Capítulo 07

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POV Bárbara

Sou despertada quando ouço o infernal som do alarme do meu celular, preciso trocar esse toque, não aguento mais. Levanto sentindo a minha cabeça explodindo e olho ao meu redor, estou no quarto de Thaiga. Sento na cama e vejo que são 06:05, visto a minha camisa que estava jogada no chão e vejo a garota ruiva abrir a porta da varanda e voltar de lá com um beck entre os dedos e os cabelos levemente bagunçados.

— Bom dia, Bárbara Passos! — Ela diz.

— Bianca, 6 da manhã e você já assim...

— Desculpa, tava com dor de cabeça e o remédio acabou aqui em casa — Senta ao meu lado e me olha, suspiro cansada e tomo o cigarro de sua mão dando uma tragada em seguida.

— Na próxima crie uma desculpa melhor — Fico em pé e apago o fogo jogando na pequena lixeira do quarto.

— Ei! — A garota ruiva reclama.

— Droga, preciso trabalhar.

— Você é uma hipócrita, sabia?

Vou ao banheiro sem dizer nada. Tomo um banho e quando volto, a vejo se arrumando. Procuro pelo resto das minhas roupas.

— Pra onde vai? Você não tem aula hoje — Pergunto quando ela vai em direção ao seu closet, voltando com um tênis na mão.

— Academia — A olho estranho. Não é muito normal ter uma Bianca disposta a fazer exercícios as 6 da manhã. — Pare de me julgar, deu vontade de ir.

— Mas não estou te julgado, garota.

— Eu conheço essa cara — Vem em minha direção e deixa um beijo em minha bochecha. — Tchau!

Sai sem me dar a chance de responder e continuo me vestindo. Depois de arrumada, tomo café da manhã com o Sr. Junior e Sra. Rose e vou para o ponto de ônibus, depois de negar todos os pedidos deles para que o motorista me deixasse em casa.

Chego a tempo de ver Gilson já fechando a porta do nosso apartamento para ir ao trabalho.

— O chefe vai te matar.

— Eu sei, eu sei, mas tô fingindo que não. Só vou trocar a camisa, espera.

Em menos de 5 minutos estou ao lado do meu amigo novamente. Fazemos o caminho de sempre, cumprimento os meus amigos e colegas de trabalho, busco minhas encomendas e sigo para a famosa Marechal. Por sorte não dei de cara com o supervisor. Depois de conversar um pouco com o senhor Lira, vou à casa dos Voltan's.

Toco a campainha e fico em real surpresa quando uma jovem de cabelos da cor de mel que vão até o meio de suas costas abre a porta. Seus olhos castanhos me olham atenta.

Então ela que é a Carolina Voltan? Me animo com essa hipótese. Finalmente, Deus!

— Oi? — Assim que ela fala percebo que fiquei alguns segundos a mais que o normal em silêncio a olhando.

— Ah, oi — Estendo dois pacotes para a mulher. — Aqui está. Você é linda — Falo a última parte mais baixo mas ela parece ouvir.

— Obrigada, mas olha... Eu sou hétero, sabe? Mas podemos tentar algo... — Encosta-se no batente da porta.

— N-Não, não — Me apresso em explicar. — Eu não quis dizer desse jeito, desculpa, só tô te elogiando mesmo, não quero nada contigo.

Meu Deus! O que eu tenho na cabeça?

Ela me olha sorrindo.

— Você é fofa. Relaxe, mulher, só estava zoando com a sua cara.

Suspiro aliviada.

— Você é Carolina Voltan?

— Não me ofenda desse jeito, eu sou bem mais legal que ela — Sorri brincalhona. — Sou Marcela, prazer.

— Prazer, Marcela. Você mora aqui? — Ela acena negativamente. — Preciso que alguém que more aqui assine, pra não dar problemas depois.

— Ah tá. Carol! Você que tem que assinar! — Ela grita da porta.

— Ai Lince, assina aí que eu tô fazendo isso aqui e não posso parar. Fala pra moça que você é de confiança — A Carolina grita de volta do interior da casa.

Vamos, garota, eu não quero que sua amiga assine, quero que você venha.

— Você é burra ou se faz, Carol? — Volta a olhar para mim. — Espera, eu vou chamar alguém que trabalha aqui, é melhor.

Droga!

Na verdade, a Marcela até poderia assinar, só queria que a Carolina viesse até aqui, queria vê-la.

Marcela entra e logo uma mulher me cumprimenta e assina no local designado. Me despeço de ambas e vou embora.

POV Carolina

— Até que essa entregadora é gatinha, viu? — Minha amiga volta ao sofá e deixa as entregas na mesa de centro.

— É? Nunca a vi.

— Como não? Você vive comprando coisa.

— É que sempre que ela vem ou tô na faculdade ou na empresa — Digo concentrada olhando para meu notebook dando alguns ajustes no desenho 3D de um projeto passado por meu professor.

— E hoje ela veio e você não viu.

— Ah, eu tava ocupada nisso aqui. Os nossos horários nunca batem, deve ser o destino querendo evitar alguma coisa.

— Deixa de viagem, Carol. Se eu fosse você tentaria vê-la, parece fazer o seu tipo.

— Meu tipo? Não sabia que eu tinha um tipo... — A mulher acena que sim. — E qual seria o meu tipo?

— Ah, você sabe... Aquela pose de brava mas fofa, e ela tem um sorriso meio que de lado assim, sabe? — Demonstra o sorriso da garota. — Pode ver, a maioria das pessoas que você já teve interesse eram desse jeito. Se eu não gostasse de outra coisa, eu estaria no meu quarto com ela agora mesmo.

— Você tá falando tão bem dela... Não quer que eu marque um encontro pra vocês duas?

— Pode marcar o encontro, mas é pra você e ela.

— Nunca falei com a menina e você já nessa de encontro? — Fecho o notebook e decido terminar mais tarde.

— Amiga, mas você tá tão parada, não fica com ninguém há meses...

— Eu não tô desesperada, doida, tô bem assim. Tenho outras coisas com que me preocupar. E eu fiquei com alguém naquela festa... — Fico pensativa ao pensar naquele dia.

— O que foi? Ficou coisada do nada.

— Ai amiga, eu queria tanto saber quem beijei, pelo menos o nome dela... O beijo foi tão bom... Poderia ter aproveitado mais se alguém não tivesse bebido além da conta — Olho de forma ameaçadora.

— Não me olhe assim, não tenho culpa se você se apaixonou no beijo — Diz rindo.

— Não foi qualquer beijo. E não foi só o beijo, foi a pegada dela, o cheiro... — Relembro o momento.

— Vai ter que pegar todo mundo da faculdade pra descobrir quem é.

Expulso os pensamentos a respeito disso.

— Vem cá, você não tem nada o que fazer não? Já falou merda demais por hoje.

— Você me ama, Carolzinha. E aliás, hoje é meu dia de folga.

Ela vai em direção à cozinha e vou atrás na busca por sorvete.

Entrega para você - BabitanOnde histórias criam vida. Descubra agora