Capítulo 2 - Culpa

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— Hã? Como assim por um motivo diferente? — Hidan indagou com estranheza, tomado pela curiosidade. Jamais imaginaria ver o parceiro se deslocar em busca de algo que não fosse lucrativo. — Não tem nada pra fazer nesse lugar de merda.

— Vim encontrar uma pessoa. — Murmurou, empenhando-se em não chamar atenção. Com ambos invalidados para lutar, seria conveniente prezar pela discrição em meio à um antro de mercenários, em especial por serem membros da Akatsuki com um bela recompensa acima de suas cabeças. — Fique quieto por um momento. Não quero que me achem um idiota por conversar sozinho. — Falou seco.

— E isso é culpa de quem? Se você já tivesse me costurado...

— A culpa é sua por ter sido derrotado por um moleque. — O interrompeu, deixando claro estar zombando da situação em que se encontrava. — Não venha me responsabilizar pela sua incompetência.

O devoto estalou a língua em desaprovação e rosnou entre dentes:

— Você é um cretino.

Kakuzu ignorou completamente os insultos que lhe foram direcionados e seguiu até o destino buscado, parando em frente à uma casa aonde deu quatro batidas na porta e aguardou ser identificado. O recinto que há tanto não visitava parecia atemporal; inclusive o aroma de morte revestindo-o não desaparecia nunca.

— O ninja mercenário e renegado da vila oculta da cachoeira. — A entonação da anfitriã esbanjava exaustão ao recebê-lo. Tinha ciência de que, com a companhia, viriam problemas, porque o sujeito em questão jamais a visitaria se não precisasse de um favor. — Pra você aparecer aqui depois de tantos anos... o que você aprontou dessa vez, Kakuzu? — Sentou-se na mesa principal da sala escura, iluminada apenas pela fraca luz do sol escondido atrás da garoa eterna e sinalizou para que a visita fizesse o mesmo, sendo prontamente obedecida. 

Os cabelos grisalhos e as mãos trêmulas não escondiam sua idade, e a estrutura óssea aparentava ter diminuído com o passar do tempo. Bom, ao contrário da considerada "dupla zumbi", ela não abusava de jutsus proibidos para estender a própria juventude, então as sequelas causadas pela velhice eram esperadas.

— Preciso da sua opinião para saber se... — retirou o manto e a camisa, demonstrando os ferimentos profundos, inclusive em seus tecidos à um nível molecular estritamente preciso — é possível consertar?

A primeira reação dela foi semelhante à do próprio indivíduo machucado; um espanto sem igual que a fizera arregalar os olhos. Não eram marcas nada bonitas, contudo uma médica não deveria temer hematoma algum, independente do quão horríveis fossem. Passou as unhas contra a pele lesionada, percorrendo o mesmo caminho dos vasos sanguíneos e cessando os movimentos antes de chegar ao pescoço.

— Só um monstro como você pra continuar vivo depois de uma coisa dessas. — Pausou sua fala com os olhos fixos naquele corpo remendado e nada convencional. — É um jutsu incompleto, e por isso você não perdeu a habilidade de usar chakra para sempre. Consigo ligar suas veias outra vez, mas vai ser um processo dolorido e bem caro. — Explicou, enfatizando a palavra ligada ao valor. Conhecia bem o quanto costumava ser avarento.

— Não me importo, use os meios que precisar. — Alegou sem hesitação, vendo-a arquear as sobrancelhas em surpresa. Era atípico não incomodar-se com o preço.

— Isso é raro. — Comentou admirada, levantando-se para buscar as ferramentas necessárias para a operação. Serviu-se uma xícara de chá e deu um gole encarando o horizonte ao dizer: — Acho que até mesmo alguém como você tem outras prioridades além de dinheiro, então.

Devoção e ganância || KakuHida +18Onde histórias criam vida. Descubra agora