-E só desapareceram? Do nada?- Tris me olhou insinuando que eu estava louca. Eu só me enrolei mais em mim mesma e me tapei com a manta que estava no sofá.
-Sim. Como se eles tivessem se teletransportado ou algo do tipo.- Olhei para Tris e ela tinha seus olhos quase fechados e fez uma careta com os lábios.- No que você está pensando?
-Que você esta louca e que isso tudo é só a sua imaginação.- Me olhou fixamente e depois caminhou até o seu quarto
Eu não estava louca e isso não tinha sido a minha imaginação. Me levantei indignada e caminhei até o seu quarto, Tris estava tirando os livros da sua bolsa, provavelmente pensava em fazer suas tarefas
-Por que eu inventaria isso Tris? Isso não tem sentido.- Por debaixo da manta que estava enrolada no meu corpo, coloquei minha mão na minha cintura.
-Provavelmente você fez isso porque ta convencida de que essa garoto tem algo de estranho.- Levantei minhas sobrancelhas
-Como eu vou saber se eu só conheço ele a um dia.- Ela revirou os livros e pegou os mesmos, enquanto se sentava em sua cama.- Além disso, eu nem se quer conheço ele, só sei seu nome porque o outro garoto falou.
-Tem certeza que esse é o nome dele? Porque talvez você também tenha inventado como as demais coisas.- Dei um olhar ruim para ela
-Por acaso você virou psicóloga agora? Ou tem poderes mágicos? Como você tem tanta certeza de que eu inventei?- Ela me olhou rindo
-Não sei. Só estou apenas dizendo que talvez o seu subconsciente te traiu e você imaginou tudo isso. Por que esses garotos que nem te conhecem te assediariam? Ou porque ele te defenderia se também não te conhece?- Disse me encarando e seu olhar dizia : "Coitadinha ela está ficando lunática, tenho que colocar ela num hospício antes que ela comece a escrever nas paredes" e eu fiquei calada por alguns segundos, pensando.
Só por um instante, nada mais que 1 instante, considerei oque ela estava dizendo. Quer dizer, não era a primeira vez que isso acontecia comigo. Uma vez, quando eu era criança no orfanato, eu sonhei que uma família tinha me adotado e no outro dia quando eu acordei, fiz minhas malas e me despedi da Tris como se fosse real, fiquei o dia todo esperando que eles viessem me chamar, nem sequer fui para as aulas. Quando ficou de noite fui para o escritório principal e eles me disseram que isso nunca tinha acontecido.
Mas isso não era desse jeito, quer dizer, eu não poderia ter dormido indo para a sala de biologia. Talvez tenha desmaiado...Mas eu nunca escutei um caso de alucinação durante um desmaio. As pessoas desmaiam e não sonham, não é mesmo? Mas não foi um sonho, aquilo foi tão real. Senti o tato de dois garotos em mim e a sua respiração perto de mim, seu calor corporal, os olhos do Christopher me observando. O arrepio pelo meu corpo quando ele falou, enquanto olhava nos meus olhos.
Sacudi minha cabeça. Não foi um sonho! Não sabia como e nem o por que, mas eu tinha muita certeza disso.
-Eu não sei Tris, ta bom?- Respondi a sua pergunta- Mas não foi um maldito sonho e eu também não inventei.- Sai do seu quarto e escutei seus gritos atrás de mim
-NÃO FIQUE COM RAIVA DE MIM, SÓ SÃO HIPÓTESES!!!!- Fechei a porta com muita raiva e me joguei na cama enquanto olhava o teto.
Oak Minds, maldito povoado. Vai me deixar louca!
(...)
No dia seguinte acordei sozinha graças ao meu despertador, me banhei e me arrumei sem nenhum grito de exigência da minha melhor amiga. Abri a porta e preparei um café da manhã. Só pra mim. Porque sim. Continuava com raiva da Tris. Eu estava tendo crises e a única coisa que ela fazia era me chamar de louca e dizer que tudo são ilusões.
Então desculpa, suposta melhor amiga, mas ontem eu estava lá para escutar você falar do maldito Johann e o quanto ele era gostoso.
Peguei uma colherada de cereal e coloquei na minha boca com muita brutalidade. Fiz o dobro do barulho que os adolescentes fazem quando comem cereais porque estava com raiva e estava descontando na minha preciosa comida.
Kelsey, a comida sempre esteve ai para você, não faça isso.
Só por esse pensamento relaxei um pouco minha mandíbula. Tris entrou na cozinha depois de uns vinte minutos. Ainda estava de pijama e aposto que nem sequer tinha banhado. Me olhou surpreendida
-Espero que isso aconteça todos os dias. Quero dizer, é um milagre que eu não tenha que ir gritar para você acordar, hoje você fez isso antes de mim.- Meti outra grande colherada de cereal na minha boca e falei como se o leite não tivesse todo espalhado pela minha cara.
-Não tenha tanta certeza, talvez eu te contagiei com a minha loucura e agora você está tendo alucinações.- Ela revirou os olhos e colocou a mão no meu ombro enquanto se aproximava.
-Não seja idiota Kelsey...- Pegou um lenço de papel e me deu.- A loucura não é contagiante.
Abri minha boca com indignação, deixando com que todo o cereal se espalhasse pela minha roupa. Maldita vagabunda eu tenho de melhor amiga. Agora eu tinha que trocar de roupa de novo.
Troquei de roupa, outra vez e continuei tomando meu café, enquanto Tris demorava meia hora para fazer tudo que tinha que fazer pelas manhãs . Agradeci a Deus por ter acordado cedo, se não a gente iria se atrasar. Ainda que isso não fosse nada improprio para mim, para dizer a verdade.
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CHRISTOPHER
Mystère / Thriller-Se afasta de mim- Sua voz era firme, como se oque acabou de acontecer não tivesse acontecido . Como se ele não tivesse me empurrado contra os armários exigindo respostas de perguntas que eu não compreendia, e como se depois ele não tivesse feito es...