Virei-me para encarar Scott e segurei o capuz de seu casaco grosso. O pequeno canadense sorriu, não fazendo a menor ideia do que eu estava prestes a fazer. Coloquei o capuz em sua cabeça e logo em seguida pude ouvir a risada da minha criança favorita. As mãozinhas dele logo empurraram a minha e tirou o objeto com pelinhos na ponta. Tudo que pude fazer foi repetir o ato bobo. Várias vezes. E Scott continuava rindo!
— O que estão fazendo? — Sean adentrou a sala já fazendo uma pergunta óbvia.
— Brincando! — Scott respondeu com animação extrema.
— Sean, não quer trocar Scott pela minha irmã? — Soltei minha oferta com uma risada, sem deixar de fazer minha brincadeira.
— Se ela for quente... — Ele não terminou a frase porque eu joguei uma almofada em sua direção. Sean desviou, mas pelo menos consegui fazê-lo calar a boca. Com toda a certeza Scott agora estava sem o capuz e bem atento.
— Quente? — Ele espremeu os lábios, olhando do irmão para mim. — Sua irmã está com febre, Becky?
— Algo assim. — Murmurei agradecendo a todos os possíveis seres mágicos por sua inocência. Balancei a cabeça e aproximei-me de Scott, dando um beijo estalado em sua bochecha.
— Eca! — Resmungou ele ao esfregar as bochechas com suas mãos.
— Beijei apenas um lado! — Lembrei e baguncei seu cabelo, controlando minha risada. — Quando você ficar um pouquinho mais velho, vai adorar receber beijos! — Ao comentar isso, olhei para Sean que estava dando um sorriso discreto. Aposto que ele concordava comigo, até demais.
— Duvido! — Retrucou o canadense com uma carranca. — Isso é nojento demais! Tem baba demais!
Wow, quanta indignação!
— Vai por mim, mano, beijar é uma das melhores coisas que existem! — Sean comentou um pouco alto demais e piscou para mim. Até aí tudo bem, mas exatamente nesse instante a porta de entrada da casa abriu, trazendo o frio para dentro e o típico casal perfeito para dentro. A mulher com aproximadamente minha altura, pele levemente bronzeada, olhos e cabelos castanhos escuros. O homem logo intimidou-me com sua altura, mesmo que não fosse muito mais alto do que eu. Os olhos do homem até hoje não têm uma cor definida para mim, pois nunca cheguei perto o bastante para registrá-los em mente. E sim, eu sempre presto atenção em coisas assim no corpo de uma pessoa, justamente para conseguir descrever e comparar com meus personagens futuramente. Caso não tenha percebido, os pais de Sean acabaram de entrar em cena. Sarah e Lucas Johnson, o casal perfeito. O casal mais diferente que eu já conheci, o que não deixava de ser especial.
— Vejo que conseguiu fazer Rebeca ficar. — Comentou o Sr. Johnson com um largo sorriso direcionado ao filho. — E pela frase que acabei de ouvir, acredito que vocês vão brincar de luta livre novamente. — Completou, lançando um comentário jocoso.
Senti minhas bochechas esquentarem, mesmo que ainda estivesse sendo atingida pelo vento gelado das ruas de Toronto. Endireitei-me no sofá, encarando meus patrões. Eu não conseguia acreditar que Scott contara isso para eles, muito menos que Sean tinha a coragem de rir da minha cara. Babaca!
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Sonhos Canadenses
Teen FictionSerá que o amor pode sobreviver à fama? Rebeca Fletcher sonha em ser escritora. Arrisca-se ao divulgar suas histórias na internet, colocando todo o seu coração em uma história sobre dois adolescentes que sonham um com o outro sem se conhecerem. Obvi...