Capítulo 07

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                   Sétimo dia. Acordei no horário de sempre, mas sem o Bom dia margarida. A inquietude que eu sentia no silêncio daquelas máquinas era angustiante, sacudia meu pé de forma ansiosa esperando Jules entrar pela porta numa cadeira de rodas e com a cara mais pálida que folha de papel me dar um bom dia com pouco ânimo mas ainda extremamente feliz. Ligaria a televisão no canal do jornal favorito dela e conversaríamos até a enfermeira trazer o café e posteriormente o almoço talvez. Eu esperei. E esperei, e esperei, e esperei... Mas ela não voltava. Onde ela tinha se metido dessa vez? Quanto mais a manhã passava, mais angustiada me sentia, até que perto das 10:30 o médico abriu a porta e minha mãe entrou segurando uma mala.

-Bom dia querida! Pronta pra voltar pra casa?

-Sim eu...

-Ótimo! -Ela fala super animada

-Então senhorita, seus exames deram todos normais e sua recuperação vai ser ainda mais rápida agora que vai estar em casa cercada de carinho. -Diz o médico carregando sua prancheta e tirando a que ficava na ponta da minha cama com o prontuário

-Isso mesmo! Vamos trocar suas roupas e ir embora. -Diz minha mãe.

-Tá bom... -Respondo levemente nervosa por ver meu tempo se esgotando

                  O médico parecia extremamente concentrado em meu prontuário anotando coisas que nunca saberei enquanto minha mãe me tirava da cama e me ajudava a trocar de roupas, ao mesmo tempo que eu encarava a porta esperando ansiosamente que Jules entrasse. Ao que parece, minha mãe percebeu.

-O que está olhando querida?

-Nada! Nada não...

-Não parece nada. Parece que está esperando alguém.

-Eu... -Meneio a cabeça meio incerta se realmente queria falar com minha mãe sobre isso agora- Eu tô... Na verdade desde ontem.

                   Olho ela meio inquieta enquanto ela subia minhas calças e ela já parecia me olhar de volta. Ela balança a cabeça em afirmativo e se levanta arrumando minha blusa.

-Tudo bem, eu espero você se despedir.

-Despedir? -Pergunta o médico terminando uma das papeladas- Não precisa se despedir ainda! -Ele fala sorrindo- Você só está saindo, ainda não foi liberada das sessões de fisioterapia! Pode ver a enfermeira Carla de tarde! -ele sorri educado

-Não, não é dela. -Digo soltando um suspiro.

-Ué? -ele franze o cenho confuso- De quem então?

-Da minha colega de quarto. - O respondo e vejo ele continuar confuso

-Eu... Desculpe. Não estou entendendo... -Ele levanta o olhar dos papéis até mim

-Minha companheira! A garota da cama ao lado! -Falo ficando já nervosa

                   O doutor então me olha preocupado pela primeira vez em dias então olha para minha mãe. Os dois se entreolham um mais confuso que o outro, já nervosa espero uma explicação quando ele pede que eu me sente de novo.

-Sentar por que? -Falo enquanto obedeço

-Querida... -Minha mãe começa puxando a cadeira que ficava ao lado e segurando minha mão

-O que? O que tá acontecendo?

-Olha... Eu sinto muito em te informar que... -Começa o médico

-Informar o que?!?! O que está acontecendo aqui?! -Pergunto já brava olhando os dois

-A maca ao lado não tem ninguém. -Ele responde

7 dias no paraísoOnde histórias criam vida. Descubra agora