Capítulo 12 - O Cativeiro (A Vingança É Minha)

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Amanheceu.

Um sábado amaldiçoado chegou anunciando mais um dia ruim. Um terrível frio congelava meu corpo abandonado no chão frio de um cativeiro obscuro, tremendo sem parar. Minhas mãos e pés estavam amarrados. Mal eu podia me mexer. Minha vontade de morrer, era tão grandemente angustiante.

Como eu iria seguir em frente, sabendo que todos me odiavam, sabendo que para sempre iria viver com aquela lembrança daqueles monstros me agredindo. Eu fui estuprado, agredido e torturado cruelmente. Chorar era pouco, minhas lágrimas quase haviam se secado. Dentro de mim, bem no fundo da minha cabeça. Um pensamento não parava de me incomodar. Parecia que ele queria que eu o alimentasse cada segundo da minha miserável vida, e então, talvez eu iria me vingar de todos que um dia fizeram da minha vida um inferno, sem motivos.

Se alguma vez na vida, eu havia machucado alguém, precisavam me deixar saber do meu erro. Deviam ter me dito na cara e não me apunhalarem pelas costas.

Que culpa eu tinha? Eu era apenas um garoto que tentava encontrar seu lugar no mundo, depois de ter perdido a única pessoa que eu amava na vida, minha mãe. Ela era a única pessoa que se importava comigo.

Agora era apenas eu e minha maldição atrás de mim, para sempre. Pensava sobre toda aquela situação com uma dor profunda no coração. E algo que aos poucos eu fui descobrindo sobre mim. Era o fato de que eu nunca mais séria a mesma pessoa de antes. Sentia que o meu coração deixaria de ser como sempre foi, bom, frágil e alegre, e passaria a ser cruel, duro e indomável. Isso só se eu me salvasse. Pois os mascarados pareciam me querer morto, e talvez eu nunca iria conhecer o verdadeiro rosto deles por trás de todo aquele disfarce monstruoso.

A uma pequena distância de onde eu me encontrava, podia se sentir a presença de outras pessoas. Eram eles, os dois homens mascarados e o falso xerife. Eles estavam aquecendo fogo. Eu desejava fazer o mesmo, só que a minha boca estava amordaçada. Decidi gritar para chamar a atenção deles. E de imediato um deles deu presença, ainda com o disfarce no seu rosto. Ele me livrou da mordaça para eu poder falar.

— Fri-o, es-to-u com tan-to fri-o! — Disse. Mal podia expressar bem as palavras.

Ele me encarou com um olhar de pena e nesse olhar havia algo de estranho. Algo que eu tentava descobrir. Então, tinha que me juntar a eles por um momento. O policial parecia se confiar demais, não possuía nenhum disfarce na sua maldita cara de bosta.

Um dos mascarados se dirigiu até os outros. O mesmo parecia estar pedindo a permissão de me deixar ficar com eles diante da lareira.

— Mas ele tá fedendo, não podemos ficar com um nojentinho desses. — Disse o policial com uma expressão nojenta no rosto. Como se ele fosse o homem mais limpo do mundo.

— Acontece que se ele ficar exposto ao frio por muito tempo, é provável que ele morra. Eu não pretendo arrumar confusão com o patrão. Acho que ninguém aqui quer. — O homem que antes estava comigo disse baixo. Mas de longe eu pude reconhecer o tom da sua voz. Não era possível, como ele pude ser tão cruel comigo, assim?

— Ele não pode morrer ainda, ele é um tesouro que não me atrevo a perder por nada nesse mundo. Aliás, eu já tô tão encurralado dos pés ao pescoço pra ter que abrir mão de toda essa sujeira. — De novo o policial disse.

— Então, faça alguma coisa para proteger a merda do tesouro. — O outro disse furioso. Quase perdeu a noção do perigo deixando escapar mais o tom da sua voz. Então, já não me restava mais nenhuma sombra de dúvida. Era ele, com certeza era ele. 

— Aqueça um pouco de água e dê nele um banho gostoso. Do jeitinho que ele merece. — O terceiro sugeriu empolgado. Ele não ligou se eu poderia descobrir o tom da sua voz. Mas assim que eu soube quem ele era. Não me surpreendi, ele sempre deixou claro que não ia com a minha cara.

SEM LÁGRIMAS PARA CHORAR (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora