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A meio da noite, Chloe aventurou-se no corredor. Ela não podia dormir, muito em parte à preocupação que passava na sua mente como um loop. Ela não podia parar de pensar nele. O caminho para o quarto dele foi uma descoberta, nunca ali tinha estado durante a sua curta estadia. A porta no final do corredor estava entreaberta.

Maze: Porque não pára de sangrar?

Lucifer: Eu não sei, algo aconteceu antes de sair.

Linda: O quê Lucifer?

Lucifer: A estrela, ela piscou.

As três em uníssono: O QUÊ?

Lucifer: O meu peito apertou quando aconteceu, tenho a certeza que é um sinal do fim.

O fim? Chloe tentou perceber mais, mas sem ser alguns gemidos de dor do Lucifer ela não ouviu mais nada. Coragem Decker! Tu podes fazer isto! Ela bateu na porta, alto o suficiente até para ela se assustar.

No interior moveram-se e a porta abriu. Era a Linda. "Chloe!" Ela saiu para o corredor fechando a porta atrás de si. A Chloe não conseguiu ver praticamente nada do interior. "O que se passar? Precisas de alguma coisa?"

"O Lucifer? Ele está bem?" Ela pergunta.

"Sim, ele está perfeito." Linda mente, uma péssima mentirosa ela podia dizer.

"Ele está mal, não é?"

Linda olhou com alguma preocupação para a porta. "Ele já se deveria ter curado."

"Ele está a morrer?" Ela perguntou, não querendo deixar a oportunidade escapar.

"Tu estavas aqui enquanto falávamos?" Linda pergunta, não parecia num tom ameaçador.

"Eu ouvi ele a dizer que a estrela era um sinal do fim... isso quer dizer que ele vai morrer? É por isso que ele não cura?"

"Nós não sabemos."

"Eu posso vê-lo?"

Linda olhou para ela com curiosidade. "Tu queres vê-lo? Depois de tudo o que sabes?"

"Eu... ele... ele salvou-me e eu... eu estou preocupada com ele."

A Linda concordou. "A Maze não tem a máscara e ele não está coberto." Linda avisou antes de abrir a porta para ela entrar.

A Maze não tem a máscara? Assim que ela entrou percebeu o que Linda queria dizer, parte do rosto dela era desfigurado. Então ela olhou pelo quarto. A estrela, estava visível para lá da divisão que dava acesso a uma varanda panorâmica. A sua luz era suave e de alguma forma acalmou os seus nervos. Então ela reparou no Lucifer, ele estava deitado na cama rica e ornamentada. Tudo parecia da melhor qualidade, mas ele não estava a olhar para ela. Os olhos dele estavam fechados, Ella estava sentada junto dele tentando limpar mais sangue do seu braço e perna.

"Temos uma visita!" Linda diz.

Ella olha para ela. "Chloe!"

Então os olhos brilhantes do Lucifer estão nela. Ela ficou paralisada por alguns segundos. Por algum motivo o medo foi se desvanecendo. Ele parecia frágil e vulnerável naquela cama grande.

"O que fazes aqui?" O Lucifer perguntou. Ela não conseguiu ler o seu tom.

"Eu não conseguia dormir. Estava preocupada, a Ella disse-me que estavas ferido."

Ele sentou-se tentando esconder o seu gemido de dor. "Eu estou bem, não existe razão para preocupações."

Chloe deu um passo em frente. "Eu também queria pedir desculpa e agradecer-te."

"Não existe razão para isso." Ele diz desvalorizando as suas palavras.

"Existe sim." Ela tentou impor o seu pensamento. "Nada disto teria acontecido se eu não fosse tão parva. O que eu quero dizer é que devia ter ouvido o que tinhas para me dizer."

"Pois devias... vê o que fizeste!" A Maze diz com raiva aproximando-se dela. Linda ficou no meio das duas. "Nunca devias ter vindo aqui! Tudo isto é culpa tua!" Maze cuspiu acusações.

"JÁ CHEGA!" Lucifer rosnou. "Saiam!" Ele diz voltando a se deitar desta vez de lado.

As três mulheres/demónios começaram a afastar-se em direção à porta. Ella ia abordá-la, mas Chloe sussurrou um simples "Já vou.". Elas saíram e agora era apenas Lucifer ferido e cansado e Chloe ainda receosa em dar um pequeno passo.

Ela aproximou-se devagar. "Eu disse para saíres." Ele diz fazendo contacto visual com ela.

"Talvez eu possa ajudar." Ela diz. "Posso ver?"

Ele não deixou de olhar para ela. Ela deu um passo em frente, ele não a negou nem se mexeu. Apenas fechou os olhos quando ela estava mesmo ao lado da cama.

"Tu estás bem?" Foi a única coisa que ele perguntou.

"Eu estou bem." Ela sentou-se na borda da cama no mesmo sítio que a Ella ocupava antes. Ela tocou a mão dele. Ela olhou para ele estudando a sua reação, ele olhou para ela estudando a sua intenção. Ela deixou a mão dele repousar no seu colo enquanto olhava para as feridas fundas causadas pelo animal. "Eu posso coser." Ela diz olhando novamente para ele. Ela movimentou-se rápido. Na mesa de apoio havia uma garrafa de rum, uma bacia, toalhas e encontrou linha e agulha no meio de todas as coisas perdidas dentro de uma caixa de ligaduras. Ela colocou uma toalha e a bacia por baixo do braço e pegou na garrafa com o rum. "Eu vou ter de desinfetar, vai arder bastante." Ela diz.

Ele concorda.

"Aqui, morde isto." Ela colocou um pano na boca dele. "Não te mexas." Ela agarrou o pulso dele. "Vamos lá." Ela verteu parte do conteúdo da garrafa no braço. Ele gemeu de dor, ficou tenso, mas fez de tudo para não se retrair. "Já está." Ela diz limpando o excesso de líquido que ainda pingava do braço dele. "Vou começar a coser agora." Ela começou por desinfetar a agulha e seguiu aí. Cosendo cada dentada que ela podia identificar na pele irregular e maltratada do Lucifer. Ele foi gemendo ao longo dos seus avanços, mas nem uma única vez a afastou ou se afastou do seu toque. Ela levou isso como um bom sinal.

Era cada vez mais fácil olhar para ele e tocá-lo. Principalmente quando ela pensava que a aparência que ela conhece agora foi causada por queimaduras. Ela verteu novamente o álcool no seu braço e colocou a ligadura. Desta vez mais fácil e com menos protestos e tensão dele. "Estamos a meio do caminho." Ela tirou o pano da sua boca. "Só falta a perna, prometo que ficarás melhor depois disto." Ela diz. Ele apenas concordou tirando o pano da mão dela e colocando-o na própria boca. Ele estava pronto para continuar.

Chloe e o DiaboOnde histórias criam vida. Descubra agora