-ISSO É SÉRIO?- Tris gritou praticamente cuspindo quase toda a torrada que tinha colocado na boca.Era segunda, estávamos tomando café e esperando que o Johann viesse pela gente. Falando nele, não é que ele cumpriu mesmo a promessa? Beijou a Tris no final do encontro, oque significa que, quando ela voltou me deixou acordada até as 3:00 da manhã me contando o quão maravilhoso foi.
Eu estava contando para ela como foi a minha saída com o Zabdiel, que por acaso só durou meia hora, porque só falamos sobre a escola e sobre a família dele que me interessavam, já que eu continuava pensando que algo estranho estava acontecendo. Depois Zabdiel recebeu uma chamada de um dos seus irmãos, Joel eu acredito, pedindo que ele voltasse para casa porque precisavam dele na oficina. Nós fomos embora caminhando, mas não antes dele conversar com o dono pedindo uma entrevista para segunda, depois da escola.
Bom, você não pode se queixar Kelsey, foi um sábado interessante.
Eu confirmei com a cabeça e a Tris entrecerrou os olhos.
-Não vamos ter que pagar uma para o dono né?- A olhei com os olhos bem aberto e abri minha boca surpreendida.
Não Tris. Nós não vamos ter que pagar uma para o dono.- Olhei mal para ela- Zabdiel disse que conhecia os donos, você pode confiar nele por um segundo?
-Kelsey, eu não confio em nenhum deles, nenhum. Tudo bem que ele é um garoto simpático e tudo... Mas o Johann disse para a gente não confiar neles, então eu não vou.- Revirei os olhos.
-Não me importo com oque o Johann disse, talvez ele estava tentando me ajudar ou me assustar, não interessa. Esse garoto é gente boa, ta tentando ajudar a gente por que ele me achou legal, e você não deixa de pensar no que o Johann disse. Como eu posso confiar nele? Porque se a gente for justo, o mesmo tanto que eu conheço o Zabdiel é o mesmo que eu conheço o Johann.
-É muito diferente.- Ela me fulminou com o olhar- Eu confio em Johann porque o conheço. Você não pode confiar no Zabdiel? Porque não sabe nada a respeito dele. Por que? Porque ele nunca fala nada, nem ele e nem os irmãos dele. Como nós não sabemos que eles não são assassinos de garotas adolescentes?
-Porque simplesmente eu sei. Alguma coisa acontece com eles, mas eu tenho certeza que assassinos eles não são. Deixa de ser tão exagerada.
Dei por terminada essa discussão. Eu não estava disposta a insultar o Zabdiel só por que nós não sabíamos nada sobre ele e porque o seu precioso Johann tinha dito um milhão de idiotices para ela, sobre o quão perigoso eles eram. Eu não acreditava que o Zabdiel fosse perigoso e ponto.
Mas os seus irmãos...Dão medo.
A campainha soou e ambas pegamos nossas bolsas sem dizer uma palavra, descemos e saímos do edifício. Quando Tris viu o Johann, correu até ele, o abraçou e deu um suave beijo nos lábios dele.
Isso é nojento
-Oi.- Cumprimentei o Johann, que me respondeu balançando a mão.
Abriu as portas para nós duas e começou a dirigir rumo a escola.
-Quais as novidades Kelsey?- Continuava aborrecida com a Tris pelo oque tinha acontecido e inconscientemente estava com raiva do Johann por ter dito essas besteiras sobre o Vélez e ter feito lavagem cerebral na minha melhor amiga. Tris me ameaçou pelo olhar e estava com uma cara de "Nem se atreva, deixa que eu conto".
Mas é claro que vai ser eu quem vou ter o prazer de contar para o Johann.
-Quais as novidades?- Repeti pensativa- Bom no sábado, sai com o Zabdiel para um bar no centro do povoado, e resultou que lá estão procurando procurando garçonetes para trabalhar e como ele conhece os donos de lá, conseguiu uma entrevista para mim e para a Tris, depois da escola.- Vi a maneira em que ele me olhou pelo retrovisor e no mesmo instante me dei conta de que ele estava furioso. Tris que estava do lado dele também me fulminou com o olhar, outra vez.
-Zabdiel Vélez?- Eu afirmei e vi como as mãos dele apertavam o volante.- Isso é... Ótimo, parabéns.
Que?
-Que?- A pergunta saiu da minha boca sem que eu me desse conta.
-Disse parabéns.- Olhei pelo retrovisor e vi que ele tentava forçar um sorriso.
Que tipo de merda é essa?
-Você não está com raiva?- Tris tocou o braço dele e ele olhou para ela sorrindo da mesma maneira.
Bom, Johann não sabe mentir, suponho que é um ponto para mim.
-Não estou com raiva. Apenas desisti, Kelsey não vai acreditar em mim com oque eu digo sobre os Vélez e isso é tudo.- Eu bufei
Claro, agora eu sou a ruim da história.
Não é isso Johann, é porque de verdade nós precisamos do trabalho...- Tris falou tentando me defender e eu voltei a revirar os olhos- Você sabe que eu quero ficar o mais longe possível deles, dão medo
Ah claro, quando eu digo é paranoia e estou louca e tenho alucinações. Mas quando é ela que diz, ta tudo bem e o pior é que o seu namorado sorrir. Oque é que ele sabe para dizer que eles são perigosos?
Apenas entramos na escola, abri a porta do carro e desci sem esperar os pombinhos que já tinham me estressado, para ser sincera. Peguei minhas coisas no armário antes que a Tris aparecesse e corri para a aula de biologia. Tinha até me esquecido que eu iria ver o Christopher hoje.
Como se ele pudesse ler meus pensamentos, entrou pela porta se dirigindo para nossa mesa novamente. Coração estúpido que não deixa de bater, se acalma.
-Oi.- Ele me cumprimentou como se fosse o mais normal possível, olhando para os seus cadernos que estavam em cima da mesa.
-Oi.- Cumprimentei de volta e acalmei um pouco a minha respiração.
Só é um garoto mais Kelsey, só um garoto mais.
-Como vai?- Me animei para perguntar, esperando uma resposta.
-Bem.- Isso foi tudo. O sinal tocou e os alunos começaram a entrar. Tris e Johann olharam para mim de mão dadas, um pouco decepcionados.
Oque era isso? Um reality show? Pensavam que eram meus pais para me dizer oque eu deveria fazer?
Meu Deus.
O professor entrou e deu a sua entediante aula. Me entediei ainda mais ao saber que os olhos do Christopher não estavam fixos em mim, e ainda que fosse um alivio não me senti observada, sentia falta da maneira que ele me olhava.
Sim, eu estava louca, mas qualquer garota gosta de ser observada de vez em quando.
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CHRISTOPHER
Mistero / Thriller-Se afasta de mim- Sua voz era firme, como se oque acabou de acontecer não tivesse acontecido . Como se ele não tivesse me empurrado contra os armários exigindo respostas de perguntas que eu não compreendia, e como se depois ele não tivesse feito es...