Interrogatório

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Os bons momentos sempre passam mais rápido do que queremos....

Quando os guardas entraram e levaram Cooper eu fiquei sem reação, vi tudo em câmera lenta e não consegui me mexer. Quando foram embora foi que destravei e parti em disparada para a porta, por alguns segundos gritei por Coop, mas não derramei lágrimas e muito menos implorei, quando me conformei com o fim do meu bom momento voltei para a parede paralela com o vidro, me encostei com a mão direta ali e a esquerda na cintura, minha cabeça estava abaixada enquanto respirava fundo.

" Pronta para falar Sarah?" A voz da Natasha enche o quarto, me viro lentamente com um sorriso arrogante no rosto, estou cheia da SHIELD.

" Sempre estive pronta para falar agente Romanoff" sou simples ao falar, colocando o máximo de verdade na fala, afinal é verdade.

" Então por que não falou?" Ela estava sendo dura, mas eu sentia sua curiosidade alí.

" Nunca foram as pessoas corretas, as atitudes, as perguntas...." Deixo aquilo no ar antes de acrescentar " Pense bem no que quer perguntar primeiro agente Romanoff, talvez consigamos ter uma conversa interessante para ambos os lados." Meu sorriso ainda prevalecia e agora estava encostada de braços cruzados na parede, olhando para mim mesma no reflexo do espelho/vidro.

" Como você nasceu?" Sério que essa é a primeira pergunta dela? Bom, é válida já que graças a sala vermelha ela não pode ter filhos.

" Lá eles retiraram alguns dos seus ovulos e congelaram, quando foi de interesse deles usaram o esperma de Marcus Petrovich e me criaram" falo simples, não precisava falar o que era 'lá' pois ela sabia que eu falava da sala vermelha.

" Quando matou pela primeira vez?" Demorou alguns segundos para que fizesse a segunda pergunta, mas quando o fizeram realmente me surpreendeu, mas não deixei transparecer.

"Minha primeira missão foi aos 7 anos, mas matei pela primeira vez aos 6 e meio." Me disencosto da parede e vou pro meio da sala, ainda de mãos cruzadas.

" Você parece saber muito sobre a formatura, já passou por ela?" Essa foi uma pergunta para dezistabilisar, mas me mantive neutra com um toque de tédio.

" Passei por ela perto dos meus 15 anos, Cooper também." Sabia que os havia pego de surpresa pela demora que estava acontecendo para a próxima pergunta, só não sei se isso é bom ou não.

" O que acontece com você quando a música toca?" Diferente das anteriores quem fez essa foi Clint, por um momento pensei em me recusar a responder, mas decidi que isso pareceria apenas birra.

" A lavagem cerebral nunca funcionou comigo ou Cooper, durante o dia éramos bailarinos, mas a noite sempre lembramos de tudo por meio de pesadelos, foi assim que descobrimos que eu tenho algo parecido com uma segunda personalidade, foi entre 15-16 anos que não só os pesadelos, mas memórias que não eram minha começaram a me atormentar, demorou um pouco porém descobrimos sobre a outra Sarah, a nomeamos Sarah Petrovich, uma assassina cujo único objetivo é infligir dor, nunca poupando ninguém." Paro pra respirar e percebo que estou muito tensa, relaxo os ombros, olhos e mãos e continuo " aprendi a colocar ela em um buraco na minha mente, mas com a música torna tudo mais difícil, eu não queria machucar aqueles agentes, mas eu estava tão cansada que a deixei tomar o controle... Eu até estava começando a gostar do caolho e daquela mulher que sempre o acompanha." Eu novamente me encontrava tensa, mas deixei que minhas unhas se gravassem na pele dessa vez, senti um pouco de sangue escorrendo das minhas palmas e só aí eu relaxei.

O silêncio reinou por 5 minutos e isso resultou na minha aproximação da cama hospitalar, me deitei e estava prestes a dormir quando Natasha fez mais uma pergunta.

" Por que está falando com a gente agora?" Bom, era uma pergunta válida e com o cansaço que estou sentindo eu respondo qualquer coisa se eu puder dormir.

" Eu disse, eu estava começando a gostar do piratinha e sua imediata..." Ela me interrompeu.

" Anos como assassina e resolveu ter remorso agora?!" talvez tivesse um pouco de zombaria naquela fala, mas sua voz era tão indiferentemente neutra que eu me confundia.

" Todos que eu matei assombram-me quando vou dormir agente Romanoff, mas os cadáveres que a Petrovich deixou-me, eles assombram meus dias...." Deixando aquilo no ar me viro de costas para o espelho e fecho os olhos tentando dormir, mas antes de cair em um sono profundo eu sinto os olhares por trás do espelho aos poucos sumirem, me indicando que o interrogatório acabou por enquanto.

Acordo em um lugar diferente, novamente, é parecido com um calabouço, paredes de pedras e uma parede inteira como grade, a única coisa que tinha no local é a cama militar baixa em que estou me sentando com dificuldade. Me sinto entrevada, como se tivesse dormido por muito mais tempo do que estou acostumada.

Observo as coisas ao redor com curiosidade, passadas algumas horas um guarda chegou e me entregou o que poderia ser chamado de almoço. Depois de mais algumas horas eu já estava exausta de tanto fazer flexões e abdominais para passar o tempo, fui me deitar e só acordei quando outro guarda me trouxe o jantar. Ficamos nessa rotina por talvez uma semana, eu era educada com os guardas, não para arranjar um jeito de escapar e sim porque eu estou decidida a mudar, meus treinos estão ficando mais intensos porém meus cochilos estão durando mais também.

Acho que era o 9° dia quando um fantasma foi falar comigo...

Eu estava fazendo abdominais de costas para a entrada da cela quando escuto uma voz que nunca imaginei ouvir novamente.

" Sentiu saudades?!"

Me levanto e viro assustada, quando olho para frente um misto de emoções passam por mim, de alívio a uma raiva anormal, mas principalmente surpresa.

Afinal eu não esperava ver aquele negro careca e caolho novamente...

Esse foi o capítulo de hoje, espero que gostem. Bjs!

Os filhos de Natasha Romanoff e Clintt Barton.Onde histórias criam vida. Descubra agora