Decisão

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Renaise on

Logo me recomponho e finjo que isso não me abalou nem um pouco, sendo que na verdade eu estava quase bufando de raiva, mas ao mesmo tempo estava feliz.

Feliz por que ao que parecia estava tudo bem entre eles novamente, que o objetivo principal de Itachi tinha dado certo. Raiva por me deixar ser usada, por me encantar tanto com seus olhos negros que não pensei duas vezes em seguir suas ordens.

Mas agora, com Obito aqui, sei que tudo ficará bem, pois mesmo se der errado, ele me apoiará como sempre fez.

- Ora, ora. Resolveu nos seguir?

Itachi revirou os olhos diante a provocação de Obito. E confesso que eu também.

- Não seguimos vocês, nos encontramos por acaso.

Olhei pra Sasuke depois do que ele disse e tenho que ressaltar, porra de homem bonito. Que genética maravilhosa essa.

- Não lembro de ter falado com você.

Sasuke se aproximou já com o Sharingan ativado.

- Olha aqui...

Me levantei de supetão.

- Já chega. Isso não é uma briga, ok?! Se quiserem ficar aqui e dividir a caverna tudo bem, mas vamos parar com as ameaças.

Obito riu, o que puxou meu olhar em sua direção.

- Você fica engraçada quando tá brava.

Revirei os olhos.

- Vai se foder.

Como resposta só tive uma gargalhada. Irritada me sentei apoiando minha cabeça na mão.

- Ah, qual é. Não sabe brincar?

Olhei pra Obito com o canto do olho e ele se aproximou.

- Sai.

Mais rápido do que eu previa sou presa por seus braços me fazendo cócegas, o que resultou em gargalhadas escandalosas.

- Pobresinha, ela não sabe brincar.

Eu já estava quase chorando de tanto rir e Obito riu junto, provavelmente de minhas falhas tentativas em me soltar.

- POR... POR FAVOR... EU... FAÇO... O QUE QUISER...

Tentei dizer algo em meio às risadas e ele diminuiu mas não parou.

- Então diga que eu sou o homem mais lindo que você já viu.

Eu ri mais, mas foi pelo o que ele disse.

- Que merda...

Ele retornou as cócegas malditas.

- Tá bem, tá bem. Você é o homem mais lindo que eu já vi, Obito. Agora para.

Consegui acertar um chute em seu obro esquerdo.

- Boa menina.

Ele me soltou e eu sentei decentemente. Quando me dei conta, lembrei que não estávamos a sós nessa brincadeira e haviam cinco par de olhos em nos dois. Obito e eu nos olhamos e caímos na gargalhada novamente.

- Vocês... São doidos?

O cara que eu acho que se chama Juugo perguntou e dei de ombros.

- Nunca prometi ser certa, apenas fiel.

A ruiva riu e eu levantei a sobrancelha.

- Gostei e, se não se importar, eu vou usar.

Sorrimos.

- Olha, Karin. Encontrou alguém que te suporte.

Olhei pro cara de peixe com os olhos semecerrados.

- Roh-chan, se acalma.

Senti a mão de Obito em meu braço me puxando pra trás.

- O cara é um idiota.

Ele deu de ombros e cruzou os braços.

- Mas não pode espancar todos os idiotas que existem. Até por que isso se aplica em mim também.

Sorri.

- Mas eu posso tentar, e só pra te lembrar, você apanha pra mim então que, diferença faz?

- PUTA QUE PARIU, ELE APANHA PRA VOCÊ?

Me assustei.

- VAI ASSUSTAR TUA MÃE, INFERNO.

Me levantei de novo. Nossa, vou criar músculos nas pernas desse jeito.

- NÃO FALA DA MINHA MÃE.

- E EU COM ISSO COM A TUA MÃE. SEI NEM QUEM É.

- ENTÃO NÃO FALA DELA.

- FALO SIM, TU CHAMO A MINHA MÃE DE PUTA.

- EU SEMPRE FAÇO ISSO.

- PROBLEMA DE QUEM AGUENTA. NÃO SOU TODO MUNDO.

- TÁ, ENTÃO DESCULPA, CARALHO.

- TE DESCULPO, CORNO.

