O acampamento está todo destruído e fazem poucos dias que passamos por aqui, as luas que iluminam a noite fazem parecer de dia, o vento forte não dá trégua, graças ao vento o acampamento não foi soterrado pela neve.
Tenho que encontrar a barraca menos destruída, quanto menos o couro estiver remendado melhor vai ser para velejar na placa de gelo.
- essa não presta !
- essa também não !Aqui é uma boa! Está enterrada pela metade, vou desenterrando unsando minhas mãos, parece que o couro está ótimo para velejar. Essas madeiras estão boas para servirem de estrutura.
Você está aí ? Tá me vendo, ou me ouvindo? Há há ha.
Bom se for doideira da minha cabeça vou falar com a doideira, há há há.Tenho que partir esse tronco da cabana em três, uso meu machado para fazer o tal ato, que arma ótima, suas lâminas são tão afiadas que parece que estou cortando neve. Faço uma espécie de cruz com as partes que cortei, um na vertical e outro na horizontal, o couro cortei em formato de losango e o amarrei na estrutura, o terceiro pedaço de madeira fiz como se fosse duas plataformas para deslisar meus pés quando essa vela me puxar.
E aí gostou ? O vento forte vai me dar muita velocidade para cruzar o gelo.
Sabe porque é difícil viajar pela placa ?
É um terreno que tem mudanças constantemente em sua geografia, partes do gelo são mais finas outras mais grossas, cair em uma rachadura é morte na certa, o segredo quando se viaja em grupo é ficar em fila, ligar um no outro através de uma amarração de corda, caso alguma rachadura seja identificada e algum viajante caia na água gelada, cabem aos colegas pucharem a corda para evitarem do companheiro cair.
Outro perígo é o tão temido Juba gelo, uma espécie de fera que habita esse terreno, essas feras foram trazida pelos nortenhos, tinham como função puxar as carroças dos viajantes, além de servirem como montaria, os juba gelo eram animais de batalha, os guerreiros azuis da época colocaram os viajantes para correr só que cometeram o erro de não matarem as feras que ficaram enquanto os nortenhos fugiram. As feras tinham coloração esverdeada com Tons de vermelho em sua pele, seus olhos azuis claros e suas presas e garras eram grandes e afiadas. Nós os deixamos para morrerem no frio, isso era oque pensaram, só que não contaram com a capacidade de adaptação do animal que em poucos anos mudou até de cor e dobraram de tamanho.
Os Antárticanos da época de meu pai foram os primeiros a verem essa adaptação, eles caçavam os juba gelo para que eles não viessem mais para o sul e por muito tempo esse animal foi uma das nossas fontes de suprimentos, aproveitavamos sua carne, seus ossos viravam armas, sua pele e couro serviam de vestes, mas sair para caçar um juba gelo começou a se tornar sinônimo de morte, a fera passou a se adaptar ao nosso jeito de caçar, e dos três que guerreiros que saiam para caçar, apenas um voltava. Os Elderes perceberam que as feras já não procriavam muito e sua quantidade era insignificante para gerar alguma preocupação, com isso o combate a fera foi desconsiderado, digamos que se encontrar com um nos dias de hoje é sorte no azar, há há há !
Sorte pois você verá um espécie que está em extinção, azar porque você estará vendo sua morte.- então ou o viajante cai no gelo ou morre por um juba gelo ou se perde no deserto gelado para sempre.
Pronto! Esse troço tá feito, agora é ver se vai aguentar a essa ventania.
A luz do dia comeca a querer aparecer, parece que o dia batalha com a noite para nós agraciar com sua luz, dizem que para o norte o sol esquenta e da vida e que a lugares que ele castiga. O vento me agracia com sua direção para onde preciso.
Foi só levantar a armação que instantaneamente fui puxado, nossa que velocidade incrível, a estrutura tripida mas parece que vai aguentar.
Evilen, Jajá estarei com você!
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O Guerreiro azul
PrzygodoweVenha imaginar e viajar nessa jornada cheia de revira voltas!!! O livro narra os pensamentos e percepções de um guerreiro que vive em uma terra onde sobreviver é algo natural, ele perdeu sua família em um ataque quando jovem, e aos 45 anos ele rece...