Capítulo 9

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Allana

- Jura? - Dei um gritinho abraçando ela.

- Sai de cima, louca! - Me empurrou brincando.

- Não acredito que meus dois amores agora são um casal de verdade. - Bati palminhas, estou realmente feliz, eles sempre tiveram uma quedinha um pelo outro e eu sabia que essa pegação deles ia dar em alguma coisa.

- Ainda não sei no que vai dar, mas a gente resolveu tentar. - Explicou.

- Vocês se gostam, não vejo motivos pra não tentarem algo. - Cruzei as pernas em cima do sofá pegando meu celular.

Vi que tinha uma mensagem do Terror me chamando pra dormir na casa dele hoje e sorri com a ideia.

- Tá rindo assim por quê? Tu toma cuidado, hein. Sabe que esse cara é perigoso.

Levantei uma sobrancelha em sinal de deboche e ri.

- Falou a que é mulher de advogado, né. - Joguei uma almofada nela que riu também.

- Não! Mas você conhece o WL melhor que eu, já o Terror acho que nem a mãe dele entende ele.

- Ele tem mãe? Pensei que nem tivesse família. - Fiquei curiosa, eu realmente achava que ele fosse sozinho.

- Tá vendo, senta pra bandido e nem sabe da vida dele. - Gritou me zoando.

- Não sou fofoqueira igual você pra saber da vida de todo mundo. - Debochei.

- WL falou que a mãe dele não mora aqui no morro, ele preferiu tirar ela daqui, algo assim. - Sentou do meu lado trazendo o balde de pipocas.

Levantei na maior preguiça e peguei dois copos de coca bem geladinha pra gente. Abri o freezer procurando a forma de gelo, como sempre o calor do Rio maltratando.

- Será que a relação deles dois é boa? - Falei alto da cozinha pra ela conseguir escutar. - Sei lá, será que eles não se dão bem e por isso ele mandou ela pra longe?

- Acho que ela foi embora por conta do perigo mesmo, o filho é dono de um morro, acaba virando alvo também. - Entreguei o copo pra ela e enchi minha boca de pipoca, amo.

- Ela não deve vir muito aqui no morro, nunca ouvi falar. - Dei de ombros.

- Você não conhece ninguém, Allana, parece até que não mora aqui.

- Eu sou uma menina preservada, não sou de ficar batendo perna atoa por aí. - Pisquei e mandei beijo pra ela que ficou me olhando com cara de sonsa.

- Tão preservada que senta pro chefe. - Jogou uma pipoca em mim. - Eai, senhorita recatada do lar, o que você vai fazer quando sua mãe souber?

Sinceramente, nem penso nessa possibilidade. Não existe nem conversa se uma coisa dessas cair no ouvido da minha mãe.

- Ela não vai saber, Mila. Enquanto eu ficar com o Terror vou manter nosso lance longe dos ouvidos dela.

- Lana, presta atenção no que você tá fazendo, hein. - Minha amiga olhou pra mim preocupada, ela conhece muito bem minha mãe pra saber que ela tem nojo de bandido, mesmo que tenha crescido na favela. - Não quero que você se ferre.

- Relaxa, Mila. - Peguei o controle procurando um filme. - Ninguém vai ficar sabendo de nada.

- Então tá bom.

Camila não insistiu no assunto, ela sabe que eu sou capaz de tomar minhas próprias decisões e sempre respeita. Mesmo se alguma coisa que eu fizer não agradar, ela sempre me aconselha e me apoia.

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