"A FELICIDADE DO FIM"
São tantos anos defendendo essas terras , ser um guerreiro azul não é só questão de sangue é quem eu sou.
Este ar seco e gelado que bate em meu rosto é como se fosse a morte me batendo a cada segundo tentando me levar.
Já se faz tanto tempo que não retornamos para casa que não me recordo como é deitar em minha cama, bem redonda e macia coberta por couro de leviatã ao lado da lareira.
Essas expedições diplomáticas são realmente cansativas, até para nós Guerreiros azuis! Aposto que meus soldados se questionam se valeu a pena ter se voluntariado, ter passado por tudo aquilo para viver isso.
Faltam apenas alguns dias para chegarmos em casa, sinto que meu corpo pede descanso, mas o que vejo a frente são apenas terras sem vidas, ainda me pergunto o porque não fiz igual aos outros moradores desse sul e migrei para o norte!
Os únicos sons que escuto a dias são os sons dos ventos e da minha barriga roncando de fome, já não comemos a dias e estamos chegando em uma situação crítica já que nada, exatamente nada cresce ou vive nessas terras amaldiçoadas por este frio.
Esses soldados me confiam suas vidas como se eu fosse um protetor indestrutível e sem medo, pelo contrário o medo foi o que me manteve vivo esses 45 anos. Deixe-me vê oque me resta de alimentação, uma batata... ah!
Não posso acender uma fogueira, entregarei minha posição, então comerei ela crua mesmo. Fico admirado como a fome é um ótimo tempero, comer batata crua é como comer neve. Esse regresso está mais complicado do que nossa partida, buscar ordem e paz pelo continente sul é fácil quando se sai com 20 soldados, agora voltar com vida dessas batalhas é outra história.
Eu estava decidido a descansar nesse momento, porém se não acharmos abrigo ou comida não duraremos mais de um dia, fora que estamos sendo vigiados e breve poderemos ser surpreendidos.
Levanto meu braço para o ar, assobio e indico a direção sul, meus soldados já sabem o que quero, todos se levantam e seguem a direção. Ao observar todos caminhando, tem alguns que nem vestes para esse frio estão usando. Percebo que os que sobrevivem sempre são os mais experientes, os mais jovens em sua maioria morrem!
Mesmo caso em meu grupo, apenas Salie voltou conosco como uma jovem guerreira, tomara que tenha sorte e abra sua mente para sair do sul, já estamos caminhando a dias e mesmo nós que temos um bom condicionamento, temos que descansar, o único problema é descansar onde?
Para qualquer lado que olho vejo um horizonte com esse branco de morte, esse frio que não só congela seu corpo, congela sua alma e suas esperanças de ficar vivo, mas não sei se estou vendo uma miragem ou aquilo ao meio da geada é um acampamento!
- pessoal vocês vêm aquilo a frente? Pergunto com receio, pois qualquer erro pode acabar com as nossas esperanças, sem bem que não existem se isso que vejo for uma miragem!
- olha, se você está falando do vilarejo a frente, sim, parece que hoje teremos lugar onde descansar, ah ah ! Acho engraçado e cativante otimismo do Broco, realmente ele consegue encontrar luz na escuridão, ainda bem que está vivo e conosco.
Estou tão cansado que minhas pernas se movimentam contra minha vontade, meu corpo parece ter mais vontade de ficar vivo do que eu mesmo... O caminhar seria longo até essa miragem, mas a vontade de descansar é tanta que cada passo se torna uma corrida!
- É realmente parece que estamos a salvos, um acampamento no meio desse inferno - digo aos meus soldados! o foda é confiar em quem irá nos receber, mas após tanto tempo juntos é só olhar na cara de cada um que eles sabem o que estou pensando. As cabanas de madeira e couro balançando pelo ar gelado parecem abandonadas, estranho é que as madeiras estão cravadas bem firmes no solo.
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O Guerreiro azul
AdventureVenha imaginar e viajar nessa jornada cheia de revira voltas!!! O livro narra os pensamentos e percepções de um guerreiro que vive em uma terra onde sobreviver é algo natural, ele perdeu sua família em um ataque quando jovem, e aos 45 anos ele rece...