Horas depois uma grande chama aparecia na noite em meio a destroços. Era uma fogueira com bastante carne em cima. Três pessoas em sua volta, duas delas dormindo profundamente. Owlky olhava para o céu estrelado como se algo importante para ela estivesse lá, seus dois olhos grandes refletiam perfeitamente o brilho dos astros, e seu coração palpitava no meio da escuridão.
— Que lindo kiiia. — Owlky estava deitada com suas asas levantadas em direção ao céu.
Nesses dias em que se juntou a Lia e Prome, ela sempre sentia a necessidade de buscar suas memórias, não era como se não gostasse da vida que estava levando e dos amigos que tinha feito, mas sentia que um pedaço de seu ser estava lhe chamando.
De repente, em meio a escuridão, a jovem coruja começava a escutar o som de uma flauta vindo da mata. O toque da música era familiar a pequena garota, que foi andando hipnotizada em direção a melodia que escutava. A cada passada, a garota sentia mais e mais o aperto em seu coração, ate que uma sombra aparecia diante dela com a flauta em sua mão.
— Há quanto tempo minha pequena. — Dizia uma sombra entre a vegetação da mata, tirando a flauta próxima a boca, e colocando-a no próprio peito, a qual absorvia.
— Que...Quem é você? — Owlky ficava em choque ao ver um desconhecido perto de seu lar passageiro, e começava a andar para trás, tentando fugir de fininho, ate a fogueira.
— Espera, pequena, você por acaso não se lembra de mim? — A sombra começa a olhar de lado para Owlky, mudando seu rosto para todas as direções de uma forma artificial. Pouco depois começava a gritar, fazendo a pequena coruja cair de joelhos por não aguentar a intensidade do barulho.
— Me... Me desculpe, eu perdi minhas memórias, não lembro quem é você por esse motivo, mas se me conhece, eu... Eu estarei disposta a escutar. — Dizia a pequena coruja.
— Como... Como que você pode ter esquecido... não se lembra de mim?... Eu que te criei! — Exclamava a sombra. — Eu... Apenas eu que te criei, e agora preciso de você mais do que nunca, me diga onde você está...
— Onde... onde você está kiiia? — Perguntava a coruja, ainda de joelhos.
Ao fazer a pergunta, uma luz branca envolveu rapidamente todo o lugar, como se engolisse o cenário.
— Ei Owlky, vamos pescar, a Lia já deve tá toda emburrada de tanto esperar por você.
Uma voz começava a ecoar no ouvido da garota, e pouco a pouco a consciência começava a voltar. Owlky ainda estava deitada ao lado da fogueira, e a fala que ouvia pertencia a Prome.
— Foi tudo... um sonho? — Dizia a pequena garota coruja, esfregando sua asa direita em seus olhos, enquanto levantava.
— Sonho... Você tá meio variada em. — Prome falava com a mão em seu queixo sem entender bem a sua amiga, e já se virava em direção ao caminho que levava ao riacho.
— E que eu sonhei com uma sombra que dizia ter me criado, foi bem estranho, ela parecia bem maluca. —falava a Coruja, ainda sonolenta.
— Deve ter sido só um sonho maluco mesmo... Vamos ver a Lia logo, ela provavelmente já está irritada pelo nosso atraso. — Dizia Prome.
Prome estava despreocupado, para ele era apenas um sonho estranho que Owlky teve por comer demais na noite passada.
— Kiiia, quem era aquela sombra? — Owlky ainda se perguntava pelo caminho.
— Acho que você comeu demais... Mesmo assim me fala um pouco dessa pessoa do seu sonho, vai que tem a ver com o seu passado. — Dizia Prome
— Sua voz era estranha, e sua aparência era apenas uma sombra, ela falava coisas estranhas e que me criou, e também tocava um instrumento... muito bem até. — Dizia Owlky tentando se lembrar das memórias picotadas do sonho que teve, segurando sua cabeça com suas asas.
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Asas de Plasma
PertualanganUma garota coruja sem memórias entra em uma jornada para descobrir sua identidade. Nessa jornada ela vai ser acompanhada por um antigo guarda que foi dado como morto por seus antigos companheiros, e uma garota que busca vingança pelo seu avô que foi...