmente ajudar e mostrar a todos os presentes que precisamos aguardar, esperar realmente para que algo bom aconteça em nosso caminho. Que a próxima parada do Trem da Identificação pode ser exatamente o que você estava esperando e não tinha a menor ideia.

E como isso pode ser maravilhoso...

Bem, mas onde a história para? Por qual motivo ela deve ter um desfecho? Nenhuma história realmente tem um fim, todos os momentos vividos pelas pessoas, personagens principais de suas vidas, vão permanecer na memória de alguém e esta vai passar seus momentos para frente... Um personagem nunca tem seu fim no final de um livro, ele sempre pode ter algo que veio depois, um detalhe que poderá ser contado, uma vida que pode ser imaginada por milhares de pessoas ou pela única pessoa que veio a escrever o mesmo. Eles são seres imortais, vivem na imaginação de seus leitores e autores... Vivem na memória. E a memória de uma pessoa? Ah, essa pode nunca morrer.

Quando um pai morre, ficam os valores e lições que ele te ensinou, bons e maus momentos que podem doer ou trazer risos profundos... Quando um bichinho de estimação falece, ele deixa contigo todos os momentos de carinho, amor e cuidado que teve contigo, as coisas que aprontava e seus brinquedos favoritos, deixa aquela sensação de que falta algo, mas sempre vai estar lá... Quando um avô morre, um daqueles senhores diferentes do Destino, que amava, cuidava, incentivava, um avô que esteve presente em toda a sua vida e que te trás sempre lembranças maravilhosas sobre seu sorriso, as brincadeiras que fazia, frases que sempre falava, você pode ir às lágrimas somente com o mero lembrar... E essas lembranças, essas lágrimas derramadas, vão ser de dor, mas também de felicidade ao saber que pôde aproveitar cada momento vivido.

Já brincamos muito ao longo do Tempo, ao longo de histórias fictícias para um e verdadeiras para outros, para seus personagens que vivem unicamente ela, sobre as formas de se tornar imortal para a lembrança do ser humano, mas e quando o caminho se torna outro? Quando nosso maior medo, ao menos momentaneamente, não é a morte?

Rafaella estava sentada no chão de seu quarto enquanto as amigas a rodeavam, todas elas haviam já perdido o estado de embriaguez e as expressões mostravam que entendiam a gravidade do assunto, não era uma conversa qualquer sobre como o ex mais idiota que poderiam imaginar para uma mulher estava novamente tentando contato... Mas sim sobre algo muito maior.

- Sangue, fogo e labareda, Senhor! - Diz Gizelly rapidamente, seus olhos passando por cada uma das pessoas presentes na sala para depois recostar sua cabeça no ombro de Marcela. A mulher olhou de soslaio com a sobrancelha arqueada, mas depois de piscar algumas vezes, desviou o olhar. - Não consigo acreditar que isso tá acontecendo.

- Não é uma questão de acreditar ou não, Titchela - Disse Manu, baixinho.

- Eu me sinto perdida, honestamente não conseguiria imaginar isso, não agora. - Complementou Mari, que estava envolvendo sua mulher em seus braços enquanto a mesma parecia quase sumir no conforto dos mesmos.

Teoria dos Três Amores | RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora