Feitiços e mais feitiços

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Quando acordei, percebi que havia chorado enquanto dormia, eu precisava dizer o que estava sentindo, se eu continuasse guardando aquele sentimento de culpa e tristeza dentro de mim, eu poderia enlouquecer.
Agora que me livrei da maldição, e Beatrice está morta, não era justo que eu ficasse sonhando com ela. Levantei e fui tomar um banho refrescante e aproveitei para colocar os pensamentos em ordem.
O dia estava incrivelmente lindo, céu azul, sem nuvens, tudo parecia bem. Peguei minha mochila que já estava bem desgastada, e procurei uma roupa confortável, short jeans, blusa preta e um chinelo velho.
Me sentei na cama e peguei meu livro, e comecei a procurar alguns feitiços úteis que eu pudesse aprender, incrível como agora aquele livro me parecia tão importante e útil. Antes eu só sabia procurar coisas relacionadas a maldição, então ele nunca me ajudou. Agora vejo que posso aprender muito com ele, existem vários feitiços para serem aprendidos.
Um de seus feitiços me chamou atenção, perda de memória, comecei a ler, aquilo era realmente interessante, eu nunca imaginei que eu pudesse ser uma feiticeira.
De repente ouço alguém bater na porta.
- Amy preciso falar com você. - era o Sebastian.
- Oi Seby, pensei que você só fosse acordar na hora do jantar. - falei rindo
- Engraçadinha, isso era o que eu queria, mas me sinto na obrigação de te ajudar com os feitiços. Posso entrar?
- Claro, entre.
- Vou trazer o livro de minha mãe, eu sei que só faria isso quando chegássemos, mas precisamos dele agora. Melhor trancar a porta na chave. - disse ele
- Porque?
- As mulheres que ajudam na limpeza do trem apenas batem na porta e saem entrando, já pensou se elas nos vêem conjurando feitiços? - perguntou segurando meu livro.
- Tem razão, não seria nada bom, ou achariam que somos loucos, ou poderiam acreditar e querer nos matar. - falei trancando a porta.
- Sente-se aqui e fique quieta, preciso me concentrar. - disse ele batendo na cama.
Ele começou a pronunciar várias palavras estranhas que como sempre, eu nunca entendia. Poucos minutos depois o livro apareceu ao nosso lado. Era velho, a capa vermelha com gravuras de estrelas.
- Posso pegar? - pedi igual a uma criança de cinco anos.
- Pode sim - disse Sebastian rindo
O livro parecia estar completo de todos os feitiços que existiam, mas a maioria deles eram das trevas, feitiços de morte, aqueles eu não queria aprender.
Sebastian pegou o livro das minhas mãos e me entregou o meu amado livro Encantos de uma maldição.
- Porque você tirou o livro de mim? - perguntei
- Porque existem feitiços nele que você não está preparada para aprender, além do mais, não se esqueça que esse livro era da minha mãe e que ela era das trevas. Muitos fos feitiços são obscuros, são de morte. O seu é mais apropriado pois me parece ser de uma feiticeira da luz.
- Caso você tenha esquecido eu sou das trevas, e mesmo assim não estou interessada em feitiços de morte. Mas concordo com você,  por enquanto vou aprender com o meu livro. Sabe ele era da minha mãe, nunca contei isso para alguém, mas ela era da luz e usava esse livro.
- Quando você descobriu isso? - perguntou curioso
- Em um de meus sonhos, não achei que fosse importante para você ou para o Nathan, então manti isso em segredo.
- Claro que é importante, é sua mãe, minha tia. Se é importante para você, então também é importante para mim.
- Bom, vamos começar? Estou anciosa, eu estava lendo um feitiço para apagar a memória, podemos começar com esse?
- Sim, leia o feitiço com atenção e memorize o, agora feche os olhos e esvazie sua mente, pense apenas no feitiço.
- Ok
- Abra os olhos, preste atenção, eu vou chamar uma funcionária do trem aqui alegando que tem algo de errado com essa cabine, você terá de apagar a memória dela. Mas será apenas a memória recente, desde o momento em que eu a chamar até o momento em que ela chegar aqui.
- E como vou fazer isso?
- Você acabou de aprender a parte teórica, agora vamos para a prática. Assim eu vou saber se você realmente aprendeu.
- É capaz de que eu não consiga, ou então apague a memória dela toda. - falei assustada
- Quando você começar a conjurar e se concentrar na mulher, você vai começar a ver as lembranças dela, quando você me ver chamando-a até aqui, foque nisso e comece a conjurar com mais intensidade.
- E se alguma coisa der errado?
- Eu dou um jeito de concertar. Agora espere que eu vou chamá-la. - falou Sebastian abrindo a porta.
Fiquei em pé na porta esperando ele voltar, mas sem esquecer de repassar o feitiço e esvaziar minha mente.
Depois de cinco minutos ele finalmente voltou, e lá estava ao lado dele, a pobre moça que serviria como cobaia para uma adolescente feiticeira das trevas em treinamento.
- Qual o problema na cabine? - perguntou ela
- Eu vou mostrar, entre. - disse Sebastian
Fechei a porta e enquanto o Sebastian conversava com a mulher, inventando um monte de histórias sem noção, eu me concentrei no feitiço e na mulher.
Várias coisas apareceram em minha mente, lembranças de natais, shows, aniversários. Lembranças de todo tipo, até que vi o Sebastian e ela caminhando até a cabine, comecei a recitar o feitiço com mais força, de repente essa lembrança sumiu. Ela não se lembraria porque foi até minha cabine, nem quem a chamou.
Silêncio. Um minuto sem dizermos nada.
- Você está bem moça? - perguntei assustada e nervosa.
- Sim... mas o que... como eu vim parar aqui? - perguntou ela
- Você veio verificar se estávamos bem acomodados. - disse Sebastian
- Ah e como estão? - perguntou a mulher
- Muito bem, obrigado. - respondeu Sebastian em tom calmo.
Ela se virou e saiu da cabine sem entender nada.
- Viu Amy! Você se saiu muito bem, sabe acho que posso te levar para conhecer a escola dos feiticeiros e bruxos de Nova Orleans um dia.
- Eu vou para Hogwarts! - gritei de felicidade.
- Não Amy, você não vai para Hogwarts, até porque ela não fica em Nova Orleans, a escola que eu vou te levar é mais simples. Mas você que decide se vai ou não estudar lá.
- Ah eu acho que só vou conhecer mesmo, posso aprender os feitiços com meus livros e com você, eu pretendo continuar na minha antiga escola. - falei meio desapontada por não ser a escola que eu sonhava.
- Boa decisão, agora será que podemos parar para almoçar? - perguntou
- Claro, estou morrendo de fome.
Saímos e eu tranquei a porta, só para garantir que ninguém veria aqueles livros.
Ao chegarmos no vagão restaurante, senti um cheiro delicioso, o que me deu ainda mais fome, enquanto eu e Sebastian decidimos o que comer, Nathan apareceu.
- Oi gente!
- Oi, eu vou me sentar, preciso almoçar. - falou Sebastian
Eu esperei até o Nathan pegar sua comida e fomos nos sentar com o Sebastian.
- Estou ansioso para voltar pra casa, mas acho que meus pais vão ficar furiosos comigo, por ter fugido de casa. - disse Nathan
- Meus tios também não devem estar muito felizes comigo. - falei
- Começamos bem o nosso namoro, não é? - disse Nathan rindo
- Depois de ficarmos a eternidade de castigo, acho que vamos poder sair juntos novamente. - falei

A maldição de AmyOnde histórias criam vida. Descubra agora