Prólogo

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  Eles continuaram observando com cautela, sem esperança de que realmente terão a resposta que precisam. O silêncio é mais do que uma resposta para eles, a pior de todas, na verdade. Antes, a diretora só vinha uma vez por ano fora quando a chamavam, para ter certeza que a passagem dos Filhos do Oráculo seria precisa e certa. Agora, ela se vê vindo quase toda a semana, convencendo a si mesma de que está maluca, e que o que ela viu há séculos atrás foi apenas uma alucinação da sua cabeça. Tentou com todas as forças entregar essa lembrança nas amargas mãos da loucura, porém, a sensação que irradia todo o seu corpo não lhe deixa pregar os olhos ao escurecer.

Ao seu lado, o protetor do Oráculo continua confuso.

  - Deveria estar acontecendo... - Egídio disse, sem tirar os olhos do grande espelho com as bordas revestidas em um dos mais belos ouros que já tinha visto em toda a sua vida.

Porém, o Oráculo continuou silencioso, vazio.

  - Já devia ter acontecido. - A diretora disse, com exaustão evidente na voz. - A mais nova delas tem quatorze anos e a mais velha vinte e um. A diferença de idade delas tinha que ser mínima, e deviam nascer na mesma época

  - Minha senhora, eu sinceramente não sei como ainda não tivemos respostas. Uma vez eu vi a luz da criação se acender três vezes no mesmo ano, e vieram apenas duas meninas.

A mulher ao seu lado, de cabelo enorme e dourado franziu suas finas sobrancelhas.

  - Quando foi isso?

  - Há dezessete anos. Ela acendeu três vezes, e não demorou muito para o Príncipe da região Terra e a Princesa da região Ar avisar que Virgem e Gêmeos estavam a caminho, mas eu não entendo como a terceira luz se acendeu se esse signo ainda não veio

  - Faz muitos anos, Egídio. Já era para ela ter vindo!

  - Não temos outra explicação. Foi uma falha do Oráculo

  - Ele nunca falhou antes, e não acho que começaria a falhar agora. Principalmente...

A compreensão bateu com tudo na cabeça de Cibela. Há dezessete anos atrás, foi onde tudo começou. O motivo das profecias se iniciou naquele ano, onde as coisas começaram a dar muito, muito errado. A diretora sabia que esse dia ia chegar, mas ainda tem uma peça fora do eixo. Algo não se acertou, algo muito importante ficou de fora durante dezessete anos. Algo capaz de mudar o rumo de toda essa maldita situação que vem se aproximando lentamente em cada segundo do dia. Cibela estava ocupada demais para vir ao oráculo naquele ano pela terceira vez.

E a magia do mesmo, não foi o suficiente para trazer o décimo terceiro signo até Enosya e enfim ajudar na restauração das coisas que ainda não tinham se quebrado totalmente. Não como estão quebradas agora.

Isso está muito, muito errado.

Cibela lançou um olhar angustiado para Egídio que não foi capaz de entender. A mulher virou as costas e saiu correndo em disparada para a sala proibida, onde magias antigas, rituais, símbolos proibidos e tudo de culto está escondida na mesma. Bastou Cibela parar de frente para a parede do concreto mais dura que já existira, pegar uma das pequenas rochas amontoadas no chão e deslizar de forma precisa sobre o seu braço. Rapidamente sangue emergiu, e a mulher não pensou duas vezes em mergulhar o dedo ali e fazer o símbolo que ela conhecia muito bem. O símbolo capaz de destrancar até o feitiço mais forte, feito pelo melhor feiticeiro existente.

Quando acabou, Cibela usou a mesma rocha pequena para cortar uma mecha de seu cabelo loiro e ir colocando fio por fio sobre o sangue desenhado na parede. Ela estava ciente do olhar atento e da respiração tensa de Egídio atrás de si.

As 13 Bruxas do ZodíacoOnde histórias criam vida. Descubra agora