Capítulo 14

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Pov Carolina

— Que droga! — exclamei em sussurro enquanto batucava incansavelmente a ponta da minha caneta na mesa de madeira.

Estava na biblioteca da faculdade, aproveitando que um professor faltou e deixou a aula vaga, para tentar me preparar para a reunião na próxima semana.

— Senhorita Voltan! Por favor, silêncio. — Sra. Ana, a bibliotecária, me advertiu pelo barulho.

— Isso Voltan, ou para ou vou quebrar essa sua caneta. — Arthur, meu colega de turma, que estava na mesa ao lado, ameaçou.

— Cala a boca, Arthur. — ele apenas me olhou em negação e voltou a atenção ao seu livro.

Guardei a caneta para evitar futuras confusões e tentei me concentrar na tela do meu notebook.

— Vamos, Carolina! — falei me encorajando.

Eu não faço a mínima ideia de como dirigir uma reunião. Ok, exagerei um pouco, eu tenho uma ideia sim, mas uma coisa é assistir seus pais fazerem isso, outra completamente diferente, é você mesma fazer. Toda a pressão que esse momento exerce é esmagadora, ainda mais quando é um cliente importante. Se eu não conseguir meus pais me matarão... Mas a culpa não será toda minha, certo? Quem manda colocar alguém inexperiente pra isso?

— Oi, Carolzinha! — minha amiga Lince chegou batendo as mãos na mesa. — Te procurei por esse campus inteirinho.

— Senhorita Rodríguez! — Ana chama sua atenção.

— Bom dia, Ana, meu amor! Já tá brava logo cedo? — olhou para a mulher mais velha.

— Vocês têm sérios problemas em ler a placa dizendo que aqui é a biblioteca?

— Por que fazer silêncio se um dia todos nós vamos morrer? — perguntou retoricamente e franzi o cenho tentando encontrar o sentido naquilo. — Temos que levar a vida mais leve, Ana. Inclusive, você precisa me passar o número daquela moça que faz aquele bolo de pote, minha mãe amou e disse que quer mais.

— Nossa, sério? — disse entrando na onda da minha amiga, Lince é muito boa de papo, fico impressionada. — Ela é minha vizinha, vai adorar saber que Dra. Rodríguez gostou. E tem outros sabores, tá? Te passo o cardápio depois... Não desvia do assunto, Marcela! Pela milésima vez, façam silêncio, é só o que peço.

Lince deu de ombros e virou-se para mim.

— Uow, as coisas aqui estão meio pesadas — fez movimentos circulares no ar em minha direção.

— Se um caminhão me atropelasse, talvez as coisas melhorariam. — deitei a cabeça em meus braços.

— O que é isso, amiga? Era só ter falado que eu arrumava um caminhão — falou divertida sentando-se na minha frente.

— Tá engraçada hoje.

— Agora é serio, o que aconteceu pra você estar com essa cara de quem comeu meio quilo de bosta? — dou uma pequena risada com a comparação que ela fez. — Ah não, lá vem. — olhou para o corredor com as grandes estantes cheias de livros.

Levantei a cabeça e era Samuel andando em nossa direção.

— Qual foi, Level? Vai chamar a Carol pra sair de novo? — minha amiga se adiantou.

— Por que acha isso?

— É só o que você faz, vive chamando todo mundo pra sair. E nunca me chama.

— Porque você é chata, prefiro poupar a minha paciência — ele disse com as duas mãos espalmadas na mesa.

Apenas fiquei olhando a cena, achando graça, não é de hoje que acontece essas faíscas entre eles.

— Assim você me ofende, garanhão. — o tom sarcástico era palpável na voz da minha amiga. — Amiga, você vai deixar ele me chamar de chata?

— Ele tá errado? — pergunto com um sorriso no rosto e ela finge que ficou ofendida.

— Samuel, você deveria sair da minha vida. Só causa discórdia.

— Shh!!! — Arthur pediu silêncio por cima do livro que estava lendo. Olhei em sua direção e revirei, minimamente, os olhos.

— Chega vocês dois! — disse quando vi que Samuel iria rebater a minha amiga. — O que você queria, Level?

— Vamos sair nesse sábado? Vou com alguns amigos para praia. — ignorou Lince que estava tentando não rir.

— Bem que eu queria, mas não posso, estou cheia de coisas pra fazer.

— Tudo bem, conversamos depois — disse parecendo um pouco decepcionado.

Apenas acenei com a cabeça e voltei a atenção para minha amiga, que me olhava curiosa.

— Desembucha logo.

— Meus pais viajarão à trabalho semana que vem e terá um encontro importante com sócios e um cliente, logo na segunda-feira...

— E?

— Sabe quem eles colocaram pra dirigir a reunião? — virei o dedo para mim. — Eu. — ela me olhou levemente surpresa. — E agora eu tenho que me virar pra dirigir a porra de uma reunião.

— Nossa, amiga, que responsabilidade. Eles não poderiam colocar algum sócio pra fazer isso, não?

— Poderiam, mas não quiseram.

— Por que não pede a ajuda deles pra montar seu roteiro?

— Minha mãe falou que eu tenho que me virar.

— Então vá até um sócio que você tem mais intimidade. Peça ajuda pra montar o roteiro ou, se quiser, pode até dirigir boa parte da reunião, você apenas dá os pontos chaves.

É por isso que amo essa garota, ela é genial!!! Como eu não pensei nisso antes? Minha mente estava tão focada no problema que não procurei as soluções. Tenho pena de você, Carolina, tão burrinha.

— Lince, eu te amo demais! — falei alto empolgada e recebi um olhar repreendedor de Ana. — Desculpa! — sussurro para ela. — Tchau, tenho que resolver isso.

E assim fiz quando saí dali, liguei para um dos sócios, Sr. Duarte, era o que eu mais tinha contato, desde que me conheço por gente lembro desse homem estar na minha vida, mas infelizmente, informou que estava em período de férias com a família.

Por um instante, aquilo me desmotivou, porém lembrei dela, a sócia mais jovem da empresa. Regina González. Eu não sei o que aquela mulher tinha, mas me deixava de pernas bambas, muitas vezes já evitei de falar com ela por não conseguir formular frases coerentes com aqueles olhos quentes em mim. Aquele olhar dela... Tremo só de pensar. Ok, falaria com ela assim que possível.

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