Tantas dúvidas.

3 1 0
                                    


Tantas dúvidas.

"Nunca duvide que um pequeno grupo de pessoas conscientes e engajadas possa mudar o mundo. De fato, sempre foi assim que o mundo mudou."

(Margareth Mead).

Subindo... subindo... Um uivo na noite. Meu coração palpita desesperado como se fosse sair do peito a qualquer momento. A lua é cheia e minha única fonte de claridade até surgir uma luz, ela é forte, quase cegante me afasto procurando um lugar coberto, um lugar em que possa me esconder disso. O ambiente muda, ainda é noite estou no pátio da frente. Consigo escutar distante uma briga do que me parecem ser cachorros. Ha um sentimento, ele consome tudo que tenho em mim, me deixa sem conseguir respirar. Meu pulmão dói. Dói de mais. Uma coisa incomum. Meu estomago queima e uma tosse sobe por minha garganta me fazendo cair. Me fazendo ficar no chão, mas algo está vindo, posso sentir em meus ossos. Tento ficar em pé. Sem sucesso me arrasto em direção a porta. O vento balança as folhas das palmeiras. Tem um barulho se aproximando das sombras, agudo e alto, me obrigo a tampar meus ouvidos cada vez mais apertados. Mais e mais apertados. É inútil.

Grito.

Grito cada vez mais desesperadamente, não consigo controlar, a respiração pesa, entretanto continuo. Está se aproximando, vai me pegar eu sei que vai. Minhas mãos estão molhadas de sangue que escorre de dentro de minha cabeça, a luz continua me obrigando a ficar de olhos fechados.

Então o silêncio vem. Tudo cessa. É noite, abro os olhos, não há luz. Minhas mãos estão limpas. O galo canta; uma, duas, três vezes... antes dos primeiros raios solares chegarem à Terra, levanto os olhos, o sangue escorre pelo mastro da bandeira.

O ar volta para meus pulmões e a calma começa a invadir meu corpo, recupero a consciência.

Estou sentada na cama no quarto da escola, tremendo. Arie me olha segurando nos meus ombros, desolada.

— Fey...

— Tudo bem. — Digo. Coloco os pés no chão e o frio sobe por mim. — Que horas são?

— Seis, o dia está começando a chegar. — Vejo um copo de água no lado da cama, será que esses sonhos estão ficando tão recorrentes assim? — Pode voltar a dormir se quiser, é sábado.

— Você vai? — Pergunto encarando Cheese que retribui o olhar.

— Não, estou ocupada com a pesquisa de história. — Vejo o computador sobre a mesa. — Já fez a sua?

Ai, merda. Esqueci-me completamente disso, a semana parece que passou em um piscar de olhos. Lavei a cara na pia do banheiro e voltando ao quarto me abaixo para tirar a foto deles da segunda gaveta do criado mudo. Observei seus traços pela milésima vez.

— Eles eram muito bonitos. — Miller diz com a mão em meu ombro. — Vai ser uma história e tanto.

— Não. Não vai. — Suspiro. — Quando eles morreram parece que eu tive um tipo de bloqueio com minhas lembranças e os primeiros 13 anos de minha vida são um borrão.

— Sinto muito.

Porque as pessoas dizem que sentem muito? Elas não sentem. Eu não sinto e me odeio todos os dias de minha vida por isso. É ridículo.

Respire... Miller só está tentando ser legal, não seja ranzinza.

— Vou enviar um e-mail para Sofia e esperar que ela me fale sobre seus pais, avós, tataravós e como seus antepassados a séculos atrás trabalharam para alguma realeza. — Disse me sentando e abrindo o laptop para começar a digitar.

A Maldição da BansheeOnde histórias criam vida. Descubra agora