Prólogo

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PARTE I - CADU

“You have flipped my view

Yeah, I'm not used to these changes

All these brand new feelings I can't explain

But somehow I like it 

Upside Down – Tori Kelly

 

Se você me pedisse para dizer o nome de uma mulher bonita, eu diria Gisele Bündchen. Se escolhesse uma mulher gostosa, sem dúvidas seria a Megan Fox. Mas se a sua pergunta fosse “existe uma mulher perfeita?”, eu apenas sorriria orgulhoso e diria que sim. O nome dela? Penélope. Ou apenas Penny. Como a famosa canção dos Beatles - minha preferida, diga-se de passagem.

            Não. Ela não é uma música, nem uma modelo famosa. Muito menos uma atriz de Hollywood. Penélope é apenas a garota mais incrível que os meus olhos já avistaram. E naquele exato momento eu a observava imóvel, enquanto seus lábios pareciam se contorcer, anunciando a trovoada que deixaria cair por sobre mim.

Quando ela arqueou as sobrancelhas e pousou as duas mãos na cintura, fazendo aquela expressão capaz de me despertar uma crise de risos ou congelar meus movimentos, prendi a respiração. Seus olhos verdes como o mar pareciam congelar meu corpo inteiro.

- Idiota - sibilou entre dentes.

- Bruxa - rebati.

- Burro.

- Birrenta.

- Feio.

- Desculpa, não posso dizer o mesmo. Você é muito gata.

- Pervertido - ela respondeu mostrando a língua e dando-me as costas.

Minha namorada. Sim, eu era um cara de sorte. O que não negava o fato de que ela era literalmente um furacão. Voluptuosa, forte e devastadora como uma tempestade. E, se eu a conhecia bem, aquilo ali era só o começo.

- O que quer que eu faça? - me aproximei, abraçando-a por trás e beijando sua tatuagem de estrela no pescoço. Puxei seu rabo de cavalo mais para cima, arrancando-lhe uma risadinha baixa.

- Eu não sei - minha tempestade particular me encarou, as mãos subindo das costas para o meu cabelo, puxando pequenos tufos enrolados. - Não pode simplesmente me deixar aqui, não é justo!

Bufei. Ou estávamos rediscutindo a velha baboseira de sempre, ou ela tinha finalmente conseguido queimar meus neurônios com seu jeito bipolar de tentar me convencer. Não importava. Ela sempre teria a razão, no fim das contas.

- Não quero começar isso de novo...

- Quatro anos, Cadu! Não são quatro dias. Não é mais uma das suas turnês decadentes - fez biquinho, provocando em mim uma gargalhada deleitosa.

- Quatro anos é a idade que parece ter agora com essa carranca - provoquei.

Ela chegou mais perto e mordeu meu lábio inferior. Estremeci com seu toque caloroso.

- Chantagista.

- Não pareço mais uma criança agora, não é?

Sorri e deixei que nossos lábios se fundissem até que o calor percorresse meu corpo inteiro e depois me afastei quase sem fôlego. Se fôssemos por aquele caminho, o prejuízo no fim seria meu. Com toda a certeza.

- Não posso simplesmente recusar. É a faculdade, Penny, não mais um dos meus “shows idiotas” - zombei do seu pouco caso, fazendo aspas com os dedos.

- Ok – abanou as mãos num gesto desdenhoso. - Podemos não falar mais sobre isso?

- Como quiser, vossa majestade.

Ela revirou os olhos e me empurrou para longe.

Agarrei-a com força e joguei no tapete, fazendo cócegas em sua barriga lisa e arrancando uma risada gostosa, o oposto da loucura desvairada de segundos atrás.

Era assim que nos resolvíamos. E é claro que nada ficou resolvido. Eu não me daria por vencido tão facilmente. Muito menos ela.

Eu era teimoso. Penélope era mandona, egoísta e doida. Mas era minha.

PenélopeOnde histórias criam vida. Descubra agora