O relógio bateu, três da manhã.
Dazai estava habituado a passear de noite, a sair e não voltar, a abandonar sem reconsiderar.
Cabelos loiros longos que escorriam com cascatas pelos ombros, um dos olhos da cor do mar e o outro da cor do mel. Era uma mulher bonita, com apenas 20 anos de aparência mas experiencia de muitos mais, ela era a tão fala Morte.
As cartas de tarot sempre fascinaram Dazai e ainda mais Chuuya. Dazai tinha curiosidade de como alguém poderia ter a frieza de olhar alguém nos olhos e despejar-lhes os aspetos gerais da sua vida. Já Chuuya que era um filho do vento e do fogo, sempre foi fascinado pelas ciganas ou bruxas que as liam, mas, apenas teve oportunidade de consultar 2 delas. Mas não era o futuro que lhe interessava, era apenas a sabedoria que elas passavam, a sensação de verem tudo aquilo que mais ninguém vê em ti.
Ochaco era apenas mais uma identidade roubada, mais uma vida ceifada.
Sabem o quão fácil é ressuscitar um morto?
Basta que se reassine uma revista, ou que se recupere uma conta bancária alegando que tinha sido um erro de nomes e contas. Tudo é simples demais para uma pessoa que controla tudo e todos. O futuro é a única coisa que será sempre uma incógnita para o presente.
No entanto para as ciganas que todos os dias leem o futuro nas mãos dos desconhecidos desesperados é apenas mais uma pedra no curso da vida.
Mas afinal o que faríamos sem uma incógnita ?
O que seria da nossa vida sem nada? Um vazio, uma existência sem objetivos, razões ou ambições?
Dazai e Chuuya não tinham noção das consequências dos seus atos, pois, na realidade, eles foram ensinados a causá-los e depois resolve-los. Mas a manipuladora de vidas tinha outros planos.
Dazai, a sua obra prima, a sua tela em branco, manipulável e jovem. Mas Ochaco sabia do seu futuro, dos seus erros e tentações. Então foi quando o Deus do Fogo retornou à terra que ela o deixou seguir o seu mapa.
No entanto o seu rasto de destruição ainda não estava acabado.
Foi numa noite nebulosa, os sinos da igreja bateram 3 vezes e então 3 vozes foram ouvidas. A deusa da Morte e o Deus do Fogo se viram pela primeira vez.
Ochaco só cometeu um erro no seu plano perfeito, subestimou as capacidades de Dazai. Ela pensava que Mori utilizava Osamu como seu brinquedo, uma peça descartável de um bem maior, por isso, ficou chocada quando Dazai rasgou o seu plano perfeito.
Não mais humano, Dazai, era um humano a tentar chegar à patente de Deus.
Noutra perspetiva Chuuya era um Deus a brincar aos humanos.
Ochaco não aguentou, a força daquele duo, a sua dinâmica, a sua versatilidade, Dazai e Chuuya eram o Diabo e o seu ajudante, só que nunca ninguém percebeu qual deles era o melhor.
A Deusa da Morte observava Chuuya para o matar, quem quer que se mete-se no seu caminho deveria ser descartado, mas Nakahara era astuto e leal, nunca deixaria que Osamu se encontra-se com ela sózinho, ele tinha noção que apenas Dazai seria capaz de preencher a falha no seu poder.
Ao ouvir dois passos em vez de um, a sua raiva cresceu, no entanto uma Deusa nunca se deve ajoelhar ao nível dos humanos.
Controlou a raiva crescente, e sobe a Lua nova desceu pela primeira vez em milénios ao nível dos pecados sujos dos humanos.
Nakahara, aproximou-se gradualmente dela, fê-la descer ao nível dos humanos, e depois disso a Dona da Morte nunca mais conseguiu voltar ao seu reino. Nakahara era um Deus a brincar de humano, e com tudo isto conseguiu a atenção da Deusa só para si.
O nome da Deusa da Morte é desconhecido, no entanto com a sua facilidade em trocar de vida, de corpo e de personalidade isso é irrelevante. Mas para Chuuya o nome é um direito de todos os seres humanos.
- E se algum dia te apaixonares, como vais querer que essa pessoa te ame sem saber o teu nome?- questionou o ruivo sob essa mesma lua nova.
- Eu não amo nada, foi-me negado qualquer tipo de amor, eu sou apenas descendente de ódio latente e raiva crescente.
Mas a Morte já se apaixonou.
Mas tal como ela o disse: o amor foi-lhe negado, então porque sentir algo tão fútil ?
Nakahara era uma pessoa apaixonada.
E Dazai era uma pessoa nunca antes amada.
E talvez tenha sido por isso que naquela noite escura e catastrófica Ochaco decidiu acabar com aquilo. No entanto não resultou.
- Maya, podes-me chamar Maya , Deus do Fogo.
- Maya, que em sânscrito significa ilusão, - sussurrou Dazai - tu és uma ilusão ou tu iludes os outros ?
- Eu não sou nada. - respondeu Maya, e desapareceu numa nuvem de ilusões.
Daquela visita apenas restaram duas cartas no chão, o famoso Diabo e a Roda da Fortuna.
O Diabo que significa os instintos humanos e carnais.
E a Roda da Fortuna que avisa que os ciclos que se repetem farão isso sem interrupção até que a lição seja aprendida, ou seja, essa carta poderá ser o indício de boa ou má sorte.
Mas para qual deles corresponderiam as cartas ?
No entanto um terceiro elemento decidiu agir, a Morte foi a terceira carta que a Deusa deixou para trás, mas claro que nenhum deles a viu.
Quem terá de deixar o passado para trás e partir para outra ? Quem irá levar a morte consigo no seu fim ?
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A ilusão, o destino e a morte
RandomO passado define o presente, o presente constroi o futuro. Mas o que acontece se o passado voltar ? Se ele atuar diretamente no futuro? A dona da morte . A deusa do destino. A senhora do futuro. Ela faz com que Dazai e Chuuya tenham de engolir o...