História

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Quando acordei Raffael ainda estava lá deitado, sua respiração parecia pesada porém ele dormia como se não existisse mal no mundo, havia um pequeno sorriso em seus lábios indicando um sono bom.

- Filha - Meu pai falou abrindo a porta lentamente - Podemos conversar?

Eu assenti e me levantei tentando fazer o mínimo de movimentos possíveis para não acordar Raffael, quando sai de perto senti um frio, assim como ele se mexeu aparentemente me procurando.

Caminhei em direção a porta, me senti um pouco tonta ainda.

- Que bom te ver bem minha filha - Ele falou me abraçando, o aperto dele fez meu corpo doe mas não queria que ele parasse.

Passei minha vida todo sentindo raiva do pai que minha mãe, que na verdade não é minha mãe, me descrevia, porém o sentimento de nunca ter sido boa o bastante para fazer ele querer me escolher ou pensar em se preocupar comigo, sempre me senti mal quando via as outras crianças brincarem com seus pais ou falarem neles.

Em dias dos pais me sentia mal vendo as crianças fazendo cartinhas prós pai e rindo no dia seguinte contando como seus pais foram maravilhosos e fizeram várias coisas divertidas juntos.

- Eu tambem fico feliz por você está bem pai - A palavra era estranha para falar ainda, era doce e pegajosa na minha língua.

- Eu sei que ainda está bem cansada e precisa descansar mas eu queria conversar com você - Ele me soltou e olhou para os pés, parecia que ele estava incomodado com o assunto que queria dizer é era óbvio que estava - Tudo bem se não quiser falar agora, eu vou respeitar.

Mas eu queria saber, já estava cansada de não saber quem era meus pais, que sou eu, o que é o sentido da minha vida e quem era meu inimigo, já estava cansada de viver com uma venda nos olhos como uma ovelha indo para o abatedouro.

Eu andei até a cadeira que tinha no corredor, as paredes tinha um tom verde claro desgastado, as cadeiras era de ferro gelado, por algum motivo só percebi naquela hora que estava em uma camisola azul escuro quase preto e meias, fiquei pensando em que havia tirado minhas roupas.

- Eu quero saber, estou cansada de não saber de nada - Falei esfregando a barra da camisola.

- Foi a Kimberly - Ele falou parando na minha frente e apontando para minha mão.

A mesma estava toda arranhada e com nós roxos e vermelhos.

- Hannah - Ele sentou do meu lado - Pode ser bem difícil para você escutar tudo então desde que descobrir que era seu pai venho tentando te poupar de tanto sofrimento, o que você aparentemente não gostou.

- Não gosto de mentiras - Sussurrei.

- Igual sua mãe - Ele falou e eu virei encarando ele - Voltando, dês do primeiro dia que te vi sabia que alguma coisa em você era especial, mas quando descobri que era seu pai tudo ficou claro, lembro de ter passado o dia todo chorando, achei que você estivesse morta e essa dor sempre esteve muito aberta no meu peito então não soube como reagir.

Fiquei imaginando a dor, meu coração se apertava só de pensar.

- A verdade é que você é minha filha, irmã gêmea mais velha da Geovanna e você como seus irmãos é filha da Kimberly - Aquilo não me deixou chocada como naquele primeiro momento, agora sentia alívio, um alívio muito grande - Quando vocês nasceram sua mãe teve complicações no parto, e o Fábio era o médico responsável pelo parto e naquele dia ele entregou um bebê morto e disse que era você, nossa filha mas na verdade ele e Bárbara armaram para te roubou, aquele foi o pior dia da minha vida.

Abracei meu pai, os olhos dele estavam cheio de lágrimas e o meu também.

- Sua mãe nunca superou muito bem, todos ficamos abalados mas ela ficou muito pior, ela entrou em uma depressão muito grande, perder um filho é uma dor descomunal.

Queria poder voltar no tempo e ter livrado eles de todo essa dor, meu ódio por Bárbara ia aumentando.

- Quando descobrimos que você era nossa filha Kim quis correr e te encontrar, te abraçar e nunca mais te soltar, achei que ela fosse achar loucura a princípio mas não, ela não teve nenhuma dúvida mesmo sem te olhar, quando ela te viu a primeira vez tudo que conseguia fazer foi chorar, tive que segura-la para ela não correr até você - Aquela informação me pegou desprevenida, agora soluçava em meio as lágrimas - Sabíamos que você achava que Bárbara ainda era sua mãe e precisávamos que você soubesse a verdade antes de podermos finalmente te abraçarmos como seus pai.

Naquele momento Kimberly entrou no corredor, seu corpo estava rígido, seus olhos estavam fundos indicando noites mal dormidas, seus olhos estavam molhados e seu nariz vermelho.

Não pensei em nada, somente levantei e sai correndo de encontro a minha verdadeira mãe, tudo que conseguia pensar era no sacrifício que ela havia feito de não ter ido falar comigo na hora que soube a verdade, dos anos que ela sofreu achando que eu estava morta e de quando ela ainda sofreu tendo que fingir que não sabia da verdade.

Pensei em todos as vezes que me sentia deslocada na minha casa, achando que eu não fazia parte da família e que minha vida era uma mentira, de como me sentia incompleta apesar de sempre ter tudo, por que na verdade tudo era uma mentira bonita.

Sentia o amor invadindo meu peito, o peso da saudade, tristeza, desespero simplesmente voaram para longe como balões de gás hélio.

Me sentia em casa, finalmente me sentia na minha vida.

- Desculpa mãe - Falei assim que abracei minha mãe, a minha mãe, a pessoa que me colocou no mundo e sofreu por meu bem.

- Desculpa mãe - Falei assim que abracei minha mãe, a minha mãe, a pessoa que me colocou no mundo e sofreu por meu bem

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