Capítulo 6

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Eu acho que gritei, porque a mulher, Rachel, tapou minha boca rapidamente. Meus olhos se arregalaram e eu resisti ao instinto de morder a mão dela.

-Quer que eles venham atrás de nós com espadas e flechas? - ela disse, rindo.

-Você não é uma semideusa - falei como se fosse óbvio.

-Não, bobinha. Eu sou uma mortal, que enxerga através da Névoa. Ah, e também sou o Oraculo de Delfos. - ela falou olhando-me curiosamente.

-Existe... Existe uma profecia sobre mim, não é? - perguntei sem poder respirar direito.

Ela me encarou, os olhos verdes brilhando sob o brilho do sol. Seus cabelos ruivos eram pesados e brilhavam, parecendo ter vida própria. Ela era ao todo uma figura engraçada, algo que se agravava pela presença de tinta verde na blusa e nos cachos dela.

-Anne Rivers. Me de sua mão - ela pediu. Hesitei e coloquei minha mão o mais longe dela o possível -Não vou arrancar fora, garanto.

Estiquei minha mão e ela segurou. Um toque firme e seguro. Por uma fração de segundos eu observei, irritada, enquanto a menina fechava os olhos verdes e segurava minha mão. Então, como mágica, o local ao nosso redor se enxeram de névoa verde. Sem poder enxergar nada além dela, soltei um grito de horror. Ela abriu os olhos que estavam completamente brancos e abriu a boca, soltando mais névoa verde.

-Lutarás contra o garoto que teve a infancia tirada
Irá restaurar a paz que dos olimpianos foi roubada.
Retornarás com as palavras para a salvação de um,
Mas só encontrará a resposta em seu coração.

Ela terminou. Ficou parada me encarando, com os olhos arregalados. Ela parecia tão ou mais assustada que eu. Soltou minha mão imediatamente e senti como se tivesse acabado de levar um choque.

-Anne, eu preciso falar com você... - Terence se aproximou saindo do nada mas parou assim que viu Rachel -Senhorita Dare. O que está havendo?

-Oi Terence - ela parecia desorientada. Continuava a me encarar e eu tentava desviar o olhar para outro lugar. Olhei para Terence mas olhar para ele era ainda mais desconfortante.

-Aconteceu alguma coisa? - perguntou com a voz firme.

Eu respondi não ao mesmo tempo que Rachel respondeu sim. Terence nos olhou, confuso, mas sua expressão ficou cada vez mais lívida. Ficou pálido e encarou Rachel com repreensão.

-Ela já sabia sobre a profecia. Eu só recitei de novo - ela disse, levantando as mãos pro alto, em forma de rendição. Terence olhou para mim, espantado e irritado.

-O quê? - ele falou -Como sabia?

-Existe uma profecia sobre mim! - respondi, no mesmo tom grace -Esperavam manter em segredo por quanto tempo?

Terence abriu e fechou a boca várias vezes. Então suspirou e enterrou a cabeça nas mãos parecendo frustado. Agora Rachel parecia arrependida e me olhava irritada como se fosse tudo minha culpa. Sim, como se eu fosse capaz de conjurar névoa verde do nada e pudesse forçá-la a ficar com olhos brancos assustadores e falar uma profecia louca sobre mim.

-Quer saber? - eu falei, irritada -Isso é rídiculo. Eu estar aqui é rídiculo. Essa história toda é ridícula! E eu vou embora.

Comecei a correr como uma louca, tentando achar a saida daquele hospício. No calor dos meus sentimentos (ou pelo menos era essa a minha desculpa por agir que nem doida), acabei trombando com um menino e nós dois acabamos no chão.

-Tentando fugir? - ele disse, com um tom brincalhão na voz. Bryan.

-Na verdade, estou sim e você está atrapalhando minha fuga dramática se não percebeu. Com licença.

Tentei me soltar mais ele me segurou mais forte. Encarei ele irritada. Ele tinha um sorriso estúpido no rosto e parecia achar minha fuga dramática muito engraçada.

-Me solta - gritei bem alto, fazendo um grande drama e atraindo muita atenção -Socorro! Esse homem está me sequestrando! Me solta, Bryan!

-Acho melhor não - disse uma voz atrás de mim. Clary. -Obrigada por segurar a louca, Bryan.

-Quando eu vou conseguir fugir sem ser perseguida ou segurada por alguém? - perguntei exasperada.

-Nunca - disse Clary, com um sorriso. -Venha, An.

-Clary, ela me falou - eu disse. Estava compreendendo o que Rachel havia dito e estava assustada pela primeira vez -Rachel me contou.

A expressão de Clary mudou para algo como pena... É, era pena. E arrependimento. Ela havia me contado da profecia e por isso eu teria que sair em uma missão suicída.

-Anne, você... - começou Bryan, o olhar indo de mim para Clary e de Clary para mim -Clary, Rachel...

-Recitou a minha profecia - completei. Clary mordeu o lábio inferior, com tanta força que eu achei que fosse sangrar. -E Terence ouviu.

Clary revirou os olhos. Agora ela estava irritada. Querida, a única que tem direito de raiva nesse role sou eu, ok?

-Teremos uma reunião. Ótimo. - suspirou Clary.

-Como sabe? - perguntei. Reunião nunca pode ser alfo legal.

-Achei que você era a melhor amiga dele. Achei que ao menos o conhecesse - falou Clary, erguendo as sombrancelhas.

-Eu também achava - murmurei, mas Clary não ouviu.

Uma menina com cabelos castanhos claro e olhos caramelo se aproximou de nós, com um sorriso pequeno esboçado em seus lábios.

-Gaby - disse Bryan -O que quer?

-Calminha maninho - ela sorriu, travessa -Só vim me certificar de que suas amigas vão na reunião.

-Gabriela, você deveria estar pagando pelos seus erros agora não é? - disse Clary, de modo cruel. A menina deu de ombros.

-Já estou ferrada mesmo. - ela olhou para mim -Quem é Bryan? Sua nova namorada?

-Gabriela! - gritou uma voz, se aproximando. Era Jack. -Pode voltar para a cozinha por favor?

Gaby xingou baixinho e saiu murmurando algo tipo "nunca mais vou fazer pegadinhas com Quiron".

-Anne - disse Jack -Podemos conversar?

-Claro Jack - falei, fingindo um sorriso.

-Na verdade Anne, - completou ele - vamos conversar na casa grande.

É, eu estava totalmente ferrada.

Diario da filha do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora