Prólogo

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"É bom ter pessoas que se preocupam com você. Significa que se importam. É assim que você fica sabendo que são bons amigos."
(Cidade do fogo celestial - Cassandra Clare).


— Pare de andar de um lado para o outro, isso me da nos nervos. — O irmão, que estava sentado abaixo do filtro dos sonhos pendurado no canto do quarto, disse irritado.

O estresse do garoto não era de menos. Depois do acontecido as últimas noites foram um inferno na terra para ele. A consciência mantinha seu cérebro acordado trazendo junto uma sensação de culpa. Mesmo tendo treinado durante meses, tudo que fizera tinha sido errado e perder o controle daquela maneira foi perigoso. Podia ter matado a garota.

De tanto pensar estava inquieto. Lá no fundo do coração cultivava uma ponta de ódio do irmão que só fazia florescer cada vez que o mesmo tentava acalma-lo. Ele devia ter contado. Assim como o irmão fez com os amigos anos atrás, inclusive com o irmão dela. Ah, se soubessem como desejou por isso...

Mas como podia? Depois de todas aquelas mortes, revelar a alcateia para um estranho só reforçaria as suspeitas de que sua família era a responsável pelos incidentes.

O irmão dela. Assim que chegasse iria tentar mata-lo! A cada minuto que passava a ideia de pedir para ir chama-lo se tornava cada vez mais desenxabida. Entretanto, ela já estava "desaparecida" há umas vinte horas, não podiam correr o risco de ele acionar a polícia local. Aquele delegado estava a algum tempo desconfiado deles. A situação atraia cada vez mais empecilhos.

O garoto afundava o chão em pensamentos, a cabeça conturbada. Acreditando carregar todo peso em ser a vergonha da família nas costas. Ele era o único com dezesseis anos que ainda não controlava as transformações. Fazia três anos que tentava. Os irmãos foram verdadeiros prodígios com isso, depois de míseros meses.

— É fácil pra você falar. — A voz soou quase que desesperada. — Controlou essa merda com quantos anos? 12? Em duas transformações?

Não obteve resposta. Os dois sabiam que não havia o que argumentar.

Era a primeira vez que aquilo acontecia com ele. Matar alguém. Matar alguém inocente. Quase matar alguém inocente. Ela.

Olhando para a cama, observa o peito dela, subir e descer com a respiração pesada. Aguçando os sentidos, escutava o coração bater praticamente falho. Franziu o cenho. Já era para estar melhor que isso.

— Ah pelo amor de Deus você é um lobo! E tem medo do irmão humano dela! — A irmã gargalhou, se levantando do lado da cama. Tinha se ajoelhado para checar a temperatura.

Mal sabia ela que aquele irmão humano faria qualquer coisa para proteger a irmã. Nem que isso exigisse ferir ou torturar aqueles que ousassem se aproximar dela.

— Parem de zombar com o irmão de vocês, não veem que ele gosta da menina? — A mãe entra pela porta trazendo uma bandeja de remédios e chás. — Ela é um ser sobrenatural, sua energia é tenra, mas existe.

Isso explicaria o eco que seu grito provocou nos ouvidos deles, no domingo, dia da segunda morte. O som fez com que os ainda transformados e sobre efeito da lua voltassem imediatamente à forma humana. Talvez seja por esse motivo que acabou no meio disso tudo. Há então uma possibilidade de ser ela a mulher que os rivais procuram avidamente por Obsidiana. Todos pensam o mesmo, mas ninguém ousou dizer em voz alta.

— Como não sentimos suas vibrações? Como o alfa não sentiu? — O irmão pergunta inquieto, pondo a cabeça nas mãos.

— São lobisomens jovens e um alfa recém-formado ainda não tem conhecimento sobre todo seu poder. Eu teria sentido que ela era diferente se vocês tivessem-na trazido a mim antes disso.

A Maldição da BansheeOnde histórias criam vida. Descubra agora