Nos sentamos -eu nem lembro de quando ele levantou- e nos olhamos pra depois sorrir.

- Ãn... Você tá bem?

Sasuke olhava curioso e eu sorri.

- Tô bem sim, amor. Sou assim, acostume-se.

A ruiva levantou.

- Quem você pensa que é pra chamar o meu Sasuke-kun de amor, sua vadia?

Me levantei também.

- Quem é vadia, biscate?

- Já chega.

Arrepio com a voz de Itachi. 

- Itachi-kun, foi ela que me provocou.

Itachi-kun? Intimidade level mil.

- Não me interessa, Karin.

A ruiva murchou e sentou ao lado de Sasuke.

- Gente, que confusão.

Revirei os olhos.

- Olha só, ruiva. Não quero o Sasuke por dois motivos.

Ela arqueou a sobrancelha.

- Quais?

Suspirei.

- Primeiro, o estilo "revoltado" não faz meu tipo. Segundo, eu já sou apaixonada por alguém.

Ela arregalou os olhos e baixou a cabeça.

- Gomen.

Sorri.

- Tudo bem.

Obito me olhava com a boca aberta. Eu ri disso.

- Como assim você tá gostando de alguém e eu não sei?

Dei de ombros.

- Se nem ele sabe, vou te contar por que? Sem contar que tudo acontece apenas na minha cabeça.

Todos a minha volta ficaram com uma gota na cabeça.

- Não é o Itachi, é?

Itachi da uma cotovelada nas costelas do irmão discretamente. Sorri triste pra Sasuke sem realmente demonstrar.

- Não. Eu conheci esse cara faz alguns anos.

Karin suspirou.

- Adoro histórias de amor.

Sorri.

- Eu também, mas a minha não terá um final feliz.

Ela me olha estranho.

- Por que não?

O sorriso falso se esvai de meu rosto.

- Nessa história, Karin... Eu sou a vilã.

Ela engole o seco e baixa o olhar.

...

Itachi on

Depois desta fala de Renaise todos ficamos em silêncio e, em seguida, a noite chegou.

...

No outro dia eu acordei antes do sol nascer, como sempre e me surpreendi em ver que Renaise também estava acordada.

Ela estava sentada encostada em uma pedra e as vezes suspirava, curioso cheguei perto pra ver o motivo. Ela chorava. Toquei seu ombro e atrai sua atenção, me olhou assustada e logo tratou de secar as lágrimas.

- Você está bem?

Me olhou agora com raiva depois da minha pergunta besta.

- E você com isso.

Levantou rapidamente saindo da caverna sendo seguida por mim.

- Olha, eu sei que fui injusto com você mas peço desculpas.

Ela não se virou e continuou caminhando mas sabia que ela havia me ouvido.

- Pega as suas desculpas e enfia no cú.

E começou a falar bobagem. Apenas revirei os olhos.

- Somos adultos, deveria agir como uma.

Sua cabeça virou como se fosse uma boneca, o que pode ter me feito engolir em seco.

- EU sou a imatura aqui? Logo EU que tentei te ajudar e no fim levei uma rasteira? Logo EU que dei tudo de mim pra que você e seu irmão estivessem bem e no fim teria morrido se não fosse Obito? Sim, Uchiha. Sou imatura, mas pelo menos não uso as pessoas pensando em meu bem estar próprio.

Ela se virou e caminhou mais rápido adentrando a floresta ainda escura. Não tive coragem de ir atrás dela novamente pois sabia que estava coberta de razão. Voltei pra caverna e vi Sasuke esfregando os olhos com as duas mãos como sempre fazia quando era criança. Me permiti sorrir disso.

- Ohayo, Otouto.

Ele resmungou algo.

- Ohayo, Nissan.

Sorri e sentei ao seu lado.

- Tá com fome?

Sasuke revirou os olhos.

- Não precisa falar comigo como se eu ainda fosse uma criança, Itachi.

Não entendi.

- Não tô fazendo isso.

Resmungou.

- Tá sim, e isso me irrita.

Ele levantou e como Renaise, saiu da caverna. Ao que parece eu tenho irritado bastante as pessoas ultimamente. Ou por que eu tento cumprir um objetivo pessoal meu e quase matar alguém ou eu tento ser legal e acabo invadindo o espaço pessoal.

