Será que foi um sonho?
"A sociedade não é a simples soma de indivíduos."
(Émile Durkheim)
— Mãe, você precisa mesmo ir à festa? — Segurei sua mão antes que ela me deixasse com aquela mulher loira que olhava de uma forma estranha. Analisando todos os meus movimentos com atenção.
— Tia Sofia vai cuidar bem de você, tem de se comportar. — Ela segurou minhas mãos entre as suas. Estávamos paradas em frente à casa dos Clarke, as luzes vindas dos postes de iluminações publica eram fracas, mas o rosto dela tinha uma iluminação inerente como se a luz própria servisse-a.
— Mas eu tive um pressentimento, não deveria ir. — Pedi chorosa, olhando Sofia na porta, ela não era como mamãe seus cabelos loiros não brilhavam como os dela. — Essa festa é mesmo tão importante pra você?
— Já falamos sobre isso Fey, não deve seguir o pressentimento, deve seguir a intuição. Só a intuição. — Ela inspirou e soltou o ar pesado. — Não é sobre a festa é sobre as pessoas que vão estar nela.
— O amigo do papai? — Perguntei desconfiada.
Olhei para o meu pai, ele tinha desistido de esperar no carro pela nossa demora. Quando ele chegou perto me senti completa, os cabelos dele eram muito parecidos com os meus e usava um elegante terno. Nunca temia as sombras, as sombras que o temiam. Ele sorriu, era um bonito sorriso apesar de não emitir aquela tranquilidade que minha mãe tinha.
— Está tudo bem? O que preocupa a minha princesa? — Ele se abaixou ao meu lado e tocou o meu ombro.
— Quero que cuide da mamãe. — A minha resposta os surpreendeu eu podia ver as rugas de confusão se formando em seus rostos.
— Sempre vou cuidar dela. — Ele franziu o cenho.
— Promete? — Senti que a paciência dele se esgotava quando consultou o relógio de pulso pela segunda vez.
Minha mãe me deu um último abraço e papai um beijo em meu rosto. Quando viraram as costas, senti um aperto como se estivesse os perdendo. Sofia chegou por trás e segurou meu braço. Pedia para que entrasse, mas estava concentrada queria escutar os cochichos de meus pais mesmo que de longe, como se uma derradeira vez.
— Acha que devíamos ouvi-la? — Papai pergunta.
— Não seja bobo Duane, ela é muito nova ainda, apenas uma criança. — Senti quando os pelos de meus braços eriçaram e um arrepio circundou meu corpo.
Foi então que meus sentidos normais voltaram a se "ligar" e comecei a escutar os pedidos da estranha loira.
— Vamos entrar querida aqui fora já está ficando frio. — A segui para dentro da casa e era bem mais bonita do que imaginava. — Eles voltam logo-logo. Pode ir brincar com Arth.
Soltei um sorrisinho não queria parecer uma criança rabugenta. Entretanto, eu sabia. Eles não iam voltar.
Arthur era legal, ele tentou me ensinar alguns jogos digitais, mas não era boa como ele e fomos jogar tabuleiro em seu quarto. O lugar era muito espaçoso em minha percepção, a cama era a mais fofa que eu já vira em toda minha vida.
— Fey? Fey... garota é sua vez. Tem de jogar o dado. — Percebi que estava segurando tão apertado a peça que ela marcou minha mão em vermelho.
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A Maldição da Banshee
FantasiSinopse: Fey é uma garota de dezesseis anos de idade que mora com sua família adotiva desde a noite da morte dos pais, três anos atrás. Depois do acontecimento ocorreu um fato incomum; os médicos afirmam que tenha sido resultado da experiência tra...