18: Animais e xingamentos

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"Ligarei e farei uma promessa primeiro: chegarei um segundo antes do 1 desaparecer! Pois estou nessa, estou nessa! Não precisa falar assim, você é meu melhor amigo! Estou nessa! Somos ilimitados! Você pode sempre vir me visitar. Do que precisa? Mesmo que não perceba, eu me importo. Quando estou nessa, e eu estou nessa, não importa o que aconteça, você ainda é meu melhor amigo! [...] Nos reunimos num fim de semana livre. E aí? Cheguei! Planos sem planos. E daí? O dia é longo, desaparece com todas as preocupações."
— 'Best Friend', NCT DREAM

Hyunwoo estava a caminho da escola. A mochila surrada nas costas e o uniforme mal passado eram suas únicas companhias. Caminhava mas sentia como se o caminho se estendesse mais a cada passo que dava. Depois de muito tempo gasto, alcançou a escola.
Ao passar pelo portão, avistou Seokjin que virou o rosto para fingir que não havia o visto. O jogador de basquete se virou para o lado e viu Sungeun, à qual se dirigiu.
— Oi, Sung! Você veio pra escola sem mim? Achei que viríamos juntos já que dormi na sua casa...
— Aham. — Foi tudo o que a Jang o respondeu. Mas, antes que Hyunwoo pudesse falar algo a mais, Joohyun se pôs entre os dois.
— O que você ainda tá fazendo aqui, Grandão?
— É, sai daqui! — Chaerin incentivou — Não vê que faz mal pra nossa amiga?
— Eu? — Hyunwoo não entendeu.
— Acha que é fácil amar alguém e descobrir que nunca vai ter essa pessoa? — Sungeun o respondeu friamente — Se você puder, faz o favor de sumir da minha vida.
— Mas... Sung? — O mundo de Hyunwoo se desfez. Sentiu olhares queimarem sobre a derme conforme se afastava amedrontado daquelas faces raivosas e magoadas.

Continuou se afastando de costas até que esbarrou em alguém.
— Me desculpe! — virou-se para se redimir e viu que era Baekhyun.
— Olha por onde anda, Bambizinho!
— V-Você também sabe? — olhou para os lados e encontrou Sungchan mais ao fundo da sala e correu até o mesmo, ignorando a resposta ofensiva que Baekhyun deu. — Chan! CHAN! Me ajuda, por favor?
— Ih, Hyunwoo, sai de perto de mim. Não vai ser bom me verem falando com você. Vai pegar mal pra mim.

Hyunwoo sentiu os pés sendo expostos a um gigantesco e escuro abismo, como se um buraco tivesse aberto sob si e caiu. Tão fundo e rápido que o rapaz não fazia mais ideia de como voltar à superfície ou se queria. Ao atingir o fundo do local escuro, abriu os olhos rapidamente se assustando com a feição preocupada de Sungeun o olhando.
— Hyun? Cê tá bem? Você tava falando enquanto dormia... acho que era um pesadelo...
— Sung! — a abraçou forte, não medindo sua força, estalando todos os ossos da coluna da dona do quarto que retribuiu o ato memo sentindo dor.
— Ai! É, acho que era um pesadelo e daqueles!
— Desculpa! É que foi horrível!
— Tá tudo bem. Se quiser pode estalar essa minha vértebra aqui que faltou! — brincou com o amigo. — Vem? Quer tomar um banho? Vamos tomar café e no caminho da escola você me conta o que você sonhou. Pode ser?
— Okay.

No momento em que Hyunwoo se despiu já no banheiro da casa de sua amiga e se olhou no espelho, não pôde evitar, mesmo que por um décimo de segundo, olhar para o seu reflexo com os mesmos olhos que o olharam em seu pesadelo. Logo sua feição mudou drasticamente para um rosto preocupado e amedrontado. Tinha medo do que poderia acontecer consigo. Tinha medo do que poderia acontecer com seus queridos por sua causa. Tinha medo do que poderia acontecer consigo, caso acontecesse algo com seus queridos por sua causa.

☆ ★ ✰

— Sinto muito que tenha que suportar tantas agressões assim, Hyunwoo. — A mãe de Sungeun conversava amigavelmente com os adolescentes enquanto tomavam café. — Pai e mãe nunca deveriam levantar a mão aos filhos.
— Fazer o quê, tia? — Hyunwoo perguntou retórica e apaticamente.
— Você não pode aceitar essa situação. Sei que é difícil... eu mesma aturei essa violência em casa por muito tempo. Só consegui reunir forças pra ir contra isso agora há pouco, a Sungeun deve ter lhe contado.
— Falou.
— Se você quiser, a gente pode ir na delegacia e eu vou como testemunha da forma que você chegou à minha casa ontem.
— N-Não! Não precisa, tia. Se eu fizesse isso, meu pai poderia ser preso... não, não.
— Tudo bem então, Hyunwo... mas se mudar de ideia, saiba que pode contar comigo!
— Com a gente! — Sungeun acrescentou.
— Obrigado, gente!

Amigos de verdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora