Um

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Irritada, exausta, Taylor entrou em seu apartamento de cobertura. O jantar de trabalho com seus executivos de marketing se prolongara até depois da meia-noite.
Poderia ter voltado para casa então, lembrou a si mesma enquanto tirava os sapatos. Mas não. Seu escritório ficava no caminho entre o restaurante e seu apartamento. Simplesmente não foi capaz de evitar entrar e verificar mais uma vez os novos designs, e
checar pela última vez a propaganda anunciando a grande abertura.  Ambos precisavam de ajustes. E, realmente, pretendia apenas fazer algumas anotações, rascunhar um ou dois memorandos.

Então, por que estava tropeçando em direção ao quarto às 2h? perguntou a si mesma.   A resposta era fácil: ela era compulsiva, obsessiva. Era, concluiu Taylor, uma idiota.

 Particularmente porque estava trabalhando desde as 8h, num café da manhã de reunião com diversos responsáveis pelas vendas na Costa Leste. Sem problema, garantiu a si mesma. Sem problema nenhum. Quem precisava dormir? Certamente não Taylor Swift, a mulher dínamo de 31 anos de idade que atualmente estava expandindo a  Swift Industries, abrindo um novo caminho para os lucros. E haveria lucros. Dedicara toda a sua habilidade, experiência e criatividade na construção da Lady's Choice, desde a ideia inicial. Antes do lucro, houve a excitação da concepção, nascimento, crescimento, aqueles primeiros fluxos de medo e prazeres de uma companhia em seus primeiros passos, descobrindo seu próprio caminho. Sua nova companhia, pensou ela com satisfação, cansada. Seu bebê.

Cuidaria dele, ensinaria e alimentaria... e, sim, quando necessário, ficaria acordada até as 2h da manhã.

Um olhar ao espelho sobre a cômoda revelou que mesmo um dínamo precisava  descansar. Seu rosto perdera tanto a cor natural como a produzida pela maquiagem, e parecia frágil e pálido demais. O simples nó que mantivera seu cabelo seguro atrás, e que começara a noite parecendo sofisticado e chique, agora apenas enfatizava as sombras que lhe circundavam os olhos azuis. Como era uma mulher que se orgulhava de sua energia, deu as costas à imagem no
espelho, soprando as mechas douradas que lhe caíam nos olhos e movendo os ombros para amenizar a tensão. De qualquer maneira, tubarões não dormem, ela pensou. Até
mesmo tubarões do mundo dos negócios. Mas este estava muito tentado a cair na cama completamente vestido.

Não faria isso, pensou, e tirou o casaco. Organização e controle eram tão importantes para os negócios como uma boa cabeça para números. O hábito de uma vida inteira a fez
se dirigir para o closet, e estava pendurando o xale de veludo num cabide quando o telefone tocou.
Deixe a secretária eletrônica atender, ordenou a si mesma, mas, na segunda vez em que o telefone tocou, ela já estava segurando o aparelho.

— Alô?

— Srta. Swift?

— Sim? — O aparelho bateu nas esmeraldas do brinco. Estava levantando a mão para removê-lo quando o pânico na voz a fez parar.

— É Jim Banks, srta. Swift. O vigia noturno do depósito da zona sul. Estamos com problemas aqui.

— Problemas? Alguém invadiu o depósito?

— É um incêndio. Deus do céu, srta. Swift, o lugar todo está queimando.

— Incêndio? — Levou a outra mão ao aparelho, como se ele fosse pular de sua orelha. — No depósito? Havia alguém no prédio? Há alguém lá dentro?

— Não, senhora, só eu. — A voz dele tremeu, sumiu. — Estava no térreo, na sala do café, quando ouvi uma explosão. Deve ter sido uma bomba, ou alguma coisa assim, não sei. Chamei os bombeiros.

Agora ela podia ouvir outros sons, sirenes, gritos.

— Você está ferido?

— Não, eu saí, eu saí. Mãe de Deus, srta. Swift, é terrível, é completamente terrível.

Amor & fogoOnde histórias criam vida. Descubra agora