Capítulo 7

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Allana

Alguns dias se passaram e como a vida não é um morango voltei a frequentar as aulas, ninguém aqui quer ser reprovada no último ano, certo?

Depois de subir esse morro eu merecia um açaí pra compensar, paramos na barraquinha pra comprar logo um copão pra refrescar.

- Acho que emagreci uns cinco quilos só subindo isso tudo, olha tá dando não. - Mila reclamava enquanto prendia o cabelo.

E eu já tava com a boca ocupada, nem perdi tempo pra colocar meu açaí pra dentro.

- Credo, Allana. Vai ficar gorda.

- Duvido. - Falei terminando de engolir. - Gostosa sempre, mas gorda nunca.

- Quero ver falar isso quando estiver do tamanho da Kelli. - Falou da vizinha dela que tinha o corpo lindo, mas depois ficou gorda do nada e nunca mais voltou com o corpo de antes.

Aí já viu, né? Foi motivo da gente já começar aquela fofoca marota. Fofoca não, eu diria que é uma troca de informações.

Olhamos pra trás de nós ao ouvir o ronco de uma moto pertinho, Mila revirou os olhos vendo que era WL. Ele estava vindo em nossa direção e ela tratou de voltar a comer seu açaí quieta.

Ele todo abusado já chegou tomando o açaí da minha mão e enfiou duas colheradas de uma vez na boca.

- Pagar ninguém quer, né. - Reclamei mesmo, meus últimos oito reais, poxa.

- Sai daí, pão dura. Depois te pago um pote de um litro pra você não reclamar.

- Agora você tá falando minha língua. - Bati palminhas animada. - Vou cobrar, hein.

- Interesseira da porra. - Resmungou.

Ele ficou olhando pra Mila por uns instantes e ela seguiu plena fingindo que ele nem tava ali.

- Que foi, Camila? Que cara é essa? Teu açaí tá azedo? - Mila lançou um olhar fulminante pra ele que quase o partiu no meio.

- A única coisa estragada que tô vendo aqui é você! - Levantou pegando sua mochila no banco. - Tô indo pra casa Lana, depois nós se fala.

- Me manda uma mensagem quando chegar. - Me despedi vendo ela se afastar sem nem olhar pra cara do WL.

- Ih, qual foi da mandada? - Sentou do meu lado me devolvendo meu açaí.

- Não sei, eu que te pergunto. - Joguei verde.

- Tô nem entendendo esse teu deboche.

- Você ficou desfilando pelo baile com a garota lá, Camila ficou chateada.

- Porra. - Passou a mão no rosto. - Mas ela sabe que nós não tem nada, po.

- Ela entende isso, WL, mas achou falta de consideração você nem se importar do que ela ia sentir vendo.

- E o que eu posso fazer, caralho?

- Aí você vai ter que conversar com ela, não vou me meter em assunto de vocês dois.

- Tô ligado, vou bater um lero com ela.

Joguei o copo vazio no lixo ali perto e me estiquei, deu minha hora de ir pra casa se não minha mãe ia falar pra caralho que eu saio da escola e fico de rolê.

- Me deixa ali em casa, faz esse favorzinho aí. - Peguei minha mochila pendurando de um lado do ombro.

- Bora, oh folgada.

-x-

Fechei a porta de casa e vi minha mãe na maior agitação, tinha roupas espalhadas pela sala e eu não tava entendendo nada.

GatilhoOnde histórias criam vida. Descubra agora