Capítulo 1

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Allana

Quem me dera se a vida fosse perfeita, daí eu não precisaria tá subindo esse morro gigante debaixo desse sol de quarenta graus fritando minha mente. Quando estava passando perto da boca logo vi o WL fumando do lado de fora.

E do lado dele estava o Terror, motivo de muitas calcinhas molhadas e muitas cabeças raspadas, Deus me livre. O que tinha de gostoso também tinha de ruim.

Terror estava com seu fuzil atravessado nas costas e com a blusa jogada no ombro, tinha um baseado entre os dedos. Maravilhoso como sempre, né atoa que as doidas se matam por ele.

- Disfarça, todo mundo já percebeu que você tá babando aí, otária. - Tomei um puta susto com o WL do meu lado, que horas esse garoto levantou de lá?

- Babando sua cara, tô babando nada, idiota. - Olhei de novo pra onde o Terror estava e dessa vez ele me encarava totalmente sério.

Morri de vergonha, desviei rapidamente o olhar e virei pro WL, espero que o Terror não tenha percebido pra depois não dá merda.

- Qual foi, sobe aí que eu te levo na sua goma.

- Graças a Deus, mais três passos e eu desmaio de calor.

Esperei ele subir na moto e subi em seguida, ele acelerou e dessa vez nem olhei pra trás.

Não demorou muito pra eu chegar em casa, não moro tão no alto e isso é ótimo, imagina todos os dias ter que subir até o pico andando? Tenho perna pra isso não.

Joguei minha mochila no canto do quarto e fui direto tomar um banho pra limpar o suor do corpo. Minha mãe não estava em casa, então aproveitei pra dormir a tarde toda já que hoje tem pagode.

-x-

Acordei com a porra do celular gritando, era a praga da Mila que não parava de ligar.

- Precisa ficar ligando toda hora, minha filha? Consegue esperar não?

- Bora agitar a boa, quero jogar minha bunda! - Gritou no meu ouvido.

- Meu ouvido, filha da puta. Eu tava dormindo, vou tomar um banho e me produzir.

- Quando estiver pronta me avisa pra gente se encontrar.

Desliguei a chamada e criei forças pra sair de cama, olhei o relógio e já ia dar 18 horas.

Saí do quarto pra comer alguma coisa e vi minha mãe na cozinha terminando de jogar a calda no bolo. Peguei um copo de água e fiquei olhando as notificações do celular.

- Tava só de rolê né dona Patrícia.

- Fui almoçar com o Fernando.

Terminou o bolo e eu corri pra pegar uma fatia.

- Vou sair com a Mila. Não me espera acordada.

- Não gosto nadinha de você frequentando essas festas, ainda por cima só chega de madrugada! - Cruzou os braços me olhando séria.

- Mãe, é logo ali na praça, não tem perigo.

Toda vez era o mesmo assunto, se eu for pela onda da minha mãe eu não saio nunca mais de casa, nem ando pelo morro.

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