Mas que merda.

...

Renaise on

Estava a beira do rio lavando meu rosto quando senti o chakra de Sasuke em minhas costas e isso me assustou. Engoli em seco.

- Precisa de alguma coisa?

Ele me olhava e assentiu.

- O que?

Seus olhos desviaram de mim e seu rosto corou. Minhas sobrancelhas levantaram achando graça.

- É...

Suspirei chegando mais perto dele.

- O que foi? Tá ferido?

Só podia ser. Uchihas tem a mania de ficar com vergonha por pedir ajuda.

- Não, eu... Preciso de um... conselho de uma... mulher.

Tranquei o riso mas logo me recompus.

- Pode falar comigo.

Sasuke assentiu ainda olhando pra baixo.

- Eu sei. Itachi disse que você é uma boa ouvinte e que me aconselharia melhor que ele.

Agora minha curiosidade havia sido ativada.

- Então me fale o que é.

O moreninho andou em direção a uma pedra grande perto do rio e sentou ali com uma perna dobrada e o braço direito apoiado nela. Me aproximei e sentei ao seu lado considerando seu gesto um convite. Esperei seu tempo, sabia que quando estivesse pronto me contaria.

- Você já... gostou.. de uma pessoa que feriu?

Estranhei.

- Não. Normalmente quando eu gosto de alguém digo a ela, se a pessoa vai aceitar já é outra coisa. Por que? Está sentindo isso?

Ele assentiu quieto e eu sorri.

- É a Karin?

Seu rosto ficou vermelho e Sasuke me olhou como se não soubesse onde se socar. Eu ri disso.

- Como...?

Ele estava literalmente sem fala.

- Você é muito óbvio as vezes. Digo, quando ela senta perto de você, você não costuma se afastar e outra, eu vejo como a olha.

Agora sim, dava pra confundir seu rosto com um tomate. Sasuke suspirou.

- Vai me ajudar?

Tive vontade de rir mas me contive.

- Ajudar em quê? Você está com a cama pronta Sasuke, é só deitar nela.

Sorri pra ele que ainda parecia meio indeciso, mas ele assentiu.

- Então eu, literalmente, não preciso fazer nada?

Dei de ombros.

- Seria bom se você a trata-se melhor.

Seu rosto se contraiu.

- Como assim?

Eu ri.

- Quando ela puxar conversa, você dá continuidade. Quando ela te abraçar, não se afaste mas também não revire os olhos, retribua. Você não precisa realmente fazer algo mas podia mostrar a ela aos poucos que você a retribui da mesma forma.

Sasuke assentiu ainda pensativo.

- Ta bom. Vou tentar fazer isso mas...

Sorri.

- Se precisar, estarei aqui.

Ganhei um meio sorriso do Uchiha mais novo e gostei disso. Sasuke realmente parece ser uma pessoa incrível mesmo que ao seu jeito.

Voltamos pra dentro da caverna onde estavam os outros agora acordados. Karin me olhou com os olhos franzidos quando me viu chegando com Sasuke e não conseguiu esconder o ciúme, tive que rir um pouco e ele negou.

- Deixando ela com raiva não me ajuda muito, sabia?

Sorri pra ele e toquei seu braço.

- Não se preocupe, ciúmes é um bom sinal.

Ganhei seu sorriso e fui pra perto de Obito que comia uma maçã.

- Eu também quero.

Ele riu e me deu uma.

- Não comeu nada desde que acordou?

Neguei já mordendo a fruta e o vi revirar os olhos.

- Deveria se alimentar melhor.

Eu ri.

- Dieta.

Ele sorriu e não falou mais nada.

- Itachi-kun?!

Ouvi a voz da ruiva e fingi que não. Ainda não entendo tal intimidade.

- Pra onde vamos depois daqui?

Olhei pra Itachi me perguntando o mesmo que ela. Será que agora que as coisas estavam em ordem entre ele e Sasuke iriam voltar pra Konoha?

- Vamos pra Otogakure.

Suigetsu franziu as sobrancelhas.

- Como Oto? Não íamos pra Konoha?

Itachi negou.

- Ainda não é a hora.

