Capítulo XIII - Les changements

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Naquele dia, mais tarde...

Precisou levar a mão até o canto interior dos olhos, pressionando tanto que a dor a deixava com lágrimas nos olhos e a visão produzia pontos negros envoltos por vermelho e roxo, quando terminou sua contagem afastou a mesma e piscou algumas vezes. Não, não havia ajudado em nada. Era possível sentir que seus dedos tremiam no contato com a pele, então decidiu jogar o banco um pouco mais para trás, o máximo que conseguia e acabou notando que a mulher ao seu lado a fitava com preocupação no olhar.

- Rafa... Você quer que eu peça para a aeromoça trazer algo pra você? - Questionou e colocou a mão sobre a dela, apertando seus dedos e acariciando, antes de levar a mesma até seus lábios em um gesto de carinho. - Sabe que pode pedir qualquer coisa, eu estou contigo e não vou te abandonar.

- Eu sei que você vai cuidar de mim sempre, eu pude ver isso. - Sorriu usando todo o esforço que havia em seu ser, naquele momento o Autocontrole envolvia seu corpo em um abraço sereno. - Só estou com medo, sabe?

- Vai ser uma mudança para sua antiga vida. Eu entendo isso. - O sorriso terno apareceu nos lábios da outra e a mineira recebeu um carinho suave em seu rosto, até que as unhas deslizaram pelo couro cabeludo em um ritmo tranquilo, aproveitando o contato ela decidiu fechar os olhos e tentar relaxar.

Naquele dia, mais cedo...

A quantia absurda de roupas jogadas pelo chão, cama e dentro das malas ainda deixava Rafaella assustada. Não lembrava que havia trazido tanta coisa para sua viagem de lua de mel e muito menos que conseguia fazer tanta confusão com as coisas quando decidiram ficar por ali, sua mãe teria vergonha de dizer que havia criado sua filha naquele momento. Seu pai então? Milhares de vezes mais.

Da mesma forma que pensou naquilo acabou começando a espalhar mais roupas em busca de uma blusinha que precisava muito naquele momento, mas acabou decidindo por um vestido vermelho soltinho. Chegou no banheiro e sua constatação foi pior do que havia sido com o quarto, a quantia de maquiagem e outros itens soltos por ali era quase um absurdo, não sabia para que havia tanta coisa.

Ouviu o soar de uma batida na porta do quarto do hotel onde estava hospedada e começou a pular sobre algumas coisas para poder abrir a porta de entrada. Claro que para isso ela precisava passar primeiramente pela porta do "salão de banho", cruzar o local que chamavam de dressing, toda a parte salon e finalmente chegar na porta. Um homem trajado em terno estava ali e sorria de forma cordial.

- Bonjour, madame. Votre conjoint vous attend. - Avisou e aguardou uma resposta, depois de um breve "Oui, monsieur, merci." ele fez uma breve reverência com a cabeça e se afastou, deixando-a fechar a porta.

- Quando foi que eu comecei a entender e falar assim, pelo amor, tem nem base. - Balançou a cabeça e então entrou no quarto novamente para calçar seus saltos e pegar a bolsa.

Observou outros detalhes do quarto para ver se havia esquecido algo, não havia nada sobre a mesa de escritório, sofás, mesa de... Ah bem, ela passou a ignorar o restante da "casa", nem mesmo pensou na bagunça das malas ou no banheiro. Pegou o celular e observou as mensagens enviadas nos grupos, boa parte delas eram seus amigos mandando mensagens sobre estarem com saudades e contando alguma fofoca. Abriu somente a conversa de Manoela e enviou uma foto do que estava vestindo por um dos grandes espelhos, só para provocá-la com os, como a pequena chamava, "looks Brasil fashion Paris".

Puxou o cartão que utilizava para trancar e destrancar a porta, além de também servir para utilização de toda a parte elétrica, antes de abrir a mesma e fechar atrás de si. Deixou-se levar pelo longo corredor até que pudesse chegar ao elevador, parando para observar seu look novamente em um dos grandes espelhos que havia na curva e também sendo atraída para as plantas do solário, que lhe transmitiam tanta paz.

Teoria dos Três Amores | RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora