Cap 4 - Bruxas Pé no Chão

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Contei a eles tudo que me foi dito na sala espelhada. Até Egídio que antes estava com um sorriso no rosto, já não sorria mais. Cibela manteve as sobrancelhas franzidas o tempo todo e não ousou dizer nada, o que confesso ter me deixado nervosa.

- Bom, não tem o que fazer - O homem suspirou, ajeitando suas vestes. - Se o Oráculo disse, então não tem o que contrariar

- Olívia, você entendeu alguma coisa, qualquer coisa dessa profecia?

Neguei com a cabeça, impossibilitada a relacionar essas coisas no momento.

- Devemos levá-la para conhecer as meninas, minha senhora

Cibela ergueu a cabeça e respirou fundo.

- Faça ela comer alguma coisa antes, deve estar exausta. Depois, leve-a para o zodíaco

- Outro templo que fala de profecia? - Choraminguei, já cansada desse rolê todo.

- Não, garota burra, o zodíaco é apenas uma sala onde os signos se reúnem, também onde tem seus dormitórios. Antes eram todas as constelações, mas por velhos costumes decidimos batizar os aposentos das bruxas assim

- Não sabia, e não me chame de burra!

- Como mais eu devia tratar uma humana tola que nem você que não sabe o básico do mundo místico?

Cruzei os braços, começando a me irritar.

- E o que eu poderia saber, velho?

- Sobre tudo, sua ignorante - Seu tom de voz é rígido. - Magias boas e ruins, sereias, minotauros, estrelas, sobre os Deuses, signos, profecias. É tudo tão amplo e amistoso

- Você é uma pessoa bem desocupada, né não? Já pensou em arrumar uma namorada? - Ergui uma sobrancelha.

Egídio me olhou com ódio no olhar e entreabriu a boca, possivelmente para me responder, porém Cibela nos mandou ir, já cansada dessa baboseira. Me falou para pegar roupas novas e me alimentar, que em questão de minutos vai me apresentar para as garotas. Concordei, ainda mentalmente perturbada com essa loucura toda.

Fui com o velho rabugento para uma parte isolada dessa escola, mas o cheiro mostrou que estamos perto da cozinha. Meu estômago roncou. Ele me pediu para esperar enquanto ia buscar algo pra mim comer, sem emoção nenhuma na voz. Que cara sem graça e sem humor.

Fechei os olhos, encostada no mármore frio, tentando assimilar tudo. Eu, um signo? Uma bruxa? Só pode ser piada, mas eu não estou sentindo a menor vontade de rir. As palavras da profecia rodearam a minha cabeça com várias especulações que não fazem o menor sentido. De qualquer forma, eu sei que estava certa em questão a carta de Yale. Além de ser mal humorado, Egídio ainda é um péssimo ator.

Por falar nele, ouvi barulho de passos vindo exatamente na direção em que ele saiu para buscar algo, só que, não foi Egídio que entrou no mesmo corredor em que eu estou agora.

Me escondi atrás de uma pilastra, tentando não fazer barulho. Fechei os olhos, inspirando vagamente. O farfalhar de asas me deixou em alerta, o que fez meu corpo quase explodir de ansiedade e talvez medo. Não quero ver um aluno sanguinário passeando por aqui justamente quando eu estou. Pode ter certeza que não é meu dia de sorte.

A pessoa foi andando até chegar bem perto de onde estou, mas parou no mesmo instante, me deixando ver claramente a sua sombra. Um garoto com asas grandes, o porte atlético.

- Estou sentindo o seu cheiro, seja lá o que você for

Trinquei os dentes e fechei os olhos com força. Só pode ser brincadeira.

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⏰ Última atualização: Jan 31, 2022 ⏰

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