Capítulo 1 - O início

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História antiga


Aos 14 anos fui morar em Seattle com meus pais, não gostei nem um pouco de abandonar meus amigos, no entanto o que se poderia fazer quando seu pai era um diplomata?



Eu estudava em um dos colégios mais caros, logo fiz um grupinho de amigos.  Após um mês, um casal de irmãos entrou em nossa classe... Não sei o motivo de todos os rejeitarem, se era por causa de suas bagunças ou pelo fato dos dois serem muito mais bonitos que a maioria, obviamente achava uma besteira afastá-los por serem bonitos, confesso que a menina de cabelos ruivos era muito adorável.



Archer Forbes Montgomery era um garoto diferente, arrumado demais para a idade que tinha, mas era do tipo excêntrico. No entanto Addison Forbes Montgomery era calada, sempre estudando, tão magrinha e branca, seus olhos verdes eram os mais lindos que já vi. Ela me fascinava e eu não sabia muito bem o motivo. Minhas amigas os desprezavam e isso me irritava profundamente; Admirava o modo como eles se comportavam, não estavam nem aí para quem os rodeava, eram muito ligados. Nunca havia falado com eles, isso até que...


Lembro que estava observando os locais onde os irmãos Montgomery ficavam durante os intervalos a fim de encontrá-los "acidentalmente". Não sei como me distrai por um segundo e os perdi de vista. Meus olhos seguiam várias direções na inútil tentativa de encontrá-los. Lembro de ter bufado e fechado meus olhos, segurando minha frustração.

- Bôô!

 
- Haaaaaaaa! – Gritei e cai no chão. Addison estava atrás de mim e me assustara com aquele bobo "bôô" de criança.



Simplesmente não sei o que deu em mim, mas fui dominada por uma raiva fulminante, talvez pelo fato de todos estarem olhando minha roupa enlameada e rindo da minha cara de besta. Encarei-a com os olhos cheios de ódio, dizendo aos berros:

- Sua idiota! O que você pensa que está fazendo? Nunca mais fale comigo está entendendo? Saí sem olhar para trás. Depois de saber que Addison não estaria me vendo mais, corri para o local mais deserto do colégio, a biblioteca.

Depois deste dia, nós nos evitávamos, ela não olhava para mim e eu fingia não olhá-la. Nunca mais falamo-nos, apenas em casos obrigatoriamente curriculares, uma ordem dos mestres quando ficávamos no mesmo grupo. O nono ano estava terminando e o medo de nunca mais vê-la dominava-me. Como sou insana, fiz o que qualquer menina faria, peguei a máquina fotográfica de minha mãe escondida e durante o intervalo enquanto aquela boba que eu venerava estava debaixo de uma árvore sozinha refletindo com seu livro, tirei a única foto que tenho dela, até hoje.

A última coisa que lembro é do baile de formatura do ensino fundamental. Aquele dia foi sem dúvida alguma um dos piores dias da minha vida. Addison fora acompanhada por um menino simplesmente lindo que eu nunca tinha visto. Ele era um príncipe, e seu traje combinava com a elegante Montgomery. Lembro da última cena vista antes sair correndo para casa.

Um beijo, um lindo e prolongado beijo que aquele... menino furtou de Addison. Obviamente eu não tinha a menor chance, ela era obviamente hétero, como a maioria, certo? Lembro de sair aos prantos daquele baile, apenas tendo o apoio de minha amiga Cristina Yang que tentava sem sucesso algum me consolar em meio ao gramado.

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Hoje com 21 anos sei muito bem que amava aquela menina. Por que sempre fui assim? Nunca conseguia falar direito com as pessoas, ainda mais se existiam sentimentos. Assim como fiz com Addison, repelia todos que de algum modo faziam-me sentir fora de controle. Gostava de ter as rédeas.

E foi isso que consegui de Addison após aquele incidente provocado pela idiota que vos escreve ela me ignorava, tornei-me um fantasma perante os olhos mais vivos que já existiram.



No ano seguinte mudei para a Inglaterra e nunca mais procurei saber sobre aquela linda menina que eu odiara publicamente e amara secretamente.

Enfim, esse é só um texto ridículo que minha psicóloga pediu para fazer, mas não tenho a mínima ideia do porquê de fazer isso. Remoendo coisas que eu nem me lembrava mais. Por favor...