Seu olhar veio até mim e eu desviei me concentrando em minha maçã.

- E você, Renaise? Pra onde vai? Seguirá conosco?

Suspirei com a pergunta de Juugo.

- Vou voltar pro meu país. Talvez consiga um lugar no hospital de lá, quem sabe.

Dei de ombros dando a conversa por encerrada.

- Você não pode, quer dizer, precisamos de você.

Sasuke olha pros outros como quem procura apoio. Suspirei novamente.

- Não precisam não. A minha missão era ajudar seu irmão a chegar em você, depois disso iria cada um pro seu lado.

Vi Itachi baixar a cabeça e levantar saindo da caverna. Sasuke me olhou com o Sharingan ativado e eu apenas arqueei uma sobrancelha.

- Precisava disso?

Ué.

- Disso o que? Tá doido?

Ele murmurou algo.

- Ele tava contando com você, queria você com a gente. Disse que você fazia parte da família agora.

Ah, pronto.

- Não posso fazer nada a respeito.

Engoli a bile que veio em minha garganta ao pronunciar tais palavras mas realmente eu não podia fazer nada, ele tinha feito a escolha dele e eu a minha. Ouvi Sasuke bufar.

- Pelo menos fale com ele. Itachi é fechado e não costuma demonstrar sentimentos mas ele se importa.

Revirei os olhos e continuei onde estava já cansada de sempre ser EU a correr atrás de alguém. Mesmo que sabendo que no final, eu sempre cedia.

- Se ele quiser falar comigo, diga a ele que a distância é a mesma.

Seus olhos ainda ardiam com o Sharingan tentando me intimidar mas eu sabia que, por algum motivo, não surtia efeito em meus olhos. Talvez tenha a ver com as experiências de Orochimaru enquanto estive lá mas ele "criou" um corpo totalmente imune a qualquer Kekkei Genkai que eu conhecia.

- Ele quer falar com você, foi por isso que foi pra rua. Foi um convite mudo.

Olhei pra Sasuke ainda com sarcasmo.

- Não entendi desse jeito.

Seus olhos se fecharam e quando ele abriu estavam escuros de novo.

- Ele não iria te convidar com palavras, conhece Itachi o suficiente pra saber isso.

Eu ri.

- Não. O único Uchiha que eu um dia realmente conheci foi Obito, o resto de vocês são pessoas as quais eu convivo e só.

O clima pareceu ficar pesado mas eu não me importei. Deixei meu orgulho de lado e me levantei seguindo o caminho de onde se encontrava o chakra de Itachi. Ele estava na mesma pedra que Sasuke agora a pouco, com as mãos nos bolsos olhando pro rio e seu rosto não demonstrava emoção nenhuma.

- Por um minuto realmente achei que não viria.

Eu ri com a possibilidade que nunca existiu.

- Acho que se enganou.

Seu olhar foi parar em seus pés.

- Ao que parece...

Cruzei meus braços em frente à meu peito e me aproximei da pedra também me encostando e olhei pro horizonte.

- Sabe o que quero pedir.

Suspirei.

- Terá que pedir com palavras.

O ouvi rir mas não olhei em seu rosto. Percebi seu olhar em meu rosto mas meus olhos não saíram do pequeno peixinho que estava com a cauda presa na grande pedra.

- Quero que vá conosco. Hun... Por favor.

Neguei.

- Por que?

Foi a vez dele suspirar.

- Preciso de você.

Eu sorri mas o sorriso não chegou em meus olhos.

- Não, não precisa.

Itachi murmurou algo e eu não fiz esforço suficiente pra entender.

- Você é importante, queria que ficasse comigo. Afinal, eu prometi que iria te proteger.

Ele pegou meu queixo e me fez olhar em seus olhos. Seu rosto estava sereno e seus olhos tinham as olheiras as quais eu adorava.

- Me desculpe, mas está fazendo isso errado.

Seu rosto se contraiu.

- Eu sei e peço desculpas, peço também que me dê outra chance, si é que ainda posso pedir algo.

Apenas assenti ainda hipnotizada por seus olhos negros.

Só me dei conta do que estava acontecendo quando Itachi já estava com seus lábios sobre os meus...

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