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Tristan encarou os amigos e Liz apenas escondeu um revirar de olhos ao ver que ele e Beatrice estavam "trabalhando" bem juntos.

— O que quer nos mostrar?-Joui questionou tirando a Katana das costas

— Não precisa matar nada...Bom, pelo menos não ainda...Enfim, vou procurar pelo Fer e pela Erin, subam no alçapão que a Bea está lá!-Tristan voltou a correr pela casa

— Vamos, meus meninos e Dante-Liz chamou andando na frente

Os mesmo foram todos juntos até o alçapão e subiram as escadas. Assim que andetraram o lugar minúsculo que quase não os cabia, Liz franziu o cenho ao ver o que eles haviam achado. Era a mesma espiral maldita de Santo Berço, o símbolo que havia tirado Thiago de ti, que havia o feito ter que ficar lá pra morrer, a mulher sentiu raiva, tristeza e ódio lhe consumirem. A mesma encarou Joui que parecia ter os mesmos sentimentos assim como Arthur, mas apenas um deles estava em choque total ao ver aquele símbolo, esse alguém era Kaiser. Ele estava sonhando acordado denovo, ele via Thiago preso nas mãos do Deus da morte enquanto sua vida era sugada ao poucos, ele se sentia afundar e queria gritar que devia ser ele mas sua voz não saia, ele queria correr mas suas pernas não mexiam, ele queria respirar mas o ar não chegava até seus pulmões como se tivesse sendo atacado pelo Succ. O menino piscou os olhos diversas vezes tentando focar mas não conseguia, estava difícil respirar, ele não queria ser patético e ter uma crise agora então ele apenas saiu descendo as escadas em busca de ar fresco e naquela casa ele não ia encontrar.

O garoto andou até a porta e a abriu. Fazia tempo que ele tentava controlar essas crises sozinho, afinal, ele não queria mais ser um peso pra Arthur e Joui. Ele tentava puxar o ar pelo nariz e soltar pela boca mas se sentia tonto, lágrimas grossas já molhavam seu rosto enquanto ele tentava secar com as mãos trêmulas. Quando olhou pro lado ele viu os olhinhos puxados lhe observando. "Não, ele não....Ele não". Kaiser pensava consigo mesmo, ele não queria que Joui o visse assim dessa forma deplorável. O menino apenas o encarou por vários segundos e Joui colocou as mãos em seu rosto.

— Hey, César-Kun...Já fizemos isso antes, não? Agora comigo, respira e inspira devagar...

— Não consigo, Joui....Eu sou patético...

— Você não é, aquele símbolo idiota também mexe comigo, ele levou meu Sensei...

— Eu tô ficando tonto...

Kaiser sentia o peito queimar e pesar como se o Ferreiro estivesse sentado em cima dele. Joui não sabia o que fazer nessas horas, Arthur sabia mas não tinha tempo pra chama-lo e ele queria acima de tudo ver seu menino bem. Então com as mãos grudadas ao lado do rosto pela cicatriz ele puxou Kaiser pra si e selou seus lábios aos dele pelo que pareceram longos segundos. Joui não queria admitir mas aproveitou o momento pra poder sentir os lábios do amigo sob os seus, afinal, sabia que depois Kaiser não o deixaria fazer denovo. Assim que os lábios descolaram a mente de Kaiser havia dado um branco, agora uma sirene vermelha tocava gritando "Joui, Joui, Joui!". Suas mãos pararam de tremer e ele conseguiu respirar sentindo o coração agitado no peito.

— Eu li uma vez que pra parar uma crise dessas você precisa prender a respiração e então voltar a respirar, como se estivesse reaprendendo...Entre um beijo você para de respirar por um tempo...Funcionou?

Então era tudo pela ciência, mas Kaiser não conseguia negar que havia gostado, porém, Joui não saberia disso já que apenas havia o beijado pra ajuda-lo e não pelos mesmos motivos que Kaiser beijaria Joui.

— Obrigado, Joui. Funcionou sim...-Kaiser o olhou nos olhos

Eles ainda estavam próximos um do outro, o calor das mãos de Joui na bochecha gelada de Kaiser causava um formigamento no local. Os olhos escuros se encontravam e Joui sorriu de lado antes de secar as lágrimas da bochecha de Kaiser com a manga de seu casaco. Tão lindo...

— Vem comigo?-Joui se levantou estendendo a mão pra Kaiser que a aceitou se levantando

— Obrigado denovo...

— Somos família, César-Kun. Não tem que me agradecer por ajudar quem eu amo...

Kaiser não sabia dizer que tipo de amor era esse e isso o deixava perdido, mas por hora ele podia se sentir satisfeito por ter dado seu primeiro beijo com o seu primeiro amor.

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