Capítulo 8 - Chega de ter medo!

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   Já pensaram sobre efeito borboleta? Aquela teoria de que o simples bater de asas de uma borboleta pode fazer surgir um tornado no outro lado do mundo. Já pensou em como tudo seria diferente se você não tivesse feito algo? As pessoas que você teria deixado de conhecer, pessoas amadas... Naquele momento, Velma estava agachada chorando encostada em uma cripta, pensando sobre isso. Como pode, ela, uma garota sozinha e desprezada pelos adolescentes do colégio, ter finalmente amigos que a entendem e puderam ler seus sentimentos? Algo que ninguém nunca se quer fez questão de se importar.

   Ao ouvir o disparo, o coração de Velma parou por um segundo, arrepiando seus pelos e um frio repentino preenche todo seu corpo. Ela se levanta, e sem olhar ao redor, corre desesperada sem direção seguindo seu instinto.

   -DAPHNE! DAPHNE, FOI VOCÊ? DAPHNE NÃO ME DEIXA! -Velma gritava na escuridão, se esbaldando em lágrimas.-

   -Velma? VELMA! -Fred e Shaggy esbarram em Velma- UÉ, PENSEI QUE ESTAVA COM A DAPHNE, CADÊ ELA? -Disse Fred.-

   Velma não conseguiu responder.

   -VELMA, ME RESPONDE!

   -Acabamos nos desentendo e nos separamos... Ouviram o som de disparo? Eu estou assustada!

   -Merda, as baterias dos nossos celulares acabaram -Shaggy sacode seu celular.-

   Doo começa a latir, se solta da coleira e corre em linha reta.

   -Doo, meu filho, volte aqui! -Shaggy o segue, e os dois restantes os acompanham.-

   Doo para de correr e cheira o chão. Fred, Shaggy e Velma param de correr e respiram forte, totalmente ofegantes. 

   -Que cheiro estranho... -Shaggy funga.-

   -Tá muito escuro, não dá pra ver nada! -Fred força a visão.-

   -Gente... o chão está molhado? -Velma pisa no chão e ouve um som de líquido.-

   -Impossível, não choveu nem nada do tipo... -Fred responde, começando a sentir o cheiro estranho.-

   Velma lentamente coloca a mão dentro de sua bolsa, tira uma lanterna de lá e aponta na direção do chão. Aos poucos ela começa a raciocinar.

   -Não é possível, será que o som de disparo........ 

   Velma liga sua lanterna e Daphne estava estirada no chão com uma bala no ombro, e uma poça de sangue ao seu redor, escorria até os pés da turma que estavam encharcados de sangue. Shaggy fica petrificado vendo aquela imagem da amiga no chão. Fred se vira e vomita, soltando todo seu almoço fora. E Velma... Pobrezinha, se jogou no chão para acudir a amiga.

   -DAPHNE! NÃO ME DEIXA! POR FAVOR! -Ela pega seu celular e liga para a ambulância.-

   -911. Qual sua emergência?

   -ESTOU NO ANTIGO CEMITÉRIO DE BAÍA CRISTAL, UMA AMIGA FOI BALEADA POR UM DESCONHECIDO E PRECISAMOS DE AJUDA URGENTEMENTE!

   -O antigo cemitério? O que estão fazendo aí?

   -NÃO DÁ PRA EXPLICAR AGORA, VENHAM RÁPIDO!

   -Nossas unidades já estão chegando, aguardem.

   A chamada acaba.

   -NORVILLE! PARA DE FICAR PARADO E ME AJUDA AQUI, PORRA! -Pela primeira vez, o nome de Shaggy foi dito.-

   -Como você sabe meu nome? -Shaggy se espanta, se movendo depois de meia hora paralisado.-

   -SEM PERGUNTAS, NOSSA AMIGA ESTÁ BALEADA! -Velma não sabe oque fazer, mas quer muito fazer algo para ajudar.-

   Fred se vira com uma náusea horrível para o corpo de Daphne. 

  -E-ELA TÁ MORTA? -Ao ver o corpo da amiga, Fred se lembra que seu 'pai' "matou" jovens da mesma idade, e aquilo o enojava.- ELA NÃO PODE MORRER!

   Ao fundo, Ricky Owens e Doutor Péricles assistem a cena da turma desesperada.

   -Eu acho que com isso já vai assustá-los o suficiente pra ficarem um tempo sem mexer no Disco Planisférico. Vamos Péricles, não temos tempo a perder.

   Os dois caminham calmamente na direção contrária, sumindo aos poucos dali.

   -ELA NÃO VAI MORRER, ELES ESTÃO CHEGANDO! -Velma estava com as pernas e joelhos ensanguentados, ajoelhada de frente pra amiga que estava com sua linda saia de grife cor-de-rosa manchada de sangue e terra.-

   O som da da ambulância fica cada vez maior, e a luz da sirene ascende na entrada do cemitério.

   -AQUI, ESTAMOS AQUI! -Velma grita desesperada chacoalhando a lanterna para chamar a atenção dos enfermeiros.-

   Eles chegam e cercam o corpo da blogueira, afastando Velma.

   -Ela está com pulso? -Um enfermeiro pergunta para o outro, que tateava o pulso de Daphne.-

   -Sim, mas ela perdeu muito sangue. Traga a maca, rápido!

   Os enfermeiros sobem na ambulância com Daphne,os jovens e o cão e partem em direção ao Hospital de Baía Cristal. Na ambulância, eles acabam perguntando :

   -Por que estavam nesse cemitério? Nem mesmo os funcionários públicos vem aqui, esse lugar é totalmente abandonado e inativo. E por que um cachorro está aqui? -Ele aponta pro cão, que estava quietinho no colo de Shaggy com uma expressão de tristeza.-

   -É uma longa história. -Velma estava olhando o sangue seco nas suas botas alaranjadas.- Uma longa, longa história.-

   Após percorrer todo o caminho até o Hospital, os enfermeiros levam a maca de Daphne até a ala emergencial. Fred, Shaggy, Doo e Velma descem da ambulância e ficam de frente para o hospital.

   -Vão para a casa e se limpem, é o melhor a se fazer no momento. Iremos avisar vocês caso aconteça qualquer coisa, me passem o telefone de algum de vocês que eu retorno amanhã cedo atualizando o estado da Blake. Iremos também informar os senhores Blake sobre o ocorrido, querendo ou não Daphne é uma figura pública e não dá pra esconder esse acontecimento por muito tempo.

   Velma diz seu número e se despede dos garotos. No caminho da casa, as pessoas que passavam olhavam assustadas por conta do sangue em seu corpo mas ela nem ligava, seu olhar estava vazio e longe. A visão de que tudo estava bem e que tudo ia melhorar, morreu. Velma estava devastada e ela sabia quem poderia ter feito tal coisa. Ela sabe quem teria coragem de fazer aquilo.

   Ela muda seu trajeto de casa e anda em direção à prefeitura.

   -Chegou a hora de expor toda a verdade pra Baía Cristal, Senhor E passou dos limites.

Doo - Para : AnormalOnde histórias criam vida. Descubra agora