Capítulo V - Uma noite

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Era fácil ouvir os gemidos altos ecoando por todo o espaço, era como se somente eles existissem no mundo, mas ainda assim era possível notar tudo que os corpos faziam para que pudessem ser extraídos. O morder de lábios foi o antecessor de algo que vinha tomando todo o seu corpo e parecia o anúncio do descontrole final, a cabeça jogada levemente para trás acompanhou o movimento da mão para segurar-lhe o cabelo, assim como o tremor que lhe tomou todo o corpo.

- Bianca... - Foi o final, somente a palavra necessária para que ela entendesse que a garota abaixo de si estava gozando e não precisou nada mais, nenhum movimento além do que fazia, não era necessário acelerar ou ter algo mudando em sua relação para saber que era exatamente o que a levaria ao orgasmo.

O afastar de si vindo pelas mãos que tentavam alcançá-la foi o que a fez subir e tocar seus lábios em um beijo cálido junto a um sorrir leve, antes de se deitar ao lado de sua garota. Bianca alcançou sua mão e beijou-lhe também as costas antes de abraçá-la para deixar que tivesse todo o conforto.

Era uma relação madura o suficiente para que fosse confortável mesmo sem aquilo, mas cada mínimo gesto só parecia construir ainda mais o que quer que estivessem vivendo. Sorriu e se moveu para ajeitar-se melhor sobre o corpo dela.

- Acho que eu preciso ir ao banheiro, amor... - Murmurou baixinho e ouviu um risinho leve sair dos lábios de Bianca. - Sério, para de rir, pô.

- Sei que sim, você sempre quer ir ao banheiro depois que a gente... - Não deixou que ela terminasse aquela frase, ela riu e ergueu sua cabeça para que pudesse beijar-lhe novamente os lábios. - Tão puritana...

- Para de ser chata, Venturotti! - Andrade disse no mesmo momento e tentou forçar-se para cima, a mão se apoiando no corpo de sua namorada para que fosse possível fazer isso. - A gente ainda tem que ir pra casa da Rafa.

- Mas a gente vai, assim que suas pernas pararem de tremer!

- Ha. Ha. Ha. Engraçadinha. - Fingiu um revirar de olhos antes de se levantar da cama de vez e caminhar até o banheiro, era uma necessidade estranha que todas as vezes desde que experimentou sexo pela primeira vez houvesse essa urgência de correr para o banheiro. - Amor, sério...

- Diga lá, minha pequena e dramática Prin.

- Tô falando que tá toda engraçadinha. - Bia se jogou na cama novamente e foi acolhida por sua amiga e namorada com os braços abertos e um beijo no topo de sua cabeça. - O ano tá quase acabando.

- Sim, seu aniversário já passou e quase é natal. Eu estou assustada com o fato que dois mil e dez foi tão rápido assim. - Comentou e começou a fazer um carinho leve sobre as costas nuas da namorada fechando os olhos. - Ano que vem tá quase aí e eu não aguento mais a pressão disso ai da gente precisar pensar na faculdade.

- Não quero falar disso de novo, por favor... - A voz veio baixinha, acuada. Andrade estava tendo essa pressão constantemente e mal sabia o que ela mesma queria fazer da vida, sua paixão maior era a dança e ela tinha noção disso, mas também sabia que estaria decepcionando pessoas se simplesmente ficasse fazendo isso e ignorasse totalmente uma "chance de ter um futuro certo". Honestamente a pressão era uma merda. - Eu preciso me arrumar para irmos pra Rafa.

- Vai lá, não quero o nenê bravo comigo por fazer você demorar. - Explicou e arrancou um riso de sua namorada, que conhecia tão bem a melhor amiga para saber que realmente ouviriam muito caso acabassem demorando para chegar. Elas iriam ter um encontro de casais para aproveitar que Genilda estava fora e Renato também havia ido para a casa de sua namorada.

Deu seu máximo para não demorar nada durante o processo de pegar uma blusa limpa e a calça de moletom, além de arrumar o cabelo depois do breve banho e calçar os sapatos. Seria péssimo chegar na casa de qualquer pessoa sabendo que estava com um cheiro que remeteria ao que acabara de fazer.

Teoria dos Três Amores | RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora