O epilogo que não é fim.
"Tenho um sorriso confiante que às vezes não demonstra o tanto de insegurança por trás dele".
(Johnny Depp).
— Ai caramba, isso dói! — Juli sibilou. Era a terceira vez em menos de uma semana que fazia a tatuagem símbolo da alcateia e por não conseguir controlar, ainda, o poder de cura; ela desaparece segundos depois de pronta. O'Connors explicou sobre aprender a curar aquilo que deseja e focar em deixar a tatuagem como uma cicatriz aberta. Mas parece ser mais fácil falar. Como hoje é lua crescente há grande chance dela finalmente fixar.
Depois da transformação ela se manteve afastada do trabalho, pois o cheiro de sangue provoca-a calafrios. Ainda não tivemos tempo de conversar sobre os inúmeros acontecimentos simultâneos passados, nenhuma conseguiu processar tudo. É necessário tempo e calma.
— Você vai sobreviver. — Assegurei rindo. O tatuador saiu deixando-nos sozinhas, se ele fosse um pouco esperto perceberia que repetiu essa tatuagem mais de uma vez, ou se percebeu preferiu ignorar e pegar o dinheiro.
— Claro, garota suicida, não é você que vai criar garras na lua cheia e ter todos os ossos de seu corpo quebrados e reconstruídos. — Juli respondeu ironizando, mas ainda não sabe sobre a escolha que me impuseram a respeito de sua morte ou vida em morte.
— Já falei que não gosto quando me chama assim.
Notei o silêncio vindo de um canto do estúdio de tatuagem. Miller permanecia escondida por trás das páginas de alguns livros.
— Mitologia nórdica, sério? — Pergunto lendo um dos títulos das capas.
— Minhas amigas são seres mitológicos, preciso saber o que me espera. — Ela me fitou.
— Achei que estava lendo jogos vorazes. — Juli fala.
— Já terminei.
— Mas você começou há dois dias!
— Sim. — Ela deu de ombros. — Ele é bom.
— Que seja! — Juliana revirou os olhos e pegou o celular para fotografar a tatuagem que por enquanto ainda se mantinha no pulso esquerdo. — Preciso atualizar meu feed. O que preferem na minha bio, emoji de lobo ou emoji de lobo e lua crescente?
— Como consegue usar das redes sociais de forma tão deliberadamente espontânea sem medo ou receio de ser mal compreendida? Xingada, difamada ou cancelada? Muitas vezes só por dar suas próprias opiniões em um lugar onde o diferente é estranho, o fora do padrão é irracional e mal visto. — Arie arqueja não se contendo.
— Am? — Juli para de digitar e encara-a.
— Você, posta fotos sem insegurança em ser julgada pelo que veste, como se porta, o que sente. Além dos erros gramaticais onde uma coisa mal digitada te torna burra ou analfabeta. E o livre arbítrio? Todos tem que ser iguais, pensar da mesma maneira. Um país democrático onde votos deveriam ser respeitados e divergentes opiniões ouvidas, mas em vez disso aqueles que pensam diferente são postos contra a parede e obrigados a se alienarem. — Miller havia explodido e punha seu desabafo pra fora falando sem parar. — Mesmo que seja uma escolha errada e que não faça o mínimo sentido. Já pararam para observar nossos representantes? São todos tão... Homens, brancos, héteros de meia-idade, que não entendem absolutamente nada de liderança politica e estão ali só para lucrarem no interesse próprio desviando importantes verbas de saúde, educação e segurança... Aquilo tudo tão comentado e questionado, mas pouco exigida, pouco colocada em prática. Nós não estamos nem de longe preparados para confrontos internacionais tanto em argumentos dos quais nossos "lideres" não são capazes de formular, quanto em armamento, podemos ver isso nitidamente nos jornais e reportagens em que a polícia não age porque as armas dos ladrões superam de variadas formas as deles. Os bandidos se locomovem em carros de luxo, aqueles que raramente um cidadão honesto e trabalhador poderá possuir. O que vai ser de nós? Futura geração filhos de trabalhadores oprimidos que perdem tempo de mais discutindo futilidades na internet e muitíssimo pouco tempo apoiando causas sociais ou se juntando puxando frente em protestos pacíficos para talvez, repito TALVEZ um dia garantir aos nossos descendentes um futuro de melhor qualidade? Em vez disso damos aos chefes de milícias o poder de decidir por nós quando os elegemos para altos cargos políticos. Vendemos voto, passamos pano, ouso dizer que alguns até lustram o chão fechando os olhos para palavras ditas e atitudes não tomadas ou incorretas. E depois temos que arcar com as consequências de nossos atos, e ela vêm. Sempre vêm. Desde uma cidade pequena – como a nossa. – onde os cidadãos buscam as promessas lhe feitas e são enxotados ou mal recebidos nas prefeituras que o seu dinheiro ajudou a construir, até nas grandes metrópoles já que as decisões efetuadas lá normalmente afetam quase sempre negativamente as pessoas com poucos patrimônios que são 85% da sociedade, enquanto a tão sonhada e desejada classe média alta comparada à qualidade de vida dos parlamentares são ínfimos pobres! Sem filtro. Para eles, somos apenas ratinhos de esgoto implorando pelas migalhas que tem o prazer de negar. Sabendo mais uma coisa, se nossos patrões advertem em nossas decisões porque não exigimos o direito de fazer o mesmo com os governantes já que somos nós quem pagamos os exorbitantes salários que eles mesmo tem o privilégio de decidir? Depois ainda guardam um difundido preconceito de quem somos, o que somos e como somos. A sociedade parece que só conseguem se unir na hora de julgar, oprimir ou tentar pelas outras onde nem tem o direito de meter o bedelho porque não lhes afetam a vida, não dizem respeito a tais. É incrível a capacidade do ser humano de se meter onde não é chamado e mais incrível a inda é a capacidade de se ludibriar com o que és dito, contado ou prometido acreditando veementemente que é algo possível ou uma verdade incógnita, quando na realidade não passa de distração, enganação para talvez futuramente se tornar um golpe de estado? O que diríamos frente a uma ditadura em pleno século XXI? Será que enfim abriríamos nossos olhos ou continuaríamos implicando com um acento gramatical, ou palavra empregada incorretamente na legenda de uma foto? Eu sinceramente não tenho a resposta, mas afirmo que seria impedida de opinar e morta se tentasse. Censurada, torturada ou esquecida numa cela vendo o sol nascer quadrado, como muitos outros que vieram antes de mim e se deus quiser como os que virão depois, digo isso em relação a ter uma postura critica e não aceitar menos do que merecemos. Gente que divide o mesmo pensamento e ambição por um lugar, que se importa menos em criticar e mais em espalhar conhecimento! Outro pensamento é; desde quando o bem precisou de armas para culpar ou vingar alguém? A época do apedrejamento passou há séculos, nossa arma agora deveria sem munida com sabedoria, esperança, altruísmo e tomadas de decisões bem calculadas. Não se pode usar de um 38 em uma mão e um livro na outra, a época de guerras religiosas e cavaleiros templários passou. Devíamos aprender a vivermos com respeito entres raças, etnias, países, escolhas, sexualidade, padrões de beleza inalcançáveis que existem somente na imaginação esses estereótipos de gente perfeita porque no final somos todos pessoas, todos seres humanos. Mas na internet é comum prezar por coisas assim e passar horas do tempo atacando outros por discordarem de opinião. EU NÃO CONSIGO, SIMPLESMENTE NÃO DÁ. Por esse motivo admiro você, consegue viver em meio a essas redes naturalmente sem deixar que isso afete sua saúde mental. É algo quase que inacreditável!
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A Maldição da Banshee
FantasySinopse: Fey é uma garota de dezesseis anos de idade que mora com sua família adotiva desde a noite da morte dos pais, três anos atrás. Depois do acontecimento ocorreu um fato incomum; os médicos afirmam que tenha sido resultado da experiência tra...