Na vida todos temos um segredo inconfessável, um arrependimento irreversível, um sonho inalcançável e um amor inesquecível.


Capítulo 1 - Estranha velhinha.



Hoje cheguei ao sul da Irlanda, agora vivo sozinha, viajo pelo mundo afora como uma nômade. Não me perguntem o porquê de viajar tantas vezes, apenas sinto que preciso encontrar algo que ainda não tenho a mínima ideia do que seja. Alguma coisa que me dê um sentido para viver, às vezes penso estar à procura da felicidade, mas isso é impossível para mim, não acredito em felicidade, apenas creio em alegrias passageiras.

Meu nome? Meredith Grey, prazer. Uma verdadeira encalhada solitária no mundo, ciente que romances só existem em livros. Formei-me em medicina, mas sinto que cursei apenas para distrair-me dos problemas. Meus pais faleceram no dia do meu aniversário de 18 anos, lembro que após aquele dia nunca mais fui a mesma; se antes eu já era fechada para o mundo, após o ocorrido virei uma caixa trancando meus sentimentos e emoções à sete chaves. Eis o motivo de minhas sessões de terapia.


Bem, cheguei até a tão sonhada Irlanda. País de lendas e mitologias muito questionáveis, em que duendes e fadas coexistiam.
Está certo, não acredito nessa bobeira, duendes, elfos e doidos são a mesma coisa para mim.

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Narrador onisciente.



Aquela pensão era o mais longe de todo glamour que a mitologia irlandesa poderia sugerir em uma viagem. Sem contar na estranha sensação de mistério que predominava no recinto. Ao fundo da recepção uma velha senhora com vestes de um conto medieval dormia. Meredith pensou duas vezes antes de acordá-la, contudo o que poderia fazer? Aquele local era uma recomendação de sua amiga, Cristina.

- Oi, senhora? Olá? - A pequena moça, dizia enquanto cutucava de leve a velha recepcionista.

Aos poucos, a velhinha fora abrindo os grandes olhos de castanhos. Apesar da idade, e de exótica, a miúda senhora parecera feliz por ver Meredith.

- Oi, eu sou...


- Meredith, certo? A senhora parecia boa no que fazia. Segundo Cristina ela era uma velha mística.


- Co, como a senhora sabia? Adivinhou? - Aos poucos a frase fora tomando forma. Meredith sorria sorrateira, talvez tentando disfarçar o susto.


- Não, Cristina me disse que você viria até a pensão. - falara a pequena velhinha divertida.


- Aqui está sua chave! Este é o quarto principal que nós temos, Cristina disse que você é uma grande amiga dela, por isso merece um tratamento especial.


- Nossa, obrigada... – Meredith seguiu rumo ao quarto, ao lado dela a senhorinha falava sobre mil assuntos e perguntava mais mil coisas...


- Meu nome é Áine, com tantas coisas esqueci-me de lhe dizer este pequeno detalhe. - Mas onde está o seu par?


- Huahuah, eu não sou casada! - Disse aos risos Meredith.


- Estranho, não foi o que pensei! Mas deixe isso para depois, agora você precisa descansar, e amanhã será um dia puxado e repleto de novidades minha querida viajante.

Áine a deixou, seguiu seu rumo enquanto Meredith abria a porta de seu quarto, ainda pensando na última frase dita pela senhorinha.


Ele era completamente diferente do que havia pensado. Havia imaginado um quarto pequeno escuro com rachaduras, como o local era por fora, contudo o quarto em que se encontrava era maravilhoso. Parecia de uma princesa da idade media. Uma lareira imponente acesa deixando o recinto mais aconchegante. A cama com dossel era toda branca em detalhes dourados. Meredith simplesmente não tinha palavras para descrever.

Era como se estivesse imergido em outra época....

Como já estava tarde, apenas vestiu a roupa que encontrara estirada na poltrona. Era branca, e estranhamente antiga. Parecia um sonho, e já que era, por que não aproveitar, certo? Pronta para deitar, ela apenas fechou os olhos claros e esperou silenciosamente por um sonho, como quando se faz para esquecer-se de um problema.


Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonham juntos é o começo da realidade.

De volta ao passado - MeddisonOnde histórias criam vida. Descubra agora