Epílogo

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Oikawa Tooru sempre pensou que a liberdade requeria atos grandiosos e extraordinários, porém com o tempo ele aprendeu que a verdadeira liberdade podia começar com gestos pequenos como sentar ao redor de uma fogueira com pessoas queridas, poder pegar a comida com as mãos e rir sem precisar controlar o volume da própria voz. Ou outros não tão pequenos assim, como se permitir amar e ser amado, livrar-se de rótulos e pré julgamentos, dar uma chance a si próprio e descobrir dentro de si uma força que nem ele mesmo sabia que tinha.

Oikawa se sentiu livre quando, após tantos treinos longos e exaustivos, notou seu corpo ficar tão forte quanto o de qualquer alfa e seu manejo com espadas e outras armas ficar tão preciso quanto do próprio Iwaizumi. Quando ele derrotou o parceiro pela primeira vez, deixando-o jogado na terra, sujo, machucado e ostentando um sorriso orgulhoso, a sensação foi inexplicável.

Ele se sentia livre sempre que, montado no cavalo e sentindo o vento acariciar seu rosto, olhava por cima do ombro apenas para ver a alcateia que agora tinha mais de cem pessoas, a maioria ômegas que ele tinha salvado. A alcateia que ele e seu alfa comandavam juntos como iguais e que era conhecida por isso: por ser liderada não só por um alfa, mas por um ômega também.

Tooru sentiu-se livre quando segurou o primeiro filhote nos braços e acompanhou seu crescimento diariamente, vendo-o ficar cada vez mais parecido com Hajime, alfa da cabeça às pontinhas dos pés, mas teimoso e determinado como o próprio Tooru. Um alfa com a sua personalidade? Esse garoto vai conquistar o mundo um dia, Iwaizumi lhe disse uma vez e ele não podia discordar.

Sempre que sentia Hajime sussurrando seu nome em seu ouvido como se fosse alguma prece, quando ouvia a risada gostosa de seu filho estendendo os bracinhos para ganhar colo do "papa" ou quando tocava a barriga que já começava a ficar saliente de novo, apenas para sentir uma nova vida sendo gerada ali, Oikawa sentia-se tão livre que não sabia explicar por que tinha passado tanto tempo aceitando menos do que aquilo.

Como um príncipe, Tooru não tinha percebido que sua prisão ia além das paredes douradas do palácio e das garras do irmão, mas tinha também se enclausurado dentro de si mesmo, como uma lagarta em um casulo. Bastou a ajudinha de um certo selvagem para que ele finalmente pudesse ser o que sempre tinha sonhado: livre. 

Petrichor (iwaoi)Onde histórias criam vida. Descubra agora