SUNOO
Num momento de ousadia, decidi andar para o outro lado, pela floresta, já que teria problemas de qualquer forma, poderia me divertir ao menos um pouco.
O fato de estar sozinho não estava me assustando. Analisava com atenção a natureza. Via as árvores, sentia o vento.
Confuso com o sentimento de já ter vivido isso antes, caminhei como se esperasse que alguma coisa acontecesse. Eu não saberia descrever.
Apurei os ouvidos, a visão. Andei como se fosse atraído por uma força maior. Havia uma presença na floresta, em algum lugar.
Eu me esquecera do frio e apenas seguia minha intuição.
Num dado instante, cheguei tão perto daquilo. Próximo a um tronco, por trás, era lá que estava. Me aproximei, curioso, achando que ele poderia fugir se eu o alcançasse rápido demais. Fui contornando devagar.
A neve se moveu, como se aquilo desse um passo.
— Sunie? — uma voz me chamou.
Olhei pra trás.
— Mamãe!
— Sunie!!! — Ela chorava tanto... Por quê?
Corri para abraçar ela.
— Tem alguma coisa na floresta — contei inocentemente.
— Saiu sem o manto, achei que eles tivessem levado você de mim. — Ela pôs o tecido quente em minha volta, nervosamente.
— Tá atrás daquele tronco... tem uma coisa lá!
— Não me assuste de novo, tá? — Ela me abraçou com muita força, respirando fundo. — Você não deve sair sozinho, não deve.
Mamãe falava com suavidade, mas seu rosto era apenas um grande desespero quando eu a olhava.
Eu não era capaz de entender.
— Não chore... — pedi, meio culpado.
— Só não faz isso de novo! Podia ter morrido de frio!
— Eu não tô com frio — revelei.
Ela se levantou de súbito.
— Vamos voltar, Sunie. Você ainda tá muito descoberto, vai piorar se ficar mais aqui.
— Não... — Me segurei no mesmo lugar quando ela tentou me puxar. — Tem algo atrás da árvore!
Ela me olhou séria.
— Uma pessoa?
— Eu posso ver?
Seus olhos vagaram em todas as direções, ansiosa.
— Vem, mamãe — falei puxando ela pela mão. Curiosamente ela me acompanhou, mas não parecia feliz com a ideia. Sua mão estranhamente tremia na minha, mas não me importei com isso na época.
Segui em direção à árvore morta erguida. Meus olhos atentos a qualquer movimento. Em poucos passos cheguei lá ao tronco de novo, mas dessa vez pude avançar para além.
Meu peito pulava em expectativa, mesmo sem fazer ideia do que estava procurando. Eu sabia que encontraria...
Lentamente, eu vi o tudo girando e a árvore foi revelando seus lados.
E então mais nada...
— Sunie, não tem ninguém aqui. — Mamãe tinha me virado bruscamente de frente pra ela e então dizia aquelas palavras. Segurou meu rosto com certa pressão. — Não tem nada aqui. Não volte a dizer coisas assim, ouviu bem? Não tem nada na floresta! Eles não podem te encontrar... — Olhou em direção as casas. — Venha! Não siga aquilo que não pode se ver, isso pode te colocar em perigo. Não quero que se machuque, entendeu? Tem que ficar bem.
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Império de Gelo • sungsun
ФанфікиNum império onde seus habitantes nunca viram o Sol, o frio consome a esperança que ainda resta em cada ser, apagando o passado dos quatro reinos elementares. Num império onde o príncipe herdeiro encontra uma criança perdida, e após acreditar ser s...