Sensações não mentem.
"O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete."
(Aristóteles).
Tomei vários cafés durante a noite, esperei que as meninas dormissem para poder levantar, observei por muito tempo a chuva cair ao lado de fora da janela. Clima estranho considerando que ainda estamos na metade de março. Cheese ficou acordado comigo boa parte do tempo era como se zelasse por mim e minha segurança.
Como se fosse possível...
Houve uma hora que colei a cara no vidro da janela escutando uivos vindos de algum lugar. Não é possível que só eu escute isso e mais ninguém. Nessa hora Cheese levantou as orelhinhas e grilou seus olhos escondendo-se em baixo da cama. Tenho certeza que ele ouviu-os também.
Às duas da manhã liguei o computador procurando mais sobre mitologia, mesmo sem dormir ainda mantenho minha sanidade, disso não duvido. Mas me sentiria melhor se alguém acreditasse em mim. Além de um gato. "Lobos na mitologia" digitei e em segundos cinco resultados coloriram minha tela: Amarok, besta de Gévaudan, Hati, Peter Stumpp e Lobisomem. As fotos de pessoas sendo estraçalhadas e mortas me fazem bater com a tela abruptamente no teclado fechando-o.
Isso está passando de qualquer limite.
Aquilo provocou um pequeno barulho que tirou Juli de seu sono.
— A pai mais dez minutos ainda é cedo... — Ela murmurou e voltou a dormir por mais umas quatro horas antes de acordar zonza e me pegar ainda de pé tomando meu café como se tivesse acabado de sair da cama. — Bom dia, boneca. Credo que cara horrível que você ta em! Espera, passou a noite acordada?
— Eu? Não, claro que não. Porque eu faria isso?
— Nossa você mente muito mal, esquece que sei muito bem decifrar pessoas é? — Ela disse saindo da cama e rolando Miller da dela. — Acorda Wikipédia, Fey não dormiu a noite. — Deu um gritinho.
— Mas o quê? — Miller acordou com um susto e depois me encarou por um longo tempo. — Não consigo pensar tão cedo, alguém pode, por favor, fazer um chá de camomila com maracujá? Algo me diz que vou precisar.
Revirei os olhos em protesto. — Estou perfeitamente bem.
— Sua pele não, olha essas olheiras e cada dia mais pálida. — Ela me olhou de esguelha enquanto escovava os dentes. — Se eu te visse dormindo nesse exato momento diria por sua aparência que está morta e sabe que entendo disso.
Coloquei o sache de chá na xícara e entreguei a Miller que tirou da minha mão ainda mal humorada. Acordar mais cedo que o necessário não era bem sua praia, a não ser que estivesse ansiosa por algo.
— Deixou cair isso. — Ela se abaixou pegando um papel perto da porta e me entregando sem nem olhar seu conteúdo. Desdobrei com cuidado e prendi o ar surpresa.
Queremos
a
Banshee!
Levantei da cadeira surpreendentemente rápido e abri a porta fazendo-a bater, algumas garotas que estavam no corredor me olharam com cara de repulsa e continuaram conversando.
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A Maldição da Banshee
FantasySinopse: Fey é uma garota de dezesseis anos de idade que mora com sua família adotiva desde a noite da morte dos pais, três anos atrás. Depois do acontecimento ocorreu um fato incomum; os médicos afirmam que tenha sido resultado da experiência tra...