Capítulo 5 - Amor

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Um fio de saliva continuou interligando suas bocas no instante que Kakuzu decidiu afastar-se para checar a reação do outro. Não importava realmente se o gesto era apreciado; uma punição não deveria ser boa, afinal, contudo a situação parecia mais uma recompensa para Hidan. Ele esboçava uma expressão confusa e ainda assim sedutora enquanto quebrava os resquícios do beijo ao lamber os lábios excitado.

— Vai ter que fazer melhor se quiser mesmo me intimidar, Kakuzu. — Disse malicioso, encarando-o com um sorrisinho de vitória.

O mercenário franziu as sobrancelhas e engoliu seco imaginando ter sido pego no próprio jogo. Estava ciente de que um rapaz assim jamais teria sequer um mínimo de interesse nele, portanto parecia óbvio que o estava apenas provocando. Mas, droga, as reações causadas em seu interior definitivamente o haviam atingido com força.

— Você é mesmo um cretino sem pudor. — Rosnou ao segurá-lo autoritariamente no queixo, obrigando-o a fitá-lo diretamente nos olhos. O violeta intenso naquelas condições o deixara ainda mais balançado, porém vacilar era imprescindível. Se o permitisse tomar o controle acabaria fazendo papel de idiota, e isso não poderia acontecer de forma alguma. — Sendo tocado por alguém que odeia e mesmo assim fazendo uma cara dessas... mas, bom, acredito que esse nível de contato não seja o suficiente para desestabilizá-lo, considerando sua idade. — Soltou bruscamente seu rosto, utilizando o indicador para traçar um caminho invisível que iniciara-se no pescoço dele, movimentando-se suavemente para baixo rumo ao peitoral desnudo. — Imagino qual seria sua reação se eu... — desceu ainda mais, abrindo por completo seu manto ao chegar na região abaixo do umbigo — aumentasse o preço da dívida.

Hidan tinha certeza de que era um blefe. Claramente aquele homem não iria tão longe sem dinheiro envolvido, mas no fundo, existia um leve medo de que ele houvesse descoberto sobre seus sentimentos e estivesse zombando disso. Se fosse esse o caso, então encontrava-se em maus lençóis e a única opção plausível era manter a calma e fingir que a situação não o afetava, embora sua pele ficasse em chamas e ansiasse por mais a cada toque daquele sujeito. Maldita hora em que seu coração decidira bater mais forte por um caçador de recompensas miserável.

— Não adianta querer me assustar. Eu te conheço, Kakuzu. Sei que você é do tipo que só late. — Semicerrou os olhos e levantou o pescoço de maneira debochada para olhá-lo de cima como quem estava na vantagem. Por um lado era verdade, mas por outro também havia uma certa euforia; uma vontade de que ele seguisse em frente. — Quantas vezes você já não ameaçou me matar e não fez porra nenhuma? Além disso você não gosta de homens. — Soltou uma risadinha abafada. Talvez brincasse com a sorte ao atiçá-lo, talvez realmente acabasse passando dos limites a ponto de obrigá-lo a seguir em frente e talvez se arrependesse disso mais tarde, mas se existia a mínima chance de reciprocidade precisava descobrir.

— De fato, eu nunca me rebaixaria a ponto de me interessar por um idiota sem escrúpulos ou limites, mas... — mentiu indiferente, soltando-o até que caísse de joelhos no carpete. O devoto se frustrou com os adjetivos utilizados mas sorriu, dessa vez com um semblante convencido e desafiador que logo desapareceu de sua face ao ser amarrado novamente, agora imobilizado contra a mesa. Grande parte dos papéis voaram ao chão e alguns amassaram com o impacto, mas o tesoureiro tinha outras prioridades; que se danem os documentos importantes ou as finanças da Akatsuki. De qualquer forma o garoto já havia rasgado o principal. — Isso não é para minha satisfação pessoal. É um castigo para te ensinar a nunca mais se meter com o meu trabalho. — Aqui sua voz soou firme e dominante; a boca se curvou de maneira sádica. Adorava tê-lo tão submisso e calado, embora o que mais lhe fascinasse fosse a expressão amedrontada que ele tanto lutava para esconder.

Devoção e ganância || KakuHida +18Onde histórias criam vida. Descubra agora