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Havíamos deixado a lança de Thalia lá embaixo, por isso tínhamos apenas uma arma — meu taco de golfe. Eu o brandi na direção do velho, mas ele não fez qualquer movimento ameaçador. Parecia tão pesaroso e deprimido que não fui capaz de agredi-lo.
— É... melhor se ex... explicar — gaguejei. — Por que... como... o que...?
Como pode ver, sou bom com as palavras.
- Você só está nervoso querido. - disse Natalie olhando para o lado notando o banquinho da poltrona que era de seu pai, a loira analisava o quanto teria que se esticar para alcança-lo.
Frederick se levantou pegando o banquinho e colocando na frente da irmã que sorriu enquanto colocava os pés ali.
Atrás das grades, o monstro estalou o maxilar ósseo.
— Entendo sua confusão — disse ele com a voz do velho. O tom simpático não combinava com o brilho homicida em seus olhos. — A criatura que você vê aqui é um leucrota. Ele tem talento para imitar vozes humanas. É assim que atrai a presa.
Meu olhar foi do homem para o monstro, do monstro para o homem.
— Mas... a voz é sua? Quer dizer, do cara no terno de pele de cobra... Estou ouvindo o que ele quer dizer?
— Isso mesmo. — O leucrota suspirou profundamente. — Sou, como você diz, o cara no terno de pele de cobra. Essa é minha maldição. Meu nome é Halcyon Green, filho de Apolo.
- Filho de Apolo? - Randolph perguntou surpreso.
- Já odeio ela. - disse Natalie.
Thalia cambaleou para trás.
— Você é um semideus? Mas é tão...
— Velho? — completou o leucrota. O homem, Halcyon Green, analisou as mãos manchadas como se não conseguisse acreditar que eram dele. — Sim, eu sou.
Eu entendia a surpresa de Thalia. Conhecemos alguns outros semideuses em nossas viagens — alguns simpáticos, outros nem tanto —, mas todos eram jovens como nós. Nossa vida era tão perigosa que eu e Thalia deduzimos ser improvável que um semideus sobrevivesse até a vida adulta. Mas Halcyon Green era velho, com uns sessenta anos, pelo menos.
— Há quanto tempo está aqui? — perguntei.
Halcyon deu de ombros, desanimado, e o monstro falou por ele.
— Perdi a conta. Décadas? Meu pai é o deus dos oráculos, por isso nasci com a maldição de ver o futuro. Apolo me preveniu para ficar quieto. Ele me disse que eu nunca deveria divulgar minhas visões, porque isso enfureceria os deuses. Mas há muitos anos... eu simplesmente tive que falar. Conheci uma garota que estava fadada a morrer em um acidente. Salvei a vida dela revelando seu futuro.
Eu tentava me concentrar no homem, mas era difícil não olhar para a boca do monstro — para os lábios negros, os maxilares ossudos.
— Não entendo... — Fiz um esforço para encarar Halcyon. — Você fez uma boa ação. Por que os deuses ficariam furiosos com isso?
- Também gostaria de saber. - disse Natalie desconfiada, essa história não faz muito sentido.
— Eles não gostam que mortais interfiram no destino — disse o leucrota. — Meu pai me amaldiçoou. Ele me obrigou a usar estas roupas, feitas com a pele de píton que no passado guardou o Oráculo de Delfos, como um lembrete de que eu não era um oráculo. Ele me tirou a voz e me trancou nesta mansão, na casa onde passei minha infância. Depois os deuses enviaram os leucrotas para me vigiar. Normalmente o leucrota só imita a fala humana, mas esses estão ligados aos meus pensamentos. Eles falam por mim e me mantêm vivo como uma isca para atrair outros semideuses. É uma forma de Apolo me lembrar eternamente que minha voz só conduziria outras pessoas à ruína.
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Chase's lendo sobre seu filhos
FanfictionReunidos contra a própria vontade, os Chase's estavam a velha mansão da família residência do mais velho dos três irmãos, Randolph Chase, par descobrirem sobre o destino das crianças